O espaço prisional como território de auto-organização das mulheres encarceradas na penitenciária feminina de Cajazeiras, Paraíba

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Feitosa, Andreia Ceballos
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPB
Texto Completo: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/30680
Resumo: O aprisionamento em massa de pessoas, em especial o de mulheres, resulta em um perfil específico da mulher em situação de cárcere que evidencia a desigualdade social, econômica e racial a partir da seletividade penal. Observamos que são, em sua maioria, jovens, negras ou pardas, mães, solteiras e com baixa escolaridade. Nesse contexto, esta dissertação tem o propósito de analisar o espaço prisional e as estratégias de auto-organização das mulheres encarceradas no sistema prisional feminino da cidade de Cajazeiras/PB. O estudo parte de uma perspectiva geográfica e aporte interdisciplinar com base em Santos (1986) e Morin (2003). Nesse contexto, consideramos que a atenção dada ao aprisionamento de mulheres permite nos debruçar em outras áreas de conhecimento com as/os seguintes autoras/es Akotirene (2020), Borges (2019), Davis (2016, 2018), Diniz (2015), Foucault (2011), Goffman (1961, 2006), Queiroz (2015), e autores que tratam as relações entre aprisionamento e território, tais como Almeida (2014), Andrade (1995), Arruda (2006, 2015), Haesbaert (2005), Raffestin (1993) e Souza (1995, 2015). Realizamos levantamento bibliográfico em portais de domínio público, como Capes, Redalyc; e em programas de pós-graduação em Geografia, Direitos Humanos, Psicologia Sociologia e Serviço Social. Amparamo-nos na pesquisa documental a partir de tratados e dispositivos legais, como o Código Penal brasileiro de 1940, o Decreto-Lei nº 2.848/40, a Lei de Execução Penal 7.210/1984, a Lei nº 11.343/2006, lei conhecida como ―antidrogas‖, o levantamento de Informações Penitenciárias – Infopen Mulheres (2018) e as Regras de Bangkok (2016). Realizamos trabalhos de campo considerando autores como Alentejano e Rocha-Leão (2006), Kaiser (2006) e Marcos (2006), com vistas a caracterizar o perfil local da mulher encarcerada, sendo utilizados caderno de campo, gravador de áudio e câmera fotográfica para registros de observações em grupo focal, além de entrevistas individuais com as mulheres. Consideramos que as mulheres são historicamente penalizadas, pois as parcas e recentes legislações sobre o ambiente prisional para mulheres não são suficientes para assegurar estabelecimentos que respeitem a dignidade humana. Embora o Brasil esteja construindo normativas e assinando leis internacionais, como as Regras de Bangkok (2016), a prática é ainda de espaços insalubres, nocivos e hostis. O reflexo do ordenamento jurídico e penal é seletivo e punitivista, pois as mulheres aprisionadas geralmente estão presas por crimes relacionados ao tráfico de drogas, visto que, em muitas situações, foram sendo levadas a praticar delitos em razão de questões estruturais como acesso à moradia, emprego e terra além das dificuldades de acesso às políticas públicas que lhes garantam melhores condições de vida. As narrativas denotam que a desterritorialização dessas mulheres ocasionou a quebra dos laços afetivos com as suas famílias; e sob a condição de subalternidade extrema, foi necessário montar estratégias de sobrevivência nos limites que as condições do cárcere lhes impuseram. Embora as práticas de solidariedade sejam efetivadas para manutenção de um tipo de convívio mais ameno, o cárcere é, por excelência, uma tática de exclusão social e de degradação de corpos impõe a docilidade como regra de sobrevivência.
