O espanhol na cidade de São Paulo : quem ensina qual variante a quem?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bugel, Talia
Data de Publicação: 1998
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1609681
Resumo: Orientador: José Carlos Paes de Almeida Filho
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spelling O espanhol na cidade de São Paulo : quem ensina qual variante a quem?Língua espanhola - Estudo e ensinoAquisição da segunda linguagemLingua espanhola - DialetosSpanish language - Study and teachingSecond language acquisitionSpanish language - DialectsOrientador: José Carlos Paes de Almeida FilhoDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudo da LinguagemResumo: O ensino/aprendizagem de espanhol é prática antiga no Brasil, porém nas duas últimas décadas vários acontecimentos marcaram decisivamente seu rumo: em 1985, foram criados os Centros de Línguas na rede pública, incluindo o espanhol; em 1986 instaurou-se o ensino obrigatório da língua no 1o e 2o graus, no Estado de São Paulo; em 1991 foi assinado o Tratado de Assunção - a integração toma-se manifesta nos planos político, economico, social e cultural. O país explicita sua necessidade de se comunicar satisfatoriamente - em termos lingüísticos - com os países vizinhos, falantes de uma língua estrangeira. Contudo, nota-se uma defasagem no que diz respeito ao enfoque adotado para tratar do ensino/aprendizagem de espanhol nesse novo contexto. O ponto de referência continua sendo a Península, como parâmetro lingüístico e cultural. Os materiais didáticos elaborados na Espanha dominam o mercado e as instituições de ensino, ainda oferecendo insumos que se afastam das necessidades dos alunos brasileiros que precisam estabelecer contato com seus vizinhos latino-americanos. A abordagem comunicativa no ensino/aprendizagem de línguas coloca a necessidade de se ir além da mera transmissão e aquisição de conhecimentos gramaticais, argumentando que saber uma língua implica um conhecimento de estratégias reais de uso e uma familiarização com aspectos culturais e pragmáticos da língua. Essas colocações exigem considerar as línguas não como blocos homogêneas e estáveis, mas como sistemas dinâmicos com variações diacrônicas, diatópicas e diastráticas, acerca das quais os alunos precisam ter consciência, com o objetivo de entender seu significado e seu uso pelos diferentes grupos sociais com os quais virão a ter contato. Nesse contexto, o ensino de espanhol a partir de materiais didáticos que focalizam a variante castelhana peninsular revela-se incoerente com a situação vivenciada atualmente no Brasil. Temos hoje, na cidade de São Paulo, um importante contingente de falantes nativos de variantes americanas da língua, que atuam como docentes em prestigiosos institutos de línguas da cidade, constituindo-se em modelos vivos da língua e cultura dos países latino-americanos. Da interação desses professores com os materiais didáticos peninsulares surge uma situação didática lingüística nova que é a que analisamos nesta dissertação. A análise foi desenvolvida no marco da pesquisa interpretativista e focalizou três âmbitos simultaneamente: a) avaliação dos materiais didáticos utilizados atualmente nos institutos particulares de ensino de espanhol para adultos, em termos da variante de espanhol apresentada; b) entrevistas com coordenadores e professores que atuam hoje nesses institutos, e questionários aos alunos; c) gravações de aulas com anotações de campo, com o objetivo de oferecer exemplos da interação das variantes na sala de aula alegadamente comunicativa. Da análise surge que prevalece hoje uma situação de instabilidade, na qual os professores renunciam parcialmente às suas variantes maternas. Os argumentos alegados abrangem da necessidade de se ensinar uma "língua padrão" supostamente homogênea - e persistentemente identificável com o castelhano peninsular - até a pretensão de possibilitar aos alunos "o domínio de todas as variantes". As interferências da variante materna dos professores são inúmeras, no primeiro caso; as "lacunas" de conhecimento abundam no segundo, devido à impossibilidade dos docentes de trabalhar com vários dialetos que para eles são "estrangeiros". Ou seja, nenhum dos objetivos colocados pelos responsáveis das instituições, no que diz respeito às variantes da língua, é alcançado. Precisamos ter em conta que todos os docentes estão afastados dos seus grupos de referência lingüística, interagindo com falantes de outras variantes e sob a influência da imersão no português do Brasil. Não procuramos nem argumentamos a favor de uma "pureza" lingüística. No entanto, consideramos necessária uma tomada de decisões a esse respeito, baseada na reflexão crítica e. não mais produto das circunstâncias trabalhistas, de mercado e outras. Só nessa medida será possível oferecer aos alunos brasileiros um panorama autêntico da situação lingüístico-cultural da América Latiria, para que eles, por sua vez, sejam capazes de identificar suas necessidades e desejos de contato com grupos de falantes nativos de espanhol, fazendo escolhas raciocinadas, com maiores chances de sucesso no alcance dos seus objetivos. A ausência dos latino-americanos nas atividades de desenvolvimento de materiais didáticos para ensino de espanhol a falantes de português é patente. A necessidade e a conveniência de se dispor de materiais didáticos locais, a partir das variantes americanas é abertamente colocada por muitos dos protagonistas da situação. Aparentemente, não há razões para não se empreenderem iniciativas inovadoras nesse âmbito do ensino do espanhol no BrasilResumen: La ensenanza/aprendizaje de espanol es una práctica antigua en Brasil y sin embargo, en las dos últimas décadas, varios acontecimientos marcaron decisivamente el rumbo: en 1957 fueron creados los Centros de Lenguas, induyendo espanol, en la ensenanza pública; en 1986, se instauró la ensenanza obligatoria de la lengua en primaria y secundaria; en 1991 se firmó el