Quando a dúvida condena : a composição ímpar do conselho de sentença no tribunal do júri no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Trindade, Luísa Moraes
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/261839
Resumo: No Brasil, o princípio basilar que orienta o Estado Democrático de Direito vem consolidado, entre suas diversas manifestações, pela presunção de inocência, que assegura que ninguém será considerado culpado sem o trânsito em julgado de decisão condenatória. Como desdobramento necessário de tal garantia, surge o brocardo do in dubio pro reo, que garante que a dúvida, sempre que existente, será resolvida em favor do acusado. Junto a isso, o ordenamento jurídico brasileiro internalizou a compreensão, por meio do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de que a sentença condenatória apenas será proferida se o acusado for considerado culpado além de qualquer dúvida razoável. O mesmo entendimento já foi chancelado por diversas decisões das Cortes Superiores como razão para decidir, principalmente quando da análise dos standards de prova necessários para o édito condenatório. Desse modo, considerando estas premissas, o presente trabalho objetiva responder o seguinte problema: o tribunal do júri, tal como hoje previsto pela legislação infraconstitucional, respeita e atende às garantias da presunção de inocência e suas decorrências, especialmente quando das condenações proferidas por um único voto de diferença? No intento de respondê-lo, utiliza-se do método hipotético-dedutivo, partindo-se de uma abordagem interdisciplinar realizada a partir de revisão bibliográfica do âmbito das ciências jurídicas, sobretudo do processo penal, da epistemologia jurídica e, em certa medida, da literatura. Ao final, a solução ventilada é uma proposta lege ferenda, propondo a necessária incorporação de um número par de oito jurados para compor o conselho de sentença do júri brasileiro, o que, além de permitir cenários de empate que seriam sempre resolvidos em favor do réu, diminuiria a hipótese de erro judicial e de insegurança nas decisões condenatórias, pois estas só seriam possíveis com dois votos de diferença.
id UFRGS-2_9e9f2113948a5d361cf13bc1f57b0da8
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/261839
network_acronym_str UFRGS-2
network_name_str Repositório Institucional da UFRGS
repository_id_str
spelling Trindade, Luísa MoraesSilva, Pablo Rodrigo Alflen da2023-07-06T03:54:05Z2023http://hdl.handle.net/10183/261839001169219No Brasil, o princípio basilar que orienta o Estado Democrático de Direito vem consolidado, entre suas diversas manifestações, pela presunção de inocência, que assegura que ninguém será considerado culpado sem o trânsito em julgado de decisão condenatória. Como desdobramento necessário de tal garantia, surge o brocardo do in dubio pro reo, que garante que a dúvida, sempre que existente, será resolvida em favor do acusado. Junto a isso, o ordenamento jurídico brasileiro internalizou a compreensão, por meio do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de que a sentença condenatória apenas será proferida se o acusado for considerado culpado além de qualquer dúvida razoável. O mesmo entendimento já foi chancelado por diversas decisões das Cortes Superiores como razão para decidir, principalmente quando da análise dos standards de prova necessários para o édito condenatório. Desse modo, considerando estas premissas, o presente trabalho objetiva responder o seguinte problema: o tribunal do júri, tal como hoje previsto pela legislação infraconstitucional, respeita e atende às garantias da presunção de inocência e suas decorrências, especialmente quando das condenações proferidas por um único voto de diferença? No intento de respondê-lo, utiliza-se do método hipotético-dedutivo, partindo-se de uma abordagem interdisciplinar realizada a partir de revisão bibliográfica do âmbito das ciências jurídicas, sobretudo do processo penal, da epistemologia jurídica e, em certa medida, da literatura. Ao final, a solução ventilada é uma proposta lege ferenda, propondo a necessária incorporação de um número par de oito jurados para compor o conselho de sentença do júri brasileiro, o que, além de permitir cenários de empate que seriam sempre resolvidos em favor do réu, diminuiria a hipótese de erro judicial e de insegurança nas decisões condenatórias, pois estas só seriam possíveis com dois votos de diferença.In Brazil, the basic principle that guidesthe Democratic State of Law has been consolidated, among its various manifestations, by the presumption of innocence, which ensures that no one will be found guilty without a final and unappealable decision. As a necessary consequence of such guarantee, the brocard of in dubio pro reo arises, which guarantees that the doubt, whenever it exists, will be resolved in favor of the accused. Along with this, the Brazilian legal system has internalized the understanding, through the Rome Statute of the International Criminal Court, that the conviction will only be handed down if the accused is found guilty beyond any reasonable doubt. The same understanding has already been endorsed by several decisions of the Superior Courts as a reason to decide, mainly when analyzing the standards of proof necessary for the condemnatory edict. Thus, considering these premises, the present work aims to answer the following problem: does the jury court, as currently provided by infra-constitutional legislation, respects and meets the guarantees of the presumption of innocence and its consequences, especially when condemnations are handed down by a single vote difference? In an attempt to answer it, the hypothetical-deductive method is used, starting from an interdisciplinary approach carried out from a bibliographical review of the scope of legal sciences, especially criminal procedure, legal epistemology and, to a certain