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Nesse contexto, consideramos que a atenção dada ao aprisionamento de mulheres permite nos debruçar em outras áreas de conhecimento com as/os seguintes autoras/es Akotirene (2020), Borges (2019), Davis (2016, 2018), Diniz (2015), Foucault (2011), Goffman (1961, 2006), Queiroz (2015), e autores que tratam as relações entre aprisionamento e território, tais como Almeida (2014), Andrade (1995), Arruda (2006, 2015), Haesbaert (2005), Raffestin (1993) e Souza (1995, 2015). Realizamos levantamento bibliográfico em portais de domínio público, como Capes, Redalyc; e em programas de pós-graduação em Geografia, Direitos Humanos, Psicologia Sociologia e Serviço Social. Amparamo-nos na pesquisa documental a partir de tratados e dispositivos legais, como o Código Penal brasileiro de 1940, o Decreto-Lei nº 2.848/40, a Lei de Execução Penal 7.210/1984, a Lei nº 11.343/2006, lei conhecida como ―antidrogas‖, o levantamento de Informações Penitenciárias – Infopen Mulheres (2018) e as Regras de Bangkok (2016). Realizamos trabalhos de campo considerando autores como Alentejano e Rocha-Leão (2006), Kaiser (2006) e Marcos (2006), com vistas a caracterizar o perfil local da mulher encarcerada, sendo utilizados caderno de campo, gravador de áudio e câmera fotográfica para registros de observações em grupo focal, além de entrevistas individuais com as mulheres. Consideramos que as mulheres são historicamente penalizadas, pois as parcas e recentes legislações sobre o ambiente prisional para mulheres não são suficientes para assegurar estabelecimentos que respeitem a dignidade humana. Embora o Brasil esteja construindo normativas e assinando leis internacionais, como as Regras de Bangkok (2016), a prática é ainda de espaços insalubres, nocivos e hostis. O reflexo do ordenamento jurídico e penal é seletivo e punitivista, pois as mulheres aprisionadas geralmente estão presas por crimes relacionados ao tráfico de drogas, visto que, em muitas situações, foram sendo levadas a praticar delitos em razão de questões estruturais como acesso à moradia, emprego e terra além das dificuldades de acesso às políticas públicas que lhes garantam melhores condições de vida. As narrativas denotam que a desterritorialização dessas mulheres ocasionou a quebra dos laços afetivos com as suas famílias; e sob a condição de subalternidade extrema, foi necessário montar estratégias de sobrevivência nos limites que as condições do cárcere lhes impuseram. Embora as práticas de solidariedade sejam efetivadas para manutenção de um tipo de convívio mais ameno, o cárcere é, por excelência, uma tática de exclusão social e de degradação de corpos impõe a docilidade como regra de sobrevivência.The mass imprisonment of people, especially women, results in a specific incarcerated profile that evidences social, economic and racial inequality from the penal selectivity. We observed that they are, mostly, black or brown single mothers with low educational levels. In this circumstances, this dissertation aims to analyze the prison space and the women‘s self-organizing strategies inside the female prison system at the city of Cajazeiras/PB. The study starts from a geographical perspective and interdisciplinary contribution according to Santos (1986) and Morin (2003). Based on the attention given to women imprisonment we could lean over other knowledge areas considering the approach of the following authors: Akotirene (2020), Borges (2019), Davis (2016, 2018), Diniz (2015), Foucault (2011), Goffman (1961, 2006), Queiroz (2015). Also authors that deal with the correlation between imprisonment and territory, such as Almeida (2014), Andrade (1995), Arruda (2006, 2015), Haesbaert (2005), Raffestin (1993) and Souza (1995, 2015). We carried out bibliographical research at public domains such as Capes, Redalyc and at Geography, Human Rights, Psychology, Sociology and Social Services graduate programs. We rely our research on treaties and legal provisions such as the 1940‘s brazilian Penal Code, the Decree-law nº 2.848/40, the Penal Execution Law nº 7.210/1984, the Law nº 11.343/2006 (known as the ―anti-drugs‖ law), the Penitentiary Information survey - Infopen Mulheres (2018) and the Bangkok Rules (2016). We performed our field works considering authors as Alentejano and Rocha-Leão (2006), Kaiser (2006) and Marcos (2006), aiming to characterize the profile of the local incarcerated woman. The registration is recorded on a field notebook, photographs and audio files of focal group gathering and individual interviews with the women. We consider that women are historically penalized, the few and recent legislations about the prison environment for women are not enough to ensure establishments that respect human dignity. Although Brazil is building regulations and signing international law agreements, such as Bangkok Rules (2016), the practice is still unhealthy, harmful and hostile. The reflection of the legal and penal system is selective and punitive, as the imprisoned women are frequently arrested for drug trafficking related crimes, whereas in many situations they were led to the practice because of the lack of access to public policies that could guarantee better living conditions. The narratives denote that the deterritorialization of these women caused the breaking of emotional bonds with their families and, under extreme subalternity conditions, it was necessary to create survival strategies under the limits imposed by prison conditions. Although solidarity practices are carried out to maintain a kinder kind of conviviality, the prison is a tactic of social exclusion and degradation of bodies that often need to be docile in order to survive.Submitted by Marília Cosmos (marilia@biblioteca.ufpb.br) on 2024-07-12T17:42:44Z No. of bitstreams: 2 license_rdf: 805 bytes, checksum: c4c98de35c20c53220c07884f4def27c (MD5) AndreiaCeballosFeitosa_Dissert.pdf: 5037875 bytes, checksum: 551837212a6676bc15b1fdd95ba91475 (MD5)Made available in DSpace on 2024-07-12T17:42:44Z (GMT). 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