Significado funcional do gene de resposta precoce ao crescimento – EGR-1 – para a biologia do orthopoxvírus vaccinia

• Autor(a) principal: Patrícia Nogueira da Gama e Silva
• Data de Publicação: 2005
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/36242
• topic: Microbiologia; Microbiologia; Proteína 1 de resposta de crescimento precoce; Orthopoxvirus; Proteínas quinases ativadas por mitógeno

Os poxvírus são vírus que apresentam genoma DNA, dupla fita, linear e que se multiplicam exclusivamente no citoplasma de células, tanto de vertebrados, quanto de invertebrados. O orthopoxvirus Vaccínia (VV) é o protótipo da família Poxviridae, tendo a capacidade de codificar mais de 200 polipetídeos. As MAPKs (proteínas quinases ativadas por mitógenos) são importantes mediadoras de transdução de sinais e têm papel crucial na regulação de várias funções celulares como crescimento, proliferação, diferenciação e apoptose. Graças a isto, diversos vírus, como parte de suas estratégias multiplicativas, manipulam a ativação de diferentes MAPKs, como por exemplo: o vírus da hepatite B, o coxsackievirus B3, o vírus Influenza, o vírus Epstein Barr e o HIV, dentre outros. Uma das conseqüências da ativação da via sinalizadora MAPK, em particular Ras/Raf/MEK/ERK/Elk, por estímulos mitogênicos, é a expressão de genes imediatamente precoces, incluindo c-fos, c-jun e o gene de resposta precoce ao crescimento (egr-1). Andrade e colaboradores, 2004, demonstraram que esta via sinalizadora também é estimulada pelo VV, levando a expressão de Egr-1 e sendo necessária à sua multiplicação. Como a análise de Egr-1, realizada acima, não contemplava todo o ciclo de multiplicação viral, decidimos fazer um estudo mais detalhado da mesma. Caracterizamos a expressão de Egr-1 (mensagem e proteína) em resposta à infecção viral e verificamos que a mesma se inicia 1 hora pós-infecção e se prolonga até tempos tardios da infecção, isto é, aproximadamente, 36 horas pós-infecção. Verificamos também que a mesma é dependente da multiplicidade de infecção (m.o.i.), da síntese proteica “de novo” e da expressão de genes precoces virais e resulta da estimulação simultânea das vias sinalizadoras envolvendo MEK/ERK e serina-treonina quinases (STK). Também geramos, selecionamos e caracterizamos clones celulares expressando, de forma estável, dominância negativa para MEK-1 e pudemos demonstrar que MEK/ERK é funcionalmente relevante, tanto para a expressão de Egr-1 induzida pelo VV, quanto para a multiplicação e o fenótipo de placa de lise viral. Para verificar o significado funcional de Egr-1 para a biologia deste orthopoxvírus, geramos, selecionamos e caracterizamos, clones celulares expressando, de forma estável, siRNA para Egr-1. Pudemos demonstrar que esta proteína celular, cuja expressão é regulada pelo vírus desde os tempos precoces até tardios da infecção, e se localiza preferencialmente no núcleo, desempenha papel crucial na economia multiplicativa do VV. A descrição de uma via sinalizadora, levando a expressão de proteína celular que tenha reflexos, tanto na multiplicação, quanto no fenótipo da placa de lise viral, explicita a necessidade da interação deste microrganismo com seu hospedeiro. O conjunto de resultados apresentados nesta tese não tem precedentes na literatura dos poxvírus.