O lugar social de uma neguinha e a desobediência racial da mulher negra: sobre discursos, deslocamentos e escrevivências
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRRJ |
Texto Completo: | https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9939 |
Resumo: | Do mesmo modo que anunciou Neusa Santos Souza, eu vivi o processo de tornar-me negra. Essa descoberta deu-se pelo corpo-voz de Azoilda Loretto da Trindade, em 2011, quando eu tinha 22 anos. Mas somente após a conclusão do mestrado, já tendo iniciado o processo de doutoramento, compreendi que meu corpo-mulher-negra, como nos enfatiza Conceição Evaristo, havia sido atravessado pelo racismo desde a infância. Assim, o que você encontrará nesta escrita, a partir de escrevivências, são os discursos que objetivam, direta ou subjetivamente, determinar um lugar social de subserviência às mulheres negras; buscando compreender em termos práticos como as categorias raciais discutidas no contexto acadêmico operam nas nossas vidas. Todavia, é necessário compreender também que os “passos que vêm de longe” nos alcançaram, provocando deslocamentos desses lugares definidos pelo racismo, que será aqui apresentado como “desobediência racial”. Nesse sentido, a presente pesquisa objetiva analisar não somente as narrativas que pretendem nos definir, mas os meios pelos quais buscamos escrever nossa própria história, sendo nós as protagonistas da escolha do lugar que devemos ocupar, explicitando que as trajetórias pessoais das mulheres negras, são trajetórias políticas. Com vistas a alcançar os objetivos aqui descritos, apresentarei escrevivências pessoais de diversas fases etárias, dialogando com as escrevivências da minha mãe e de duas companheiras da academia e de vida. E no caminho de encerramento deste texto, lamentavelmente concluo que, por mais que seguimos nos deslocando, desobedecendo, na busca de romper as estruturas do racismo, este não recua, pois mesmo ocupando lugares “outros”, segue a nos rotular. Em contrapartida, nós seguimos e seguiremos nos movimentando na contramão de “uma história única”, para que façamos “uma história escrita por mãos negras”. Estarão comigo neste xirê, nesta roda ou travessia: Márcia do Carmo, Maria Carolina, Neuza Maria, bell hooks, Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Nilma Lino Gomes, Chimamanda Ngozi Adichie, Grada Kilomba, Audre Lorde e tantas outras mulheres negras que “ousaram” teorizar suas escrevivências. |
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Cunha, Lilian do Carmo de OliveiraOliveira, Luiz Fernandes dehttp://lattes.cnpq.br/7006752768658988Oliveira, Luiz Fernandes deSilva, Fernanda Felisberto daBaião, Jonê CarlaOliveira, Luiza Rodrigues deBarbosa, Priscilla Bezerrahttp://lattes.cnpq.br/20702093297111512023-12-21T18:54:43Z2023-12-21T18:54:43Z2023-04-17CUNHA, Lilian do Carmo de Oliveira. O lugar social de uma neguinha e a desobediência racial da mulher negra: sobre discursos, deslocamentos e escrevivências. 2023. 119 f. Tese (Doutorado em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares) - Instituto de Educação/Instituto Multidisciplinar, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica/Nova Iguaçu, RJ, 2023.https://rima.ufrrj.br/jspui/handle/20.500.14407/9939Do mesmo modo que anunciou Neusa Santos Souza, eu vivi o processo de tornar-me negra. Essa descoberta deu-se pelo corpo-voz de Azoilda Loretto da Trindade, em 2011, quando eu tinha 22 anos. Mas somente após a conclusão do mestrado, já tendo iniciado o processo de doutoramento, compreendi que meu corpo-mulher-negra, como nos enfatiza Conceição Evaristo, havia sido atravessado pelo racismo desde a infância. Assim, o que você encontrará nesta escrita, a partir de escrevivências, são os discursos que objetivam, direta ou subjetivamente, determinar um lugar social de subserviência às mulheres negras; buscando compreender em termos práticos como as categorias raciais discutidas no contexto acadêmico operam nas nossas vidas. Todavia, é necessário compreender também que os “passos que vêm de longe” nos alcançaram, provocando deslocamentos desses lugares definidos pelo racismo, que será aqui apresentado como “desobediência racial”. Nesse sentido, a presente pesquisa objetiva analisar não somente as narrativas que pretendem nos definir, mas os meios pelos quais buscamos escrever nossa própria história, sendo nós as protagonistas da escolha do lugar que devemos ocupar, explicitando que as trajetórias pessoais das mulheres negras, são trajetórias políticas. Com vistas a alcançar os objetivos aqui descritos, apresentarei escrevivências pessoais de diversas fases