Antimicrobial Stewardship Program : Diagnóstico e impacto da implantação na Unidade de Terapia Intensiva em Hospital do Sistema Único de Saúde

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: BIZERRA, Valéria Santos
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
dARK ID: ark:/64986/001300000k4k5
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/37630
Resumo: A resistência microbiana e as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) representam uma ameaça à saúde global e o Antimicrobial Stewardship Program (ASP) pode ser uma medida estratégica de combate. O ASP reúne abordagens conduzidas em equipe e sistemas de apoio à decisão clínica, sendo fundamentais para a otimização da antibioticoterapia, principalmente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Tratou-se de um estudo prospectivo, de intervenção quase-experimental, desenvolvido na UTI adulto de um hospital público, de extra porte, comparando-se os períodos anterior e posterior à implementação do ASP. Foi realizado diagnóstico situacional, no 1º semestre do ano de 2018 e aferição do impacto microbiológico, clínico e financeiro, decorrente da implantação, no 2º semestre de 2018. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital da Restauração, sob o parecer nº 2.632.961 (CAAE: 84019418.4.0000.5198) e os cálculos estatísticos obtidos pelo programa IMB SPSS na versão 23. Aplicou-se Check list, nos períodos anterior e posterior à implantação do ASP, constatando-se melhora de evidência de elementos essenciais, passando de 23,5% (8) para 73,5% (25), considerando-se todos os exemplos, além de cumprimento no segundo semestre, de 90% dos processos classificados como prioritários. Quanto à notificação de IRAS, houve redução da ocorrência na UTI (p=0,004), após a intervenção. O diagnóstico microbiológico apontou 1.202 análises positivas, e dentre os isolados mais frequentes, predomínio de A. baumannii (25,87%), seguido de P. aeruginosa (23,65%), K. pneumoniae (9,49%), P. mirabilis (6,66%), S. marcescens (3,66%) e S. aureus (3,08%). Quanto aos indicadores de processo, houve declínio da DDD do meropenem (p=0,02) e da polimixina B (p=0,007). Evidenciou-se diminuição da DOT global, passando de 1566 dias para 1240, por 1000 pacientes-dia (p=0,015) e da DOT da vancomicina (p=0,02), polimixina (p=0,004) e meropenem (p=0,008), neste último caso envolvendo, principalmente o trato Respiratório (p=0,009). As solicitações de tratamento com antimicrobianos também diminuíram (p=0,022), especialmente meropenem (p=0,003), amicacina (p=0,039) e polimixina B (p=0,001), com aumento para piperacilina/tazobactam (p=0,01). A média mensal de antimicrobianos passou de 3,13 para 2,87, por paciente. Quanto aos desfechos microbiológicos, a taxa de incidência de bactéria multirresistentes diminuiu (26,24 versus 15,17), com p=0,025, sem evidências de aumento significativo dos padrões de resistência. Considerando os desfechos clínicos, identificou-se redução da mortalidade de todos os casos (45,95 ± 9,51 versus 43,63 ± 11,79), bem como daqueles envolvendo pacientes com infecção provocada por bactéria multirresistente (52,03 ± 10,89 versus 44,15 ± 12,10). O tempo de permanência também sofreu queda, tanto na variável todos os casos (36,54 ± 5,98 versus 34,87 ± 3,4), quanto aqueles envolvendo bactérias multirresistentes (45,07 ± 6,13 versus 44,39 ± 8,38). Avaliando-se os desfechos financeiros, observou-se redução global dos custos médios de cerca de 20% (R$ 66.488,51 ± R$ 7.355,51 versus R$ 53.735,03 ± R$ 12.793,34), com queda para o meropenem (p=0,022) e polimixina B (p=0,01). A implantação do ASP na UTI teve impacto positivo, mostrando ser uma ferramenta essencial para o manejo da antibioticoterapia em pacientes com doenças infecciosas.
