Comportamento de mulheres jovens que cometem autolesão sem intenção suicida - ASIS
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR |
Texto Completo: | https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/124394 |
Resumo: | Trata de um preocupante problema de saúde pública entre mulheres jovens, o qual ainda é pouco conhecido e compreendido por pais, educadores e, até mesmo, por profissionais de saúde. A autolesão sem intenção suicida (ASIS) consiste num ato deliberado de autodano sem intento de morte. A ausência da vontade de morrer distingue a ASIS da tentativa de suicídio e autocídio consumado. Embora não exista a intencionalidade de morte, o risco de letalidade deve ser considerado relevante. Procurou-se compreender o comportamento autolesivo em mulheres jovens na cidade de Picos-Piauí ¿ Brasil, numa perspectiva do significado, ações e interpretação da situação vivenciada. Esta configura uma pesquisa qualitativa que utilizou uma entrevista semiestruturada como instrumento de coleta de dados, no período de janeiro a março de 2020. Os dados foram organizados pelo programa MAXQDA, versão 2020, e analisados] com base nos pressupostos do Interacionismo Simbólico, de Herbert Blumer. As cinco entrevistadas são jovens educadas apenas pelas mães, possuem pouco ou nenhum contato com os pais. Narraram histórias de abuso sexual, rejeição paterna, bullying e de baixo acolhimento no ambiente escolar. Enxergaram a autolesão como refúgio e escape. Praticaram a ASIS quando estavam sob sentimentos negativos insuportáveis, desencadeados nos momentos de adversidade, em busca de alívio. Este, por unanimidade, foi referido como passageiro e lhes ensejou culpa ao final da autolesão. Viviam num ciclo de dor pela dor, de substituição do sofrer psicológico pelo padecimento físico. Todas admitiram possuir temperamentos ansiosos, baixa autoestima e inabilidades socioemocionais para lidar com infortúnios do cotidiano. Estabeleceram uma percepção pessimista de si oriunda de interpretações próprias e de suas interações sociais. Contavam com suportes insuficientes e inaptos ao enfrentamento da prática autolesiva. Acreditavam que, se houvesse ações de prevenção e promoção de saúde mental nas escolas escutadas nas suas demandas, mediante a oportunidade para diálogos em casa, as ajudariam a lidar com a ASIS. Conclui-se que a autolesão tem vínculo direto com o entendimento das emoções envolvidas no comportamento, com os influxos de fatores influenciadores e protetores, com os significados que estas jovens atribuem a si e os limitados suportes encontrados pelas mulheres para o enfrentamento da ASIS. Recomenda-se que capacitações sobre a ASIS devem ser ofertadas por gestores do setor de saúde e de educação, de modo continuado, para membros familiares, educadores e demais funcionários de escolas e profissionais de saúde em todos os níveis de atenção, a fim de que reconheçam, precocemente, os sinais de ASIS e saibam intervir de modo satisfatório na abordagem destes jovens. A incorporação de matérias sobre bem-estar e aprendizagem socioemocional em escolas particulares e públicas há que ser estimulada para a formação de pessoas mais eficazes na resolução de problemas, hoje e no futuro. |
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Os dados foram organizados pelo programa MAXQDA, versão 2020, e analisados] com base nos pressupostos do Interacionismo Simbólico, de Herbert Blumer. As cinco entrevistadas são jovens educadas apenas pelas mães, possuem pouco ou nenhum contato com os pais. Narraram histórias de abuso sexual, rejeição paterna, bullying e de baixo acolhimento no ambiente escolar. Enxergaram a autolesão como refúgio e escape. Praticaram a ASIS quando estavam sob sentimentos negativos insuportáveis, desencadeados nos momentos de adversidade, em busca de alívio. Este, por unanimidade, foi referido como passageiro e lhes ensejou culpa ao final da autolesão. Viviam num ciclo de dor pela dor, de substituição do sofrer psicológico pelo padecimento físico. Todas admitiram possuir temperamentos ansiosos, baixa autoestima e inabilidades socioemocionais para lidar com infortúnios do cotidiano. Estabeleceram uma percepção pessimista de si oriunda de interpretações próprias e de suas interações sociais. Contavam com suportes insuficientes e inaptos ao enfrentamento da prática autolesiva. Acreditavam que, se houvesse ações de prevenção e promoção de saúde mental nas escolas escutadas nas suas demandas, mediante a oportunidade para diálogos em casa, as ajudariam a lidar com a ASIS. Conclui-se que a autolesão tem vínculo direto com o entendimento