etárias, dialogando com as escrevivências da minha mãe e de duas companheiras da academia e de vida. E no caminho de encerramento deste texto, lamentavelmente concluo que, por mais que seguimos nos deslocando, desobedecendo, na busca de romper as estruturas do racismo, este não recua, pois mesmo ocupando lugares “outros”, segue a nos rotular. Em contrapartida, nós seguimos e seguiremos nos movimentando na contramão de “uma história única”, para que façamos “uma história escrita por mãos negras”. Estarão comigo neste xirê, nesta roda ou travessia: Márcia do Carmo, Maria Carolina, Neuza Maria, bell hooks, Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Nilma Lino Gomes, Chimamanda Ngozi Adichie, Grada Kilomba, Audre Lorde e tantas outras mulheres negras que “ousaram” teorizar suas escrevivências.CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorDe igual modo que anunció Neusa Santos Souza, viví el proceso de volverme negra. Esa descubierta se dio por el voz-cuerpo de Azoilda Loretto da Trindade, en 2011, cuando tenía 22 años. Pero sólo después de la conclusión del programa de maestría, ya empezado el proceso del doctorado, me di cuenta que mi cuerpo-mujer-negra, como nos destaca Conceição Evaristo, había sido cruzado por el racismo desde la niñez. Por lo tanto, lo que encontrarás en esta escrita, a partir de “escrevivências”, son los discursos que objetivan, directa o subjetivamente, determinar un lugar social de sumisión a las mujeres negras; buscando comprender en términos prácticos como las categorías raciales discutidas en el contexto académico funcionan en nuestras vidas. Sin embargo, es necesario comprender también que los “pasos venidos de lejos” nos han llegado, provocando desplazamientos de esos lugares definidos por el racismo, que aquí presentado como “desobediencia racial”. En ese sentido, la presente búsqueda objetiva analizar no sólo las narraciones que tratan de definirnos, pero los medios por los cuales buscamos escribir nuestra propia historia, siendo nosotras las protagonistas de la decisión del lugar que debemos ocupar, explicando que los trayectos personales de las mujeres negras son trayectos políticos. Con el fin de lograr los objetivos aquí descritos, presentaré “escrevivências” personales de diversas etapas de edad, dialogando con las “escrevivências” de mi madre y de dos compañeras de la academia y de vida. Y en el camino de encerramiento de este texto, lamentablemente concluyo que, por mucho que sigamos desplazándonos, desobedeciendo, en la búsqueda de romper las estructuras del racismo, no retrocede, porque incluso ocupando lugares “otros”, sigue etiquetándonos. Por otro lado, nosotras seguimos y seguiremos moviéndonos en contra de “una historia única”, para que hagamos “una historia por manos negras”. Estarán conmigo en este “Xirê”, en este dialogo o jornada; Márcia do Carmo, Maria Carolina, Neuza Maria, bell hooks, Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Nilma Lino Gomes, Chimamanda Ngozi Adichie, Grada Kilomba, Audre Lorde y tantas otras mujeres negras que “se atrevieron a” teorizar sus “escrevivências”.In the same way that has announced Neusa Santos Souza, I passed through the process of becoming black. This discovery was made by the body-voice of Azoilda Loretto da Trindade, in 2011, when I was 22. But only after the completion of master's degree, having already started the doctoral process, I found out that mt body-woman-black, as it emphasizes by Conceição Evaristo, had been crossed by the racism since childhood. So, what you will find in this writing, from the "escrevivências" , are the speeches that aim, right or subjectively, determine a social place of subservience to black women, searching to understand in pratical terms how the racial categories discussed in the academic context operam in our lives. However, it's necessary to also understand that the "steps that come from afar" had reached us, causing displacements of these defined places by the racism, that will be presented here as "racial disobedience". In this way, this present research aims to analise not just the narrative that pretends to define us, but the means by which we seek to write our own history, being us the protagonists of choice of the place that we should occupy, explaining that personal trajectories of black women are politics trajectories. With a view to achieving the objectives here described, I'll present personal “escrevivências” of different age stages, dialoguing with my mom's “escrevivências” and with two com companions of the academy and life. And in the final path of this text, I unfortunately conclude