Experiência musical como mediadora semiótica da relação entre afeto e rememoração

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: NOVAES, Nathaly Maria Ferreira
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
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Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/46338
Resumo: A Psicologia da Música tem se debruçado sobre o papel da música nos processos psicológicos, dando destaque a ideia de que a afetividade tem importante papel. O estudo atual faz coro a esse empreendimento trazendo como originalidade o verso sobre a relação entre memória e afeto em situações musicais, trazendo a construção de significado como plano axiomático fundamental. Parte-se, aqui da premissa de que que toda experiência humana, além de mediada por signos, é essencialmente afetiva. Composições musicais são corriqueiramente utilizadas para se facilitar o enfrentamento de situações de crises, dentre as quais está a experiência de perder ente querido face morte repentina. Um dos grandes desafios da pessoa enlutada a partir dessa situação está a busca por uma forma menos dolorosa de lembrar da pessoa falecida enquanto segue no fluxo da sua jornada da vida. Foi objetivo investigar como as experiências musicais podem mediar, semioticamente, a relação entre afeto e rememoração relativa a entes queridos falecidos de modo repentino. Assumi a música como experiência que pode funcionar como recurso simbólico que medeia processos de significação, organizando campos afetivos das vivências humanas. Adotei memória como reconstrução de significados mediada pela cultura. Nessa concepção, as pessoas lembram para significar experiências, apresentando diferentes características, tais como transformações, omissões, elaborações e importações. Busquei aqui dar atenção a uma lacuna teórica e empírica sobre como a afetividade antecede e acompanha a rememoração verbalizada. Propus explorar a relação entre memória e afeto mediada por música através dos conceitos esquematização e pleromatização, bem como retomando o modelo de mediação semiótica dos afetos, elaborados por Jaan Valsiner. Formulei uma pesquisa qualitativa, de cunho idiográfico, do tipo estudo de caso, com um a abordagem experimental inspirada, sobretudo, nos estudos de Frederic Bartlett. Foram realizadas tarefas com dois participantes, envolvendo externalizações dos afetos por meio de pintura e do verbo em entrevistas semiestruturadas. As experiências musicais se configuraram em situação sem escuta da composição musical e em sucessivas situações com escuta musical, ao longo de um total de cinco encontros, com uma semana de intervalo entre eles. Cada um deles foi registrado em videogravação para análise posterior que consistiu em: 1) caracterizar reconstruções mnemônicas emergentes em dois tipos de experiências musicais (sem escuta musical e com escuta musical), diante de modulações afetivas entre os diferentes níveis de organização semiótica por meio de esquematização e pleromatização; 2) analisar como o fluxo de sucessivas experiências musicais media semioticamente mudanças na forma como os participantes sentem e significam perdas de entes queridos por meio da lembrança. A análise demonstrou que a reformulação do esquema mnemônico pode envolver significados com diferentes níveis de (hiper)generalização na busca por organizar e simplificar a complexidade afetiva das experiências. Foi observado também que a experiência musical expressou momentos de reflexão – ato de rememorar e se voltar aos próprios esquemas – em um esforço dos participantes em construir significados a partir das experiências lembradas. A experiência musical apresentou função: catalítica de facilitar diálogos imaginários com a pessoa falecida, promovendo ou inibindo reconstruções de memórias, com atuação em nível hipergeneralizado da experiência afetiva; circunscritiva quanto ao sistema semântico da rememoração, estabelecendo as possibilidades e limites na experiência do presente de modo relativamente estável, mas que também se atualiza e integra novas experiências posteriores.