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Tratou-se de um estudo prospectivo, de intervenção quase-experimental, desenvolvido na UTI adulto de um hospital público, de extra porte, comparando-se os períodos anterior e posterior à implementação do ASP. Foi realizado diagnóstico situacional, no 1º semestre do ano de 2018 e aferição do impacto microbiológico, clínico e financeiro, decorrente da implantação, no 2º semestre de 2018. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital da Restauração, sob o parecer nº 2.632.961 (CAAE: 84019418.4.0000.5198) e os cálculos estatísticos obtidos pelo programa IMB SPSS na versão 23. Aplicou-se Check list, nos períodos anterior e posterior à implantação do ASP, constatando-se melhora de evidência de elementos essenciais, passando de 23,5% (8) para 73,5% (25), considerando-se todos os exemplos, além de cumprimento no segundo semestre, de 90% dos processos classificados como prioritários. Quanto à notificação de IRAS, houve redução da ocorrência na UTI (p=0,004), após a intervenção. O diagnóstico microbiológico apontou 1.202 análises positivas, e dentre os isolados mais frequentes, predomínio de A. baumannii (25,87%), seguido de P. aeruginosa (23,65%), K. pneumoniae (9,49%), P. mirabilis (6,66%), S. marcescens (3,66%) e S. aureus (3,08%). Quanto aos indicadores de processo, houve declínio da DDD do meropenem (p=0,02) e da polimixina B (p=0,007). Evidenciou-se diminuição da DOT global, passando de 1566 dias para 1240, por 1000 pacientes-dia (p=0,015) e da DOT da vancomicina (p=0,02), polimixina (p=0,004) e meropenem (p=0,008), neste último caso envolvendo, principalmente o trato Respiratório (p=0,009). As solicitações de tratamento com antimicrobianos também diminuíram (p=0,022), especialmente meropenem (p=0,003), amicacina (p=0,039) e polimixina B (p=0,001), com aumento para piperacilina/tazobactam (p=0,01). A média mensal de antimicrobianos passou de 3,13 para 2,87, por paciente. Quanto aos desfechos microbiológicos, a taxa de incidência de bactéria multirresistentes diminuiu (26,24 versus 15,17), com p=0,025, sem evidências de aumento significativo dos padrões de resistência. Considerando os desfechos clínicos, identificou-se redução da mortalidade de todos os casos (45,95 ± 9,51 versus 43,63 ± 11,79), bem como daqueles envolvendo pacientes com infecção provocada por bactéria multirresistente (52,03 ± 10,89 versus 44,15 ± 12,10). O tempo de permanência também sofreu queda, tanto na variável todos os casos (36,54 ± 5,98 versus 34,87 ± 3,4), quanto aqueles envolvendo bactérias multirresistentes (45,07 ± 6,13 versus 44,39 ± 8,38). Avaliando-se os desfechos financeiros, observou-se redução global dos custos médios de cerca de 20% (R$ 66.488,51 ± R$ 7.355,51 versus R$ 53.735,03 ± R$ 12.793,34), com queda para o meropenem (p=0,022) e polimixina B (p=0,01). A implantação do ASP na UTI teve impacto positivo, mostrando ser uma ferramenta essencial para o manejo da antibioticoterapia em pacientes com doenças infecciosas.Microbial resistance and Healthcare Related Infections (HAIs) pose as a threat to global health and the Antimicrobial Stewardship Program (ASP) can be a strategic countermeasure. ASP brings together team-led approaches and clinical decision support systems, which are fundamental to optimize antibiotic therapy, especially in Intensive Care Unit (ICU). It was translated from a prospective study, of quasi-experimental intervention, was conducted in an adult ICU from a large public hospital, comparing the periods before and after implementation of ASP. A situational diagnosis was carried out in the first semester of 2018 and a microbiological, clinical and financial impact assessment resulting from implementation in the second semester of 2018. The study was approved by the Ethics and Research Committee the of hospital da Restauração, No. 2.632.961 (CAAE: 84019418.4.0000.5198) and statistical analyses were obtained by IMB SPSS program, version 23. A check list was applied in the periods before and after ASP implementation, noting an improvement of essential elements, rising from 23.5% (8) to 73.5% (25), considering all examples. Also, it was evidenced after ASP intervention, an accomplishment of 90% of all priority elements classified by CDC tool. As for the HAI notification, there was a reduction in the ICU occurrence (p=0.004), after intervention. The microbiological diagnosis showed 1,202 positive analyses, and among the most frequent isolates, predominance of A. baumannii (25.87%), followed by P. aeruginosa (23.65%), K. pneumoniae (9.49%), P. mirabilis (6.66%), S. marcescens (3.66%) and S. aureus (3.08%). Regarding process indicators, there was a decline in meropenem DDD (p=0.02) and polymyxin B (p=0.007). There was a decrease in global DOT going from 1566 days to 1240 per 1000 patients-day (p=0.015) and of vancomycin DOT (p=0.02), polymyxin (p=0.004) and meropenem (p=0.008), in the latter case involving mainly the respiratory tract (p=0.009). The requests for treatment with antimicrobials also decreased (p=0.022), especially meropenem (p=0.003), amikacin (p=0.039) and polymyxin B (p=0.001), with increase for piperacillin/tazobactam (p=0.01). The monthly average of antimicrobials went from 3.13 to 2.87, per patient. As for microbiological outcomes, the