Diagnósticos de deficiências e transtornos na Educação Infantil: dispositivos a serviço de quê?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gonçalves, Maria Rozineti [UNIFESP]
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFESP
dARK ID: ark:/48912/001300000vt7n
Texto Completo: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/67163
Resumo: Este trabalho apresenta uma investigação sobre os modos como diagnósticos de deficiência e transtornos incidem sobre processos de inclusão escolar na Educação Infantil em um município paulista. Analisa racionalidades (crenças e razões) e concepções que sustentam esses dispositivos-diagnósticos de identificação e classificação das crianças em sua relação com políticas públicas e teorizações. Como objetivos específicos identificou como os diagnósticos são produzidos: quem realiza, onde, quando, como, a partir do que, para que; investigou e discutiu quais informações esses diagnósticos revelam na rede municipal de educação; analisou e discutiu a relevância das informações diagnósticas e os usos e efeitos decorrentes para organização do atendimento em educação e, por fim, compreendeu em que medida e como processos de qualificação via diagnóstico concorrem para a inclusão escolar e o atendimento educacional especializado de crianças de zero a cinco anos. Trata-se de pesquisa qualitativa com aporte na Psicologia Histórico-Cultural de Vigotski, abordagem que propõe e explica a dimensão social dos processos de aprendizagem e de desenvolvimento, perfazendo um campo teórico fértil para a discussão contemporânea da produção de diagnósticos e transtornos na infância, a partir do deslocamento de compreensões e ênfases médico-psicológicas de bases biológicas para as que destaquem as dimensões histórico-cultural, política e social. O trabalho empírico envolveu a realização de entrevistas semiestruturadas, online e em modo síncrono com treze profissionais (psicólogas, pedagogas, gestoras e professoras), responsáveis por ações diagnósticas e vinculadas à Secretaria de Educação. Apresenta breve história da Educação Infantil no Brasil e no município, em seu funcionamento e relação com a Educação Inclusiva. Recupera e discute documentos produzidos pela rede sobre o tema, destacando o lugar da Psicologia Escolar em sua relação com os dispositivos de diagnósticos. As análises das perspectivas das participantes têm como base a ideia do diagnóstico como dispositivo social e seus desdobramentos e foram compostas por 4 eixos: (1) como a escola se mobiliza perante as crianças não normativas e como se dá a emergência do diagnóstico - “Uma criança de 5 anos sacode toda uma escola”; (2) a solicitação do diagnóstico como explicação (única) desses processos e sua gênese - “Saíram tudo do armário”; (3) o aumento dos diagnósticos precoces, especialmente do autismo/TEA - “(vendo) pelo em ovo” e (4) a ótica da medicalização da infância e da deficiência – É preciso “matar a infância”?. Os apontamentos e as reflexões produzidas sobre o diagnóstico como dispositivo social revelam como ele produz uma rede de elementos que incide, alimenta, organiza e governa diferentes aspectos do processo educativo e inclusivo, convergindo em forças que têm sustentado os processos de capacitismo e medicalização na educação infantil.