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Parte-se, aqui da premissa de que que toda experiência humana, além de mediada por signos, é essencialmente afetiva. Composições musicais são corriqueiramente utilizadas para se facilitar o enfrentamento de situações de crises, dentre as quais está a experiência de perder ente querido face morte repentina. Um dos grandes desafios da pessoa enlutada a partir dessa situação está a busca por uma forma menos dolorosa de lembrar da pessoa falecida enquanto segue no fluxo da sua jornada da vida. Foi objetivo investigar como as experiências musicais podem mediar, semioticamente, a relação entre afeto e rememoração relativa a entes queridos falecidos de modo repentino. Assumi a música como experiência que pode funcionar como recurso simbólico que medeia processos de significação, organizando campos afetivos das vivências humanas. Adotei memória como reconstrução de significados mediada pela cultura. 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As experiências musicais se configuraram em situação sem escuta da composição musical e em sucessivas situações com escuta musical, ao longo de um total de cinco encontros, com uma semana de intervalo entre eles. Cada um deles foi registrado em videogravação para análise posterior que consistiu em: 1) caracterizar reconstruções mnemônicas emergentes em dois tipos de experiências musicais (sem escuta musical e com escuta musical), diante de modulações afetivas entre os diferentes níveis de organização semiótica por meio de esquematização e pleromatização; 2) analisar como o fluxo de sucessivas experiências musicais media semioticamente mudanças na forma como os participantes sentem e significam perdas de entes queridos por meio da lembrança. A análise demonstrou que a reformulação do esquema mnemônico pode envolver significados com diferentes níveis de (hiper)generalização na busca por organizar e simplificar a complexidade afetiva das experiências. Foi observado também que a experiência musical expressou momentos de reflexão – ato de rememorar e se voltar aos próprios esquemas – em um esforço dos participantes em construir significados a partir das experiências lembradas. A experiência musical apresentou função: catalítica de facilitar diálogos imaginários com a pessoa falecida, promovendo ou inibindo reconstruções de memórias, com atuação em nível hipergeneralizado da experiência afetiva; circunscritiva quanto ao sistema semântico da rememoração, estabelecendo as possibilidades e limites na experiência do presente de modo relativamente estável, mas que também se atualiza e integra novas experiências posteriores.CAPESThe Psychology of Music has been working on the role of music in psychological processes, highlighting the idea that affectivity has an important role. The current study echoes this project as bringing originality verse on the relationship between memory and affection in musical situations, bringing the construction of meaning as fundamental axiomatic plan. Here, we start from the premise that all human experience, in addition to being mediated by signs, is essentially affective. Among the challenges of the process of losing a loved one in the face of sudden death is the search for a less painful way to remember the deceased as you go through the flow of your life journey. Musical compositions are often used to facilitate coping with crisis situations, among which is the experience of losing a loved one in the face of sudden death. I adopted memory as reconstruction of meanings process mediated by culture. In this conception, people remember to mean experiences, with different characteristics, such as transformations, omissions, elaborations and imports. The objective was to investigate how musical experiences can semiotically mediate the relation of affect and remembering the loss of loved ones due to sudden death. I took music as an experience that can function as a symbolic resource that mediates processes of meaning, organizing affective fields of human experiences. I sought here to address a theoretical and empirical gap on how affectivity precedes and accompanies verbalized remembrance. I proposed to explore the relationship between memory and affect mediated by music through the concepts schematization and pleromatization, as well as returning to the model of semiotic mediation of affects, elaborated by Jaan Valsiner. Formulated a qualitative research, idiographic nature of a case study, with the inspired experimental approach, especially in studies of Frederic Bartlett. Tasks were performed with two participants, involving externalizations of affections through painting and the verb in semi- structured interviews. Musical experiences were shaped in a situation without listening to the musical composition and successive situations with music listening, over a total of five meetings, with a week interval between them. Each was recorded in video recording for later analysis which consisted of: 1) to characterize mnemonic reconstructions in two types of musical experiences (without musical listening and with musical listening), in the face of affective modulations emerging between the different levels of semiotic organization through schematization and pleromatization; 2) to analyze how the flow of successive musical experiences semiotically mediates changes in the way participants feel and signify losses of loved ones through remembrance. The analysis showed that the reformulation of the mnemonic scheme can involve meanings with different levels of (hyper)generalization in the search for organizing and simplifying the affective complexity of the experiences. It was also observed that the musical experience expressed moments of reflection – the act of remembering and turning to their own schemes – in an effort by the participants to construct meanings from the remembered experiences. The musical experience had a catalytic function to facilitate imaginary dialogues with the deceased person, promoting or inhibiting reconstructions of memories, acting at a hypergeneralized level of affective experience, mobilizing new ways of perceiving and acting in the world; circumscriptive as to the semantic system of remembrance, establishing the possibilities and limits in the experience of the present in a relatively stable way, but which is updated and integrates new later experiences too.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em Psicologia CognitivaUFPEBrasilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/embargoedAccessPsicologia cognitivaAfetoMúsica – Aspectos psicológicosMorte súbitaSemióticaExperiência musical como mediadora semiótica da relação entre afeto e rememoraçãoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPEORIGINALTESE Nathaly Maria Ferreira Novaes.pdfTESE Nathaly Maria Ferreira Novaes.pdfapplication/pdf1781150https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/46338/1/TESE%20Nathaly%20Maria%20Ferreira%20Novaes.pdf00a299e0af1641e92704cbba89146d83MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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