das emoções envolvidas no comportamento, com os influxos de fatores influenciadores e protetores, com os significados que estas jovens atribuem a si e os limitados suportes encontrados pelas mulheres para o enfrentamento da ASIS. Recomenda-se que capacitações sobre a ASIS devem ser ofertadas por gestores do setor de saúde e de educação, de modo continuado, para membros familiares, educadores e demais funcionários de escolas e profissionais de saúde em todos os níveis de atenção, a fim de que reconheçam, precocemente, os sinais de ASIS e saibam intervir de modo satisfatório na abordagem destes jovens. A incorporação de matérias sobre bem-estar e aprendizagem socioemocional em escolas particulares e públicas há que ser estimulada para a formação de pessoas mais eficazes na resolução de problemas, hoje e no futuro.It is a worrying public health problem among young women, which is still little known and understood by parents, educators and even health professionals. Nonsuicidal Self-Injury (NSSI) consists on a deliberate act of self-harm without suicidal intent. The absence of intent to die is what distinguishes the NSSI of the attempted suicide and the self-murder itself. Although there isn¿t the intentionality of death, the risk of leathality must be relevant considered. One tried to understand the self-harm behavior on the young women in the city of Picos-Piauí-Brazil trying to figure out their actions and interpretations of the experienced situation. This one configurates in a qualitative research that used a semi-structured interview as a data collection, from January to August 2020. The data were organized by the MAXQDA program, version 2020, and analyzed based on the assumptions of Herbert Blumer¿s symbolic interactionism. The (5) interviewed women are young people educated only by the mothers, they have little or no contact with their fathers. They described stories of sexual abuse, parental rejection, bullying and a low sociability at school. These women saw self-injury as a way to quickly alleviate the pain. They engaged in NSSI under overwelming negative feelings and it started off in times of adversity in search of relief. This, unanimously was referred as to temporary and they felt guilty after the self-injury was done. They lived in a cycle of exchanging pain by replacing the psychological suffering for the physical one. All of them admitted to having anxiety disorder, low self-esteem and social-emotional inabilities to cope with everyday misfortunes. They established a pessimistic perception of themselves coming from their own interpretations and their social interactions. As they didn¿t have enough support they were unable to deal with the self-injury practice. They believed that if prevention and mental health actions promoted in schools could be heard in their demands through the opportunity for dialogues at home, would help them to handle the NSSI. It is concluded that the self-injury has a direct bond with the understanding of the emotions involved in the behavior, with the inflows of influencing and protective factors, with the meanings that these young women attribute to themselves and the limited support found by women to face the NSSI. It is highly recommended that training on NSSI should be offered by managers in the health and education sector, and also for family members, school staff and health professionals at all levels of care, so they can recognize early the NSSI signs and know how to intervene satisfactorily when approaching these young people. The implementation of schools subjects such as well-being and socio-emotional learning in public and private schools should be encouraged by training people to be more effective in solving problems today and in the futures.Silva, Raimunda Magalhães daSilva, Raimunda Magalhães daBrasil, Christina Cesar PracaJorge, Herla Maria FurtadoGarcia Filho, CarlosUniversidade de Fortaleza. Programa de Pós-Graduação em Saúde ColetivaCronemberger, Gerlany Leal2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/124394https://uol.unifor.br/auth-sophia/exibicao/24486porreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFORinstname:Universidade de Fortaleza (UNIFOR)instacron:UNIFORinfo:eu-repo/semantics/openAccess2024-01-23T20:41:55Zoai::124394Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://www.unifor.br/bdtdONGhttp://dspace.unifor.br/oai/requestbib@unifor.br||bib@unifor.bropendoar:2024-01-23T20:41:55Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR - Universidade de Fortaleza (UNIFOR)false |
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