Necrobiopoder : Quem pode habitar o Estado-nação?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bento, Berenice
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UnB
Texto Completo: http://repositorio.unb.br/handle/10482/33499
http://dx.doi.org/10.1590/18094449201800530005
Resumo: Nos estudos sobre pessoas trans, travestis, população negra, mulheres, entre outras, o Estado aparece como agente fundamental que distribui de forma não igualitária o reconhecimento de humanidade. Há um núcleo de referência bibliográfica compartilhado por este campo de pesquisa. O conceito de biopoder de Michael Foucault, como técnica de governo que tem como objetivo “fazer viver, deixar morrer”, é recorrente. Quando as pesquisas se referem à violência do Estado, geralmente se aciona a noção de “soberania”, também de Foucault, em contraposição à de governabilidade (conjunto de técnicas voltadas para o cuidado da vida). Mais recentemente o conceito de necropoder de Achille Mbembe passou a compor este corpus conceitual. Este artigo sugere outro conceito: necrobiopoder. Necropoder e biopoder são termos indissociáveis para se pensar a relação do Estado com os grupos humanos que habitaram e habitam os marcos do Estado-nação. Vida vivível e vida matável, para utilizar os termos de Giorgio Agamben, são formas de gestão da população e não podem ser postas em uma perspectiva cronológica, em que o necropoder (ou poder soberano) teria sido ultrapassado pelo biopoder.
id UNB_1e553d080029799cc12fc419cdd6ca86
oai_identifier_str oai:repositorio.unb.br:10482/33499
network_acronym_str UNB
network_name_str Repositório Institucional da UnB
repository_id_str
spelling Necrobiopoder : Quem pode habitar o Estado-nação?Necrobiopower : Who can inhabit the Nation-State?NecrobiopoderReconhecimentoNos estudos sobre pessoas trans, travestis, população negra, mulheres, entre outras, o Estado aparece como agente fundamental que distribui de forma não igualitária o reconhecimento de humanidade. Há um núcleo de referência bibliográfica compartilhado por este campo de pesquisa. O conceito de biopoder de Michael Foucault, como técnica de governo que tem como objetivo “fazer viver, deixar morrer”, é recorrente. Quando as pesquisas se referem à violência do Estado, geralmente se aciona a noção de “soberania”, também de Foucault, em contraposição à de governabilidade (conjunto de técnicas voltadas para o cuidado da vida). Mais recentemente o conceito de necropoder de Achille Mbembe passou a compor este corpus conceitual. Este artigo sugere outro conceito: necrobiopoder. Necropoder e biopoder são termos indissociáveis para se pensar a relação do Estado com os grupos humanos que habitaram e habitam os marcos do Estado-nação. Vida vivível e vida matável, para utilizar os termos de Giorgio Agamben, são formas de gestão da população e não podem ser postas em uma perspectiva cronológica, em que o necropoder (ou poder soberano) teria sido ultrapassado pelo biopoder.In the studies on trans-people, transvestites, black population, women, among others, the state appears as a fundamental agent that distributes in a non-egalitarian way the recognition of humanity. There is a core bibliographical reference shared by this field of research. Michael Foucault’s concept of biopower, as a government technique that aims to “to make live, to let die”, is recurrent. When the research refers to state violence, it usually triggers the notion of “sovereignty”, also by Foucault's, as opposed to governability (a set of techniques that are life-oriented). More recently Achille Mbembe’s concept of necropower has become part of this conceptual corpus. This article suggests another concept: necrobiopower. Necropower and biopower are inseparable terms for one to think about the relation of the State with the human groups that inhabited and inhabit the marks of the Nation-State. Livable life and killable life, to use the terms of Giorgio Agamben, are forms of population management and cannot be put in a chronological perspective, where the necropower (or sovereign power) would have been surpassed by biopower.Núcleo de Estudos de Gênero - Pagu2019-01-02T13:52:43Z2019-01-02T13:52:43Z2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfBENTO, Berenice. Necrobiopoder: Quem pode habitar o Estado-nação?. Cadernos Pagu, Campinas, n. 53, e185305, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/18094449201800530005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332018000200405&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 17 abr. 2019. Epub June 11, 2018.http://repositorio.unb.br/handle/10482/33499http://dx.doi.org/10.1590/18094449201800530005(CC BY NC) - cadernos pagu tem seu conteúdo sob uma Licença Creative Commons.info:eu-repo/semantics/openAccessBento, Bereniceporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2023-05-27T00:00:31Zoai:repositorio.unb.br:10482/33499Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2023-05-27T00:00:31Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false
dc.title.none.fl_str_mv Necrobiopoder : Quem pode habitar o Estado-nação?