extent, the literature. In the end, the ventilated solution is a lege ferenda proposal, proposing the necessary incorporation of an even number of eight jurors to compose the sentencing council of the Brazilian jury, which, in addition to allowing for tie scenarios that would always be resolved in favor of the defendant, would reduce the chance of judicial error and uncertainty in condemnatory decisions, as these would only be possible with two votes apart.application/pdfporTribunal do juriPresunção de inocênciaJury CourtPresumption of innocenceIn Dubio Pro ReoStandard of proofProof beyond a reasonable doubtQuando a dúvida condena : a composição ímpar do conselho de sentença no tribunal do júri no Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de DireitoPorto Alegre, BR-RS2023Ciências Jurídicas e Sociaisgraduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001169219.pdf.txt001169219.pdf.txtExtracted Texttext/plain183399http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/261839/2/001169219.pdf.txtc4db1459898c5cca97f68305928e39a3MD52ORIGINAL001169219.pdfTexto completoapplication/pdf758760http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/261839/1/001169219.pdf00230a5aea1ae4128a3cd4c91c7f07a4MD5110183/2618392023-07-07 03:34:44.893568oai:www.lume.ufrgs.br:10183/261839Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2023-07-07T06:34:44Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Quando a dúvida condena : a composição ímpar do conselho de sentença no tribunal do júri no Brasil
title Quando a dúvida condena : a composição ímpar do conselho de sentença no tribunal do júri no Brasil
spellingShingle Quando a dúvida condena : a composição ímpar do conselho de sentença no tribunal do júri no Brasil
Trindade, Luísa Moraes
Tribunal do juri
Presunção de inocência
Jury Court
Presumption of innocence
In Dubio Pro Reo
Standard of proof
Proof beyond a reasonable doubt
title_short Quando a dúvida condena : a composição ímpar do conselho de sentença no tribunal do júri no Brasil
title_full Quando a dúvida condena : a composição ímpar do conselho de sentença no tribunal do júri no Brasil
title_fullStr Quando a dúvida condena : a composição ímpar do conselho de sentença no tribunal do júri no Brasil
title_full_unstemmed Quando a dúvida condena : a composição ímpar do conselho de sentença no tribunal do júri no Brasil
title_sort Quando a dúvida condena : a composição ímpar do conselho de sentença no tribunal do júri no Brasil
author Trindade, Luísa Moraes
author_facet Trindade, Luísa Moraes
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Trindade, Luísa Moraes
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Silva, Pablo Rodrigo Alflen da
contributor_str_mv Silva, Pablo Rodrigo Alflen da
dc.subject.por.fl_str_mv Tribunal do juri
Presunção de inocência
topic Tribunal do juri
Presunção de inocência
Jury Court
Presumption of innocence
In Dubio Pro Reo
Standard of proof
Proof beyond a reasonable doubt
dc.subject.eng.fl_str_mv Jury Court
Presumption of innocence
In Dubio Pro Reo
Standard of proof
Proof beyond a reasonable doubt
description No Brasil, o princípio basilar que orienta o Estado Democrático de Direito vem consolidado, entre suas diversas manifestações, pela presunção de inocência, que assegura que ninguém será considerado culpado sem o trânsito em julgado de decisão condenatória. Como desdobramento necessário de tal garantia, surge o brocardo do in dubio pro reo, que garante que a dúvida, sempre que existente, será resolvida em favor do acusado. Junto a isso, o ordenamento jurídico brasileiro internalizou a compreensão, por meio do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de que a sentença condenatória apenas será proferida se o acusado for considerado culpado além de qualquer dúvida razoável. O mesmo entendimento já foi chancelado por diversas decisões das Cortes Superiores como razão para decidir, principalmente quando da análise dos standards de prova necessários para o édito condenatório. Desse modo, considerando estas premissas, o presente trabalho objetiva responder o seguinte problema: o tribunal do júri, tal como hoje previsto pela legislação infraconstitucional, respeita e atende às garantias da presunção de inocência e suas decorrências, especialmente quando das condenações proferidas por um único voto de diferença? No intento de respondê-lo, utiliza-se do método hipotético-dedutivo, partindo-se de uma abordagem interdisciplinar realizada a partir de revisão bibliográfica do âmbito das ciências jurídicas, sobretudo do processo penal, da epistemologia jurídica e, em certa medida, da literatura. Ao final, a solução ventilada é uma proposta lege ferenda, propondo a necessária incorporação de um número par de oito jurados para compor o conselho de sentença do júri brasileiro, o que, além de permitir cenários de empate que seriam sempre resolvidos em favor do réu, diminuiria a hipótese de erro judicial e de insegurança nas decisões condenatórias, pois estas só seriam possíveis com dois votos de diferença.
publishDate 2023
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2023-07-06T03:54:05Z
dc.date.issued.fl_str_mv 2023
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/bachelorThesis
format bachelorThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/261839
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 001169219
url http://hdl.handle.net/10183/261839
identifier_str_mv 001169219
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Repositório Institucional da UFRGS
collection Repositório Institucional da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/261839/2/001169219.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/261839/1/001169219.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv c4db1459898c5cca97f68305928e39a3
00230a5aea1ae4128a3cd4c91c7f07a4
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1801224663735468032