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Como objetivos específicos identificou como os diagnósticos são produzidos: quem realiza, onde, quando, como, a partir do que, para que; investigou e discutiu quais informações esses diagnósticos revelam na rede municipal de educação; analisou e discutiu a relevância das informações diagnósticas e os usos e efeitos decorrentes para organização do atendimento em educação e, por fim, compreendeu em que medida e como processos de qualificação via diagnóstico concorrem para a inclusão escolar e o atendimento educacional especializado de crianças de zero a cinco anos. Trata-se de pesquisa qualitativa com aporte na Psicologia Histórico-Cultural de Vigotski, abordagem que propõe e explica a dimensão social dos processos de aprendizagem e de desenvolvimento, perfazendo um campo teórico fértil para a discussão contemporânea da produção de diagnósticos e transtornos na infância, a partir do deslocamento de compreensões e ênfases médico-psicológicas de bases biológicas para as que destaquem as dimensões histórico-cultural, política e social. O trabalho empírico envolveu a realização de entrevistas semiestruturadas, online e em modo síncrono com treze profissionais (psicólogas, pedagogas, gestoras e professoras), responsáveis por ações diagnósticas e vinculadas à Secretaria de Educação. Apresenta breve história da Educação Infantil no Brasil e no município, em seu funcionamento e relação com a Educação Inclusiva. Recupera e discute documentos produzidos pela rede sobre o tema, destacando o lugar da Psicologia Escolar em sua relação com os dispositivos de diagnósticos. As análises das perspectivas das participantes têm como base a ideia do diagnóstico como dispositivo social e seus desdobramentos e foram compostas por 4 eixos: (1) como a escola se mobiliza perante as crianças não normativas e como se dá a emergência do diagnóstico - “Uma criança de 5 anos sacode toda uma escola”; (2) a solicitação do diagnóstico como explicação (única) desses processos e sua gênese - “Saíram tudo do armário”; (3) o aumento dos diagnósticos precoces, especialmente do autismo/TEA - “(vendo) pelo em ovo” e (4) a ótica da medicalização da infância e da deficiência – É preciso “matar a infância”?. Os apontamentos e as reflexões produzidas sobre o diagnóstico como dispositivo social revelam como ele produz uma rede de elementos que incide, alimenta, organiza e governa diferentes aspectos do processo educativo e inclusivo, convergindo em forças que têm sustentado os processos de capacitismo e medicalização na educação infantil.This research presents an investigation about how diagnosis of disabilities and disorders influence the process of educational inclusion in Children’s Education in small city of the state of São Paulo. Analyze rationally (beliefs and reasons) and concepts that hold these mechanisms of identification diagnosis and the classification of children regarding public policies and theorization. As main objectives, it was established: to identify how diagnosis are made: who, where, when and how they are made, from what data, for what; to investigate and discuss which information these diagnoses reveal about the small towns educational systems; to analyze and discuss the importance of diagnostics information and their use and effects on the educational system and, at last, to understand how the qualification process through diagnosis compete for school inclusion and specialized educational treatment for children from zero to five years old. This study addresses Vigotski’s Cultural-Historical Physiology, which explains the social dimensions of learning processes and developments, based on a broad and rich theoretical field for contemporary discussions about production of diagnosis and disorders on children, from the biologically based changes of comprehension of medial-psychological to the emphasis on cultural-historical, political and social dimensions. The study was made with semi-structured interviews, on-line and live with thirteen professionals (psychologists, pedagogues, managers and teachers), responsible for diagnostics actions linked with the educational secretary. It presents a brief history of Children’s Education on Brazil and on a small town, regarding its actions and relations with Educational Inclusivity. It recovers and discusses documents made by the education system about this subject, stressing the role of School Psychology concerning the diagnostic devices. The analyses through the participants points of view places the idea of the diagnosis as a social device and its developments and are separate in: (1) how the school behaves upon non-normative children and the emergency of the diagnosis – “A five-year-old shakes the whole school”; (2) the request for a diagnosis as the only explanation for those developments and its genesis – “They are all out of the closet”; (3) the increase in early diagnosis, especially with autism/ASD – “It is seeing hair on eggs” e (4) the lenses of childhood medicalization and disability – It is needed “to kill the childhood”?. The highlights and reflections made about the diagnosis as a social device reveal how the network of elements produce a focus, influence, a hunger and a conduct in different aspects of the education and inclusivity processes, converting on strength that have hold the ableism processes and medicalization in Children’s Education.Não recebi financiamentoUniversidade Federal de São PauloCarvalho, Maria de Fátima [UNIFESP]http://lattes.cnpq.br/1875338693729537http://lattes.cnpq.br/5750664333808639Gonçalves, Maria Rozineti [UNIFESP]2023-03-01T17:25:32Z2023-03-01T17:25:32Z2022-09-30info:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion243 f.application/pdfGONÇALVES, Maria Rozineti. Diagnósticos de deficiências e transtornos na Educação Infantil: dispositivos a serviço de quê? 2022. 243 f. Tese (Doutorado em Ciências) Educação e Saúde na Infância e Adolescência. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, 2022.https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/67163ark:/48912/001300000vt7nporUniversidade Federal de São Paulo Campus Guarulhosinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UNIFESPinstname:Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)instacron:UNIFESP2024-08-12T13:47:31Zoai:repositorio.unifesp.br/:11600/67163Repositório InstitucionalPUBhttp://www.repositorio.unifesp.br/oai/requestbiblioteca.csp@unifesp.bropendoar:34652024-12-11T20:40:14.328224Repositório Institucional da UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)false
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