Inteligência Artificial e medicina
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UnB |
Texto Completo: | http://repositorio.unb.br/handle/10482/30605 http://dx.doi.org/10.1590/1981-52712015v41n2esp |
Resumo: | Ao mesmo tempo em que se discutem problemas na relação médico-paciente e a deficiência do exame clínico na atenção médica, que torna o diagnóstico clínico mais dependente de exames complementares, enfatiza-se cada vez mais a importância do computador em medicina e na saúde pública. Isto se dá seja pela adoção de sistemas de apoio à decisão clínica, seja pelo uso integrado de novas tecnologias, incluindo as tecnologias vestíveis/corporais (wearable devices), seja pelo armazenamento de grandes volumes de dados de saúde de pacientes e da população. A capacidade de armazenamento e processamento de dados aumentou exponencialmente ao longo dos recentes anos, criando o conceito de big data. A Inteligência Artificial processa esses dados por meio de algoritmos, que tendem a se aperfeiçoar pelo seu próprio funcionamento (self learning) e a propor hipóteses diagnósticas cada vez mais precisas. Sistemas computadorizados de apoio à decisão clínica, processando dados de pacientes, têm indicado diagnósticos com elevado nível de acurácia. O supercomputador da IBM, denominado Watson, armazenou um volume extraordinário de informações em saúde, criando redes neurais de processamento de dados em vários campos, como a oncologia e a genética. Watson assimilou dezenas de livros-textos em medicina, toda a informação do PubMed e Medline, e milhares de prontuários de pacientes do Sloan Kettering Memorial Cancer Hospital. Sua rede de oncologia é hoje consultada por especialistas de um grande número de hospitais em todo o mundo. O supercomputador inglês Deep Mind, da Google, registrou informações de 1,6 milhão de pacientes atendidos no National Health Service (NHS), permitindo desenvolver novos sistemas de apoio à decisão clínica, analisando dados desses pacientes, permitindo gerar alertas sobre a sua evolução, evitando medicações contraindicadas ou conflitantes e informando tempestivamente os profissionais de saúde sobre seus pacientes. O Deep Mind, ao avaliar um conjunto de imagens dermatológicas na pesquisa de melanoma, mostrou um desempenho melhor do que o de especialistas (76% versus 70,5%), com uma especificidade de 62% versus 59% e uma sensibilidade de 82%. Mas se o computador fornece o know-what, caberá ao médico discutir o problema de saúde e suas possíveis soluções com o paciente, indicando o know-why do seu caso. Isto requer uma contínua preocupação com a qualidade da educação médica, enfatizando o conhecimento da fisiopatologia dos processos orgânicos e o desenvolvimento das habilidades de ouvir, examinar e orientar um paciente e, consequentemente, propor um diagnóstico e um tratamento de seu problema de saúde, acompanhando sua evolução. |
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Inteligência Artificial e medicinaArtificial Intelligence and medicineRelação médico-pacienteExame clínicoInteligência artificialDispositivos corporaisEducação médicaAo mesmo tempo em que se discutem problemas na relação médico-paciente e a deficiência do exame clínico na atenção médica, que torna o diagnóstico clínico mais dependente de exames complementares, enfatiza-se cada vez mais a importância do computador em medicina e na saúde pública. Isto se dá seja pela adoção de sistemas de apoio à decisão clínica, seja pelo uso integrado de novas tecnologias, incluindo as tecnologias vestíveis/corporais (wearable devices), seja pelo armazenamento de grandes volumes de dados de saúde de pacientes e da população. A capacidade de armazenamento e processamento de dados aumentou exponencialmente ao longo dos recentes anos, criando o conceito de big data. A Inteligência Artificial processa esses dados por meio de algoritmos, que tendem a se aperfeiçoar pelo seu próprio funcionamento (self learning) e a propor hipóteses diagnósticas cada vez mais precisas. Sistemas computadorizados de apoio à decisão clínica, processando dados de pacientes, têm indicado diagnósticos com elevado nível de acurácia. O supercomputador da IBM, denominado Watson, armazenou um volume extraordinário de informações em saúde, criando redes neurais de processamento de dados em vários campos, como a oncologia e a genética. Watson assimilou dezenas de livros-textos em medicina, toda a informação do PubMed e Medline, e milhares de prontuários de pacientes do Sloan Kettering Memorial Cancer Hospital. Sua rede de oncologia é hoje consultada por especialistas de um grande número de hospitais em todo o mundo. O supercomputador inglês Deep Mind, da Google, registrou informações de 1,6 milhão de pacientes atendidos no National Health Service (NHS), permitindo desenvolver novos sistemas