Leitura e identidades étnico-raciais: reflexões sobre práticas discursivas na educação de jovens e adultos
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Data de Publicação: | 2010 |
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Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/3784 |
Resumo: | Essa tese se insere nos estudos sobre o ensino da leitura e os processos de construção de identidades sociais dos educandos. Tivemos como objetivo geral investigar os discursos de uma professora e dos discentes, desenvolvidos em momentos de interação nas aulas de leitura em uma sala de aula da Educação de Jovens e Adultos, buscando identificar os efeitos de sentido daquelas práticas discursivas em relação às possíveis contribuições para a construção das identidades étnico-raciais dos estudantes. Tomando como aporte teórico os estudos de Fairclough (2001), compreendemos que os processos de interações em sala de aula organizam relações sociais, que podem se estabelecer também em práticas emancipatórias, práticas de inclusão social na medida em que os discursos configuram-se em uma prática política, ideológica, podendo constituir, naturalizar, manter e transformar os significados de mundo nas mais diferentes posições das relações de poder. Desenvolvemos uma metodologia qualitativa de pesquisa, dialogando com a análise de discurso textualmente orientada (ADTO) proposta por aquele autor. Nosso corpus foi composto por observações de aulas, gravadas em áudio e vídeos e de entrevistas semi-estruturadas com uma professora e estudantes de uma sala de aula da EJA, do 3º módulo, de uma rede municipal de ensino. As análises ressaltaram a importância da educação das relações étnico-raciais para problematizar e desvelar o processo de construção das formações discursivas sobre o racismo na sociedade brasileira, apontando o papel que as teorias racialistas desempenharam para naturalizar a inferioridade do negro, e a influência do mito da democracia racial nos processos de silenciamento e invisibilidade das situações de racismo e desigualdades entre brancos e negros no Brasil. Identificamos nos discursos analisados o surgimento de marcas de sentidos que emergiram nos enunciados, através das seguintes ideias-forças: o negro sofre discriminação no Brasil; não existe discriminação contra o negro no Brasil; o próprio negro é racista; falar sobre a discriminação contra o negro gera tristeza/constrangimento. Tais ideias ilustravam como os discursos sobre o racismo no Brasil eram produzidos, distribuídos e consumidos nas práticas sociais. Observamos que independentemente do pertencimento racial, os estudantes observados estabeleceram um diálogo com os autores, atribuindo sentidos aos textos lidos, tomando como base as pistas textuais, mobilizando seus conhecimentos prévios e suas experiências pregressas com as situações de discriminação racial. Contudo, também houve momentos nos quais os estudantes não estabeleceram um diálogo mais efetivo com os autores, apresentando falhas no processo de compreensão textual. As falhas no processo de compreensão pareceu-nos ter sido motivada por diferentes motivos, dentre eles, identificamos o pouco domínio das correspondências grafofônicas, a falta de conhecimentos prévios necessários para lidar com o texto, e a interdição provocada por uma rejeição ao que foi dito no texto ou ao próprio tema das relações étnico-raciais. Concluímos que a leitura na escola de textos sobre as relações étnico-raciais se constitui em uma ferramenta importante para o desenvolvimento de discursos contra hegemônicos, emancipatórios como campo de possibilidades de resistência e críticas aos múltiplos processos de desigualdades étnico-raciais, econômico-sociais e de exclusão histórico-cultural, promovendo a compreensão e a superação de práticas racistas e a inclusão social dos estudantes da EJA |
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Tomando como aporte teórico os estudos de Fairclough (2001), compreendemos que os processos de interações em sala de aula organizam relações sociais, que podem se estabelecer também em práticas emancipatórias, práticas de inclusão social na medida em que os discursos configuram-se em uma prática política, ideológica, podendo constituir, naturalizar, manter e transformar os significados de mundo nas mais diferentes posições das relações de poder. Desenvolvemos uma metodologia qualitativa de pesquisa, dialogando com a análise de discurso textualmente orientada (ADTO) proposta por aquele autor. Nosso corpus foi composto por observações de aulas, gravadas em áudio e vídeos e de entrevistas semi-estruturadas com uma professora e estudantes de uma sala de aula da EJA, do 3º módulo, de uma rede municipal de ensino. As análises ressaltaram a importância da educação das relações étnico-raciais para problematizar e desvelar o processo de construção das formações discursivas sobre o racismo na sociedade brasileira, apontando o papel que as teorias racialistas desempenharam para naturalizar a inferioridade do negro, e a influência do mito da democracia racial nos processos de silenciamento e invisibilidade das situações de racismo e desigualdades entre brancos e negros no Brasil. Identificamos nos discursos analisados o surgimento de marcas de sentidos que emergiram nos enunciados, através das seguintes ideias-forças: o negro sofre discriminação no Brasil; não existe discriminação contra o negro no Brasil; o próprio negro é racista; falar sobre a discriminação contra o negro gera tristeza/constrangimento. Tais ideias ilustravam como os discursos sobre o racismo no Brasil eram produzidos, distribuídos e consumidos nas práticas sociais. Observamos que independentemente do pertencimento racial, os estudantes observados estabeleceram um diálogo com os autores, atribuindo sentidos aos textos lidos, tomando como base as pistas textuais, mobilizando seus conhecimentos prévios e suas experiências pregressas com as situações de discriminação racial. Contudo, também houve momentos nos quais os estudantes não estabeleceram um diálogo mais efetivo com os autores, apresentando falhas no processo de compreensão textual. As falhas no processo de compreensão pareceu-nos ter sido motivada por diferentes motivos, dentre eles, identificamos o pouco domínio das correspondências grafofônicas, a falta de conhecimentos prévios necessários para lidar com o texto, e a interdição provocada por uma rejeição ao que foi dito no texto ou ao próprio tema das relações étnico-raciais. Concluímos que a leitura na escola de textos sobre as relações étnico-raciais se constitui em uma ferramenta importante para o desenvolvimento de discursos contra hegemônicos, emancipatórios como campo de possibilidades de resistência e críticas aos múltiplos processos de desigualdades étnico-raciais, econômico-sociais e de exclusão histórico-cultural, promovendo a compreensão e a superação de práticas racistas e a inclusão social dos estudantes da EJAUniversidade de PernambucoporUniversidade Federal de PernambucoAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessLeituraIdentidades Étnico-raciaisRacismoPráticas DiscursivasEducação de Jovens e AdultosLeitura e identidades étnico-raciais: reflexões sobre práticas discursivas na educação de jovens e adultosinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILarquivo243_1.pdf.jpgarquivo243_1.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1210https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/3784/4/arquivo243_1.pdf.jpg788752307244bb2df3451e0d8efd6bf2MD54ORIGINALarquivo243_1.pdfapplication/pdf1020501https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/3784/1/arquivo243_1.pdf3e57e6dae4abe2f6d8841bcbb47d1cc9MD51LICENSElicense.txttext/plain1748https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/3784/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTarquivo243_1.pdf.txtarquivo243_1.pdf.txtExtracted texttext/plain716778https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/3784/3/arquivo243_1.pdf.txt6fbc0dcf903033de31d6fcea0e8a4f1dMD53123456789/37842019-10-25 04:37:25.941oai:repositorio.ufpe.br:123456789/3784Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufpe.br/oai/requestattena@ufpe.bropendoar:22212019-10-25T07:37:25Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)false |
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