Necrobiopower : Who can inhabit the Nation-State?
title Necrobiopoder : Quem pode habitar o Estado-nação?
spellingShingle Necrobiopoder : Quem pode habitar o Estado-nação?
Bento, Berenice
Necrobiopoder
Reconhecimento
title_short Necrobiopoder : Quem pode habitar o Estado-nação?
title_full Necrobiopoder : Quem pode habitar o Estado-nação?
title_fullStr Necrobiopoder : Quem pode habitar o Estado-nação?
title_full_unstemmed Necrobiopoder : Quem pode habitar o Estado-nação?
title_sort Necrobiopoder : Quem pode habitar o Estado-nação?
author Bento, Berenice
author_facet Bento, Berenice
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Bento, Berenice
dc.subject.por.fl_str_mv Necrobiopoder
Reconhecimento
topic Necrobiopoder
Reconhecimento
description Nos estudos sobre pessoas trans, travestis, população negra, mulheres, entre outras, o Estado aparece como agente fundamental que distribui de forma não igualitária o reconhecimento de humanidade. Há um núcleo de referência bibliográfica compartilhado por este campo de pesquisa. O conceito de biopoder de Michael Foucault, como técnica de governo que tem como objetivo “fazer viver, deixar morrer”, é recorrente. Quando as pesquisas se referem à violência do Estado, geralmente se aciona a noção de “soberania”, também de Foucault, em contraposição à de governabilidade (conjunto de técnicas voltadas para o cuidado da vida). Mais recentemente o conceito de necropoder de Achille Mbembe passou a compor este corpus conceitual. Este artigo sugere outro conceito: necrobiopoder. Necropoder e biopoder são termos indissociáveis para se pensar a relação do Estado com os grupos humanos que habitaram e habitam os marcos do Estado-nação. Vida vivível e vida matável, para utilizar os termos de Giorgio Agamben, são formas de gestão da população e não podem ser postas em uma perspectiva cronológica, em que o necropoder (ou poder soberano) teria sido ultrapassado pelo biopoder.
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018
2019-01-02T13:52:43Z
2019-01-02T13:52:43Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv BENTO, Berenice. Necrobiopoder: Quem pode habitar o Estado-nação?. Cadernos Pagu, Campinas, n. 53, e185305, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/18094449201800530005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332018000200405&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 17 abr. 2019. Epub June 11, 2018.
http://repositorio.unb.br/handle/10482/33499
http://dx.doi.org/10.1590/18094449201800530005
identifier_str_mv BENTO, Berenice. Necrobiopoder: Quem pode habitar o Estado-nação?. Cadernos Pagu, Campinas, n. 53, e185305, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/18094449201800530005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332018000200405&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 17 abr. 2019. Epub June 11, 2018.
url http://repositorio.unb.br/handle/10482/33499
http://dx.doi.org/10.1590/18094449201800530005
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv (CC BY NC) - cadernos pagu tem seu conteúdo sob uma Licença Creative Commons.
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv (CC BY NC) - cadernos pagu tem seu conteúdo sob uma Licença Creative Commons.
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Núcleo de Estudos de Gênero - Pagu
publisher.none.fl_str_mv Núcleo de Estudos de Gênero - Pagu
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UnB
instname:Universidade de Brasília (UnB)
instacron:UNB
instname_str Universidade de Brasília (UnB)
instacron_str UNB
institution UNB
reponame_str Repositório Institucional da UnB
collection Repositório Institucional da UnB
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)
repository.mail.fl_str_mv repositorio@unb.br
_version_ 1810580714809196544