de apoio à decisão clínica, analisando dados desses pacientes, permitindo gerar alertas sobre a sua evolução, evitando medicações contraindicadas ou conflitantes e informando tempestivamente os profissionais de saúde sobre seus pacientes. O Deep Mind, ao avaliar um conjunto de imagens dermatológicas na pesquisa de melanoma, mostrou um desempenho melhor do que o de especialistas (76% versus 70,5%), com uma especificidade de 62% versus 59% e uma sensibilidade de 82%. Mas se o computador fornece o know-what, caberá ao médico discutir o problema de saúde e suas possíveis soluções com o paciente, indicando o know-why do seu caso. Isto requer uma contínua preocupação com a qualidade da educação médica, enfatizando o conhecimento da fisiopatologia dos processos orgânicos e o desenvolvimento das habilidades de ouvir, examinar e orientar um paciente e, consequentemente, propor um diagnóstico e um tratamento de seu problema de saúde, acompanhando sua evolução.While discussions develop regarding problems in the doctor-patient relationship and the deficiency of the clinical examination in medical practice, which leaves diagnoses more dependent of complementary tests, the importance of the computer in medicine and public health is highlighted. This is happening, either through the adoption of clinical decision support systems, the use of new technologies, such as wearable devices, or the storage and processing of large volumes of patient and population data. Data storage and processing capacity has increased exponentially over recent years, creating the concept of “big data”. Artificial Intelligence processes such data using algorithms that continually improve through intrinsic self-learning, thus proposing increasingly precise diagnostic hypotheses. Computerized clinical decision support systems, analyzing patient data, have achieved a high degree of accuracy in their diagnoses. IBM’s supercomputer, named “Watson”, has stored an extraordinary volume of health information, creating a neural network of data processing in several fields, such as oncology and genetics. Watson has assimilated dozens of medical textbooks, all the information from PubMed and Medline, and thousands of medical records from the Sloan Kettering Cancer Memorial Hospital. Its oncology network is now consulted by numerous specialists from all over the world. The English supercomputer Deep-Mind, by Google, has stored data from 1.6 million National Health Service patients, enabling the development of new clinical decision support systems, analysis of these patient data and generating alerts on their evolution in order to avoid contraindicated or conflicting medications, whilst also sending timely updates to the physicians about the health of their patients. Analyzing a set of dermatological images in a melanoma study, Deep-Mind showed a higher level of performance than that of specialists (76% versus 70.5%), with a specificity of 62% versus 59% and a sensitivity of 82%. Nevertheless, whereas the computer provides the know-what, it is the physician that will discuss the medical problem and the possible solutions with the patient, indicating the know-why of his or her case. This area requires continuous focus on the quality of medical training, emphasizing knowledge of the physiopathology of the organic processes and the development of the abilities to listen to, examine and advise a patient and, consequently, propose a diagnosis and treatment, accompanying his or her evolution.Faculdade de Medicina (FMD)Associação Brasileira de Educação Médica2018-01-04T19:13:19Z2018-01-04T19:13:19Z2017-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfLOBO, Luiz Carlos. Inteligência Artificial e medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 41, n. 2, p. 185-193, abr./jun. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022017000200185&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20 fev. 2018. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1981-52712015v41n2esp.http://repositorio.unb.br/handle/10482/30605http://dx.doi.org/10.1590/1981-52712015v41n2espRevista Brasileira de Educação Médica - This is an Open Access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited (CC BY 4.0). Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-55022017000200185&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 20 fev. 2018.info:eu-repo/semantics/openAccessLobo, Luiz Carlosporreponame:Repositório Institucional da UnBinstname:Universidade de Brasília (UnB)instacron:UNB2023-08-25T03:24:05Zoai:repositorio.unb.br:10482/30605Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.unb.br/oai/requestrepositorio@unb.bropendoar:2023-08-25T03:24:05Repositório Institucional da UnB - Universidade de Brasília (UnB)false |
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