Publicidade e feminismos : tramas da campanha "Reposter, redondo é sair do seu passado" da Skol

• Autor(a) principal: Gracila Ferreira Vilaça
• Data de Publicação: 2020
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/33433
• topic: Publicidade; Feminismos; Consumo; Textualidades; Cartazes

Em 2017, a Skol, naquele momento a marca mais valiosa do Brasil, aderiu à tendência do que se entende contemporaneamente por campanhas publicitárias de empoderamento feminino. A marca lançou em sua página do Facebook a empreitada chamada “Reposter, redondo é sair do seu passado” no Dia Internacional da Mulher. Na oportunidade, a empresa cervejeira se associou à semântica dos movimentos feministas no intuito de se afastar de seu passado sexista e racista que volta e meia era resgatado para balizar as suas propostas mais recentes de interações sociais. No momento em que um ator social que historicamente se colocou a favor da sociabilidade dos homens às custas da objetificação das mulheres relaciona publicidade e feminismos visando ressignificar o seu passado, as tensões entre redes textuais tão díspares ficam em destaque. Desse modo, Reposter chama a atenção como um importante expoente desses retesamentos e tendências da atualidade e por esse motivo é investigado com o objetivo de discutir a associação, conformação, informação e atualização dos movimentos feministas e das corporeidades das mulheres. Nesse sentido, as unidades constituidoras da campanha são exploradas como uma fração perceptível de um tecido comunicacional que possibilita a sua existência e significação. Por isso, elas tramam e, de partida, são multimodais no que tange a sua configuração verbo-áudio-visual, fazendo provocações aos sentidos e habilitando leituras contextuais, reflexivas e discursivas. A partir dessas noções, emerge o gesto teórico-metodológico de investigação das redes textuais de publicidade e feminismos de modo que possam ser colocadas em relação, demonstrando que há entre elas uma certa história que relativiza a campanha e que tem no consumo um importante ponto de contato. A noção de trama textual ampara também uma articulação crítica entre as partes mais objetiváveis do corpus – os textos – , que é composto por um vídeo principal estilo making-of, oito vídeos secundários e 16 cartazes. E, buscando sentidos em devir que ultrapassem a intencionalidade de leitura da cerveja para os corpos das mulheres, desenvolve-se um atlas que habilita a visualização da memória social acionada pelas imagens dos cartazes produzidos por oito artistas para a campanha.