incidence rate of multiresistant bacteria decreased (26.24 versus 15.17), with p=0.025, with no evidence of significantly increased resistance patterns. Considering the clinical outcomes, a reduction in mortality was identified for all cases (45.95 ± 9.51 versus 43.63 ± 11.79), as well as those involving patients with multidrug resistant bacteria infection (52.03 ± 10.89 versus 44.15 ± 12.10). The length of stay also decreased in all cases (36.54 ± 5.98 versus 34.87 ± 3.4) as well as those involving multi-resistant bacteria (45.07 ± 6.13 versus 44.39 ± 8.38). Evaluating the financial outcomes, there was a global reduction in mean costs of 20% (R$ 66.488,51 ± R$ 7.355,51 versus R$ 53.735,03 ± R$ 12.793,34), with a decrease to meropenem (p=0.022) and polymyxin B (p=0.01). Implementation of ASP in critical care setting had a positive impact, showing to be an essential tool for antibiotic therapy management in patients with infectious diseases.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em Ciencias FarmaceuticasUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessGestão de AntimicrobianosResistência Microbiana a MedicamentosAnti-InfecciososAntimicrobial Stewardship Program : Diagnóstico e impacto da implantação na Unidade de Terapia Intensiva em Hospital do Sistema Único de Saúdeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesismestradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPEORIGINALDISSERTAÇÃO Valéria Santos Bizerra.pdfDISSERTAÇÃO Valéria Santos Bizerra.pdfapplication/pdf2045850https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/37630/1/DISSERTA%c3%87%c3%83O%20Val%c3%a9ria%20Santos%20Bizerra.pdf61229d4f3d92dd1a385a7257b6f3dd5dMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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Resistência Microbiana a Medicamentos
Anti-Infecciosos
description A resistência microbiana e as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) representam uma ameaça à saúde global e o Antimicrobial Stewardship Program (ASP) pode ser uma medida estratégica de combate. O ASP reúne abordagens conduzidas em equipe e sistemas de apoio à decisão clínica, sendo fundamentais para a otimização da antibioticoterapia, principalmente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Tratou-se de um estudo prospectivo, de intervenção quase-experimental, desenvolvido na UTI adulto de um hospital público, de extra porte, comparando-se os períodos anterior e posterior à implementação do ASP. Foi realizado diagnóstico situacional, no 1º semestre do ano de 2018 e aferição do impacto microbiológico, clínico e financeiro, decorrente da implantação, no 2º semestre de 2018. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital da Restauração, sob o parecer nº 2.632.961 (CAAE: 84019418.4.0000.5198) e os cálculos estatísticos obtidos pelo programa IMB SPSS na versão 23. Aplicou-se Check list, nos períodos anterior e posterior à implantação do ASP, constatando-se melhora de evidência de elementos essenciais, passando de 23,5% (8) para 73,5% (25), considerando-se todos os exemplos, além de cumprimento no segundo semestre, de 90% dos processos classificados como prioritários. Quanto à notificação de IRAS, houve redução da ocorrência na UTI (p=0,004), após a intervenção. O diagnóstico microbiológico apontou 1.202 análises positivas, e dentre os isolados mais frequentes, predomínio de A. baumannii (25,87%), seguido de P. aeruginosa (23,65%), K. pneumoniae (9,49%), P. mirabilis (6,66%), S. marcescens (3,66%) e S. aureus (3,08%). Quanto aos indicadores de processo, houve declínio da DDD do meropenem (p=0,02) e da polimixina B (p=0,007). Evidenciou-se diminuição da DOT global, passando de 1566 dias para 1240, por 1000 pacientes-dia (p=0,015) e da DOT da vancomicina (p=0,02), polimixina (p=0,004) e meropenem (p=0,008), neste último caso envolvendo, principalmente o trato Respiratório (p=0,009). As solicitações de tratamento com antimicrobianos também diminuíram (p=0,022), especialmente meropenem (p=0,003), amicacina (p=0,039) e polimixina B (p=0,001), com aumento para piperacilina/tazobactam (p=0,01). A média mensal de antimicrobianos passou de 3,13 para 2,87, por paciente. Quanto aos desfechos microbiológicos, a taxa de incidência de bactéria multirresistentes diminuiu (26,24 versus 15,17), com p=0,025, sem evidências de aumento significativo dos padrões de resistência. Considerando os desfechos clínicos, identificou-se redução da mortalidade de todos os casos (45,95 ± 9,51 versus 43,63 ± 11,79), bem como daqueles envolvendo pacientes com infecção provocada por bactéria multirresistente (52,03 ± 10,89 versus 44,15 ± 12,10). O tempo de permanência também sofreu queda, tanto na variável todos os casos (36,54 ± 5,98 versus 34,87 ± 3,4), quanto aqueles envolvendo bactérias multirresistentes (45,07 ± 6,13 versus 44,39 ± 8,38). Avaliando-se os desfechos financeiros, observou-se redução global dos custos médios de cerca de 20% (R$ 66.488,51 ± R$ 7.355,51 versus R$ 53.735,03 ± R$ 12.793,34), com queda para o meropenem (p=0,022) e polimixina B (p=0,01). A implantação do ASP na UTI teve impacto positivo, mostrando ser uma ferramenta essencial para o manejo da antibioticoterapia em pacientes com doenças infecciosas.
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