that, however we keep moving us, disobeying, seeking to break the structures of racism, this doesn't retreat, because even occupying places "others", keep labeling us. In contrast, we move and will keep moving against the grains of "a unique history", for us to do "a history writed by black hands". Will be with me in this “xirê”, on this circle or crossing: Márcia do Carmo, Maria Carolina, Neuza Maria, bell hooks, Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Nilma Lino Gomes, Chimamanda Ngozi Adichie, Grada Kilomba, Audre Lorde and so many others black women who "dared" to theorize their “escrevivências”.application/pdfporUniversidade Federal Rural do Rio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas PopularesUFRRJBrasilInstituto Multidisciplinar de Nova IguaçuInstituto de Educaçãoracismolugar socialescrevivênciadesobediência racialmulheres negrasmujeres negrasracismsocial placeblack womensocial disobedienceEducaçãoO lugar social de uma neguinha e a desobediência racial da mulher negra: sobre discursos, deslocamentos e escrevivênciasThe social place of a “neguinha” and the racial disobedience of the black woman: about speeches, displacements and “escrevivências”El lugar social de una negrita y la desobediencia racial de la mujer negra: discursos, desplazamientos y “escrevivências"info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisADICHIE, Chimamanda Ngozi. 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Do mesmo modo que anunciou Neusa Santos Souza, eu vivi o processo de tornar-me negra. Essa descoberta deu-se pelo corpo-voz de Azoilda Loretto da Trindade, em 2011, quando eu tinha 22 anos. Mas somente após a conclusão do mestrado, já tendo iniciado o processo de doutoramento, compreendi que meu corpo-mulher-negra, como nos enfatiza Conceição Evaristo, havia sido atravessado pelo racismo desde a infância. Assim, o que você encontrará nesta escrita, a partir de escrevivências, são os discursos que objetivam, direta ou subjetivamente, determinar um lugar social de subserviência às mulheres negras; buscando compreender em termos práticos como as categorias raciais discutidas no contexto acadêmico operam nas nossas vidas. Todavia, é necessário compreender também que os “passos que vêm de longe” nos alcançaram, provocando deslocamentos desses lugares definidos pelo racismo, que será aqui apresentado como “desobediência racial”. Nesse sentido, a presente pesquisa objetiva analisar não somente as narrativas que pretendem nos definir, mas os meios pelos quais buscamos escrever nossa própria história, sendo nós as protagonistas da escolha do lugar que devemos ocupar, explicitando que as trajetórias pessoais das mulheres negras, são trajetórias políticas. Com vistas a alcançar os objetivos aqui descritos, apresentarei escrevivências pessoais de diversas fases etárias, dialogando com as escrevivências da minha mãe e de duas companheiras da academia e de vida. E no caminho de encerramento deste texto, lamentavelmente concluo que, por mais que seguimos nos deslocando, desobedecendo, na busca de romper as estruturas do racismo, este não recua, pois mesmo ocupando lugares “outros”, segue a nos rotular. Em contrapartida, nós seguimos e seguiremos nos movimentando na contramão de “uma história única”, para que façamos “uma história escrita por mãos negras”. Estarão comigo neste xirê, nesta roda ou travessia: Márcia do Carmo, Maria Carolina, Neuza Maria, bell hooks, Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Nilma Lino Gomes, Chimamanda Ngozi Adichie, Grada Kilomba, Audre Lorde e tantas outras mulheres negras que “ousaram” teorizar suas escrevivências. |
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2023 |
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CUNHA, Lilian do Carmo de Oliveira. O lugar social de uma neguinha e a desobediência racial da mulher negra: sobre discursos, deslocamentos e escrevivências. 2023. 119 f. Tese (Doutorado em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares) - Instituto de Educação/Instituto Multidisciplinar, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica/Nova Iguaçu, RJ, 2023. |
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CUNHA, Lilian do Carmo de Oliveira. O lugar social de uma neguinha e a desobediência racial da mulher negra: sobre discursos, deslocamentos e escrevivências. 2023. 119 f. Tese (Doutorado em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares) - Instituto de Educação/Instituto Multidisciplinar, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica/Nova Iguaçu, RJ, 2023. |
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