Uma re-inscrição kafkiana nas dobras das Memórias do Cárcere
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2010 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPE |
Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7003 |
Resumo: | As instituições carcerárias se exercem como espaço extralegal sujeito ao arbítrio do poder, constituindo por excelência o primeiro elo das instituições concentracionárias. Partindo desta premissa, trata-se de pensar uma literatura menor Kafkiana, especialmente a novela Na Colônia penal e suas singularidades (desterritorialização da língua, agenciamento coletivo de enunciação e imediato político) nas malhas das Memórias do cárcere. Neste sentido, é um pensamento que mobiliza inicialmente Kafka e Graciliano Ramos enquanto escritores que fazem da produção literária uma relação imanente com o corpo. Ou seja, fazem da esqualidez, da magreza corporal a passagem de devires inauditos que um corpo petrificado de saúde dominante impossibilita. Posteriormente, por serem autores que ao conjugarem ficção, história e memória, pensam uma relação umbilical entre história e literatura para desacoplarem as subjetividades dos emparedamentos disciplinares. Assim, nesta relação rebelde entre história e literatura, há um alargamento das tensões do cárcere, possibilitando ao leitor além de um lugar privilegiado para uma crítica não somente do universo carcerário e a uma secular cultura arbitrária, como também a possibilidade de estilhaçar o Estado quando este se encontra mais enraizado em sua subjetividade. Por isso, apesar de todos os encerramentos, a prisão não é um mundo fechado e subtraído, mas um espaço que mesmo no esmagamento da máquina, brotam vidas que ativam uma micropolítica, um nó de interações maquínicas que questionam os aprisionamentos disciplinar e discursivo. Neste sentido, uma re-inscrição Kafkiana, em especial Na colônia penal nos fios das Memórias do cárcere, passa antes de tudo pela crítica afirmativa da linguagem. Esta, atravessada por relações de força. Deste modo, a re-confecção literária nas Memórias do cárcere com Franz Kafka nos faz pensar neste subsolo da língua, no imediato político, nas agitações dentro desta língua, no impuro, no informe, nas intermitências, no devir-outro da língua, aonde a vida e o real vão sendo esculpidos, nos enfrentamentos com o poder |
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Ou seja, fazem da esqualidez, da magreza corporal a passagem de devires inauditos que um corpo petrificado de saúde dominante impossibilita. Posteriormente, por serem autores que ao conjugarem ficção, história e memória, pensam uma relação umbilical entre história e literatura para desacoplarem as subjetividades dos emparedamentos disciplinares. Assim, nesta relação rebelde entre história e literatura, há um alargamento das tensões do cárcere, possibilitando ao leitor além de um lugar privilegiado para uma crítica não somente do universo carcerário e a uma secular cultura arbitrária, como também a possibilidade de estilhaçar o Estado quando este se encontra mais enraizado em sua subjetividade. Por isso, apesar de todos os encerramentos, a prisão não é um mundo fechado e subtraído, mas um espaço que mesmo no esmagamento da máquina, brotam vidas que ativam uma micropolítica, um nó de interações maquínicas que questionam os aprisionamentos disciplinar e discursivo. Neste sentido, uma re-inscrição Kafkiana, em especial Na colônia penal nos fios das Memórias do cárcere, passa antes de tudo pela crítica afirmativa da linguagem. Esta, atravessada por relações de força. 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