Tratado de Asunción -la integración se hace manifiesta en los planos político, económico, social y cultural. El país explicita su necesidad de comunicarse satisfactoriamente - en términos lingüísticos - con los países vecinos, hablantes de una lengua extranjera. A pesar de eso, notamos un desfasaje en 10 que respecta al enfoque adoptado para tratar la ensenanza/ aprendizaje de espanol en el nuevo contexto. La referencia continúa siendo la Península, como par~etro lingüístico y cultural. Los materiales didácticos elaborados en Espana dominan el mercado y las instituciones de ensenanza, aun cuando ofrecen insumos que se alejan de las necesidades de los alurnnos brasilenos que precisan establecer contactos con sus vecinos latino americanos. El enfoque comunicativo en la ensenanza/ aprendizaje de lengua plantea la necesidad de ir más allá de la mera transmisión y adquisición de conocimientos gramaticales, argumentando que saber una lengua implica un conocimiento de estrategias reales de uso y una familiaridad con aspectos culturales y pragmáticos de la lengua. Esos planteos exigen considerar a las lenguas no como bloques homogéneos y estables, sino como sistemas dinâmicos con variaciones diacrónicas, diatópicas y diastráticas, acerca de làs cuales los alumnos tienen que tener conciencia, a fin de entender su significado y su uso por parte de los diferentes grupos sociales con los cuales se comunicarán. En ese contexto, la ensenanza de espanol a partir de materiales didácticos concentrados en la variante castellana peninsular se revela incoherente con la situación vivida actualmente en Brasil. Tenemos hoy, en la ciudad de San Pablo, un importante contingente de hablantes nativos de variantes americanas de la lengua, que actúan como docentes en prestigiosos institutos de lenguas de la ciudad, constituyendo modelos vivos de la lengua y cultura de los países latinoamericanos. De la interacción de esos profesores con los materiales didácticos peninsulares surge una situación didáctica lingüística nueva que es la que analizamos en esta disertación. El análisis se desarrolló en el marco de la investigación interpretativista y enfocó tres ámbitos simultaneamente: a) evaluación de los materiales didácticos utilizados actualmente en los institutos particulares de ensefíanza de espanol para adultos, en cuanto a la variante de espanol presentada; b) entrevistas con coordinadores y profesores que actúan en estos institutos, y cuestionarios a los alunos; c) grabación de aulas con anotaciones de campo, con el objetivo de ofrecer ejemplos de la interacción de variantes en el aula alegadarn.ente comunicativa. Del análisis surge que hoy prevalece una situación de inestabilidad, en la cuallos profesores renuncian parcialmente a sus variantes maternas. Los argumentos alegados abarcan desde la necesidad de ensefíar una "lengua estándar" supuestamente homogénea - y persistentemente identificable con el castellano peninsular - hasta la pretensión de permitirle alos alumnos "dominar todas las variantes". Las interferencias de la variante materna de los profesores son innumerables, en el primer caso; las "lagunas" de conocimiento abundan en el segundo, debido a la imposibilidad de que los docentes logren trabajar con varios dialectos que para ellos son "extranjeros". O sea, no se cumple ninguno de los objevos propuestos por los responsables de las instituciones, en 10 que respecta a las variantes de la lengua. Precisamos considerar que todos los docentes están alejados de sus grupos de referencia lingüística, interactuando con hablantes de otras variantes y bajo la influencia de la inmersión en el portugués de Brasil. No buscamos ni argumentamos a favor de una "pureza" lingüística. Sin embargo, consideramos necesario tomar algunas decisiones al respecto, en base a la reflexión crítica y no más producto de las circunstancias laborales, de mercado y otras. Sólo en esa medida será posible ofrecerle alos alumnos brasilefíos un panorama auténtico de la situación lingüístico-cultural de América Latina, para que ellos, a su vez, sean capaces de identificar sus necesidades y deseos de contacto con grupos de hablantes nativos de espanol, haciendo opciones razonadas, con más posibilidades de éxito en la consecución de sus objetivos. La ausencia de los latinoamericanos en las actividades de elaboración de materiales didácticos para la ensefíanza de espanol a hablantes de portugués es patente. Muchos de los protagonistas de la situación plantean abiertamente la necesidad y conveniencia de disponer de materiales didácticos locales, a partir de las variantes americanas. Aparentemente no hay razones para no emprender iniciativas innovadoras en el ámbito de la enseñanza de espanol en BrasilMestradoEnsino-Aprendizagem de Segunda Lingua e Lingua EstrangeiraMestre em Linguística Aplicada[s.n.]Almeida Filho, José Carlos Paes de, 1948-Infante, Silvana SerraniGabbiani, BeatrizUniversidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da LinguagemPrograma de Pós-Graduação em Linguística AplicadaUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINASBugel, Talia1998info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdf202 f.https://hdl.handle.net/20.500.12733/1609681BUGEL, Talia. O espanhol na cidade de São Paulo: quem ensina qual variante a quem?. 1998. 202 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudo da Linguagem, Campinas, SP. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1609681. Acesso em: 3 set. 2024.https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/447052porreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instname:Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)instacron:UNICAMPinfo:eu-repo/semantics/openAccess2017-02-18T05:34:04Zoai::447052Biblioteca Digital de Teses e DissertaçõesPUBhttp://repositorio.unicamp.br/oai/tese/oai.aspsbubd@unicamp.bropendoar:2017-02-18T05:34:04Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)false
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