A produção vocálica por falantes de espanhol (L1), inglês (L2) e português (L3) : uma perspectiva dinâmica na (multi) direcionalidade da transferência linguística

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereyron, Letícia
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/172391
Resumo: O presente trabalho, de fonética acústica, visa a investigar dois aspectos referentes ao desenvolvimento multilíngue, à luz da Teoria dos Sistemas Dinâmicos, Adaptativos Complexos (BECKNER et al., 2009; DE BOT et al., 2013, SILVA, 2014): i. a (multi) direcionalidade da transferência vocálica em falantes plurilíngues de espanhol como língua materna (L1), inglês como segunda língua (L2) e português como segunda língua (L2) ou terceira língua (L3) e ii. a premissa de que uma mudança em qualquer parte do sistema pode gerar alteração nas outras partes do(s) sistema(s) linguístico(s). Com vistas a investigar o primeiro aspecto, foi conduzido um estudo transversal, em que foram realizados dois tipos de análises. A análise do tipo inter-grupo contou com cinco grupos formados a fim de realizarmos as comparações entre os valores formânticos e de duração das produções vocálicas de cada grupo. Para o cumprimento de tal objetivo, o primeiro grupo foi formado por 5 monolíngues do português brasileiro, residentes em Porto Alegre, RS, para que servisse de grupo controle, a fim de prover os valores formânticos e padrões de duração referentes às vogais do sistema-alvo, o português. O segundo grupo contou com 5 falantes monolíngues de espanhol (variedade rio-platense), residentes na Argentina, e também serviu como controle para a coleta de valores de formantes e de duração para a comparação com as produções dos falantes multilíngues nativos de espanhol que possuem a L2 (inglês ou português) ou a L2 e a L3 (inglês e português) A comparação deste grupo de participantes monolíngues com os participantes dos grupos descritos a seguir possibilitou a verificação de alterações nos valores formânticos e de duração da L1 (espanhol rio-platense), com base no argumento de que os participantes que dispõem de outros sistemas linguísticos apresentam diferenças formânticas e temporais das vogais dos monolíngues argentinos. O terceiro grupo, por sua vez, foi composto por 5 falantes bilíngues de espanhol (variedade rio-platense) como língua materna e português como L2. O quarto grupo foi composto por 5 falantes de espanhol (variedade rio-platense) como L1, inglês como L2 e português como L3, o que possibilitou a verificação do papel do inglês na aquisição do português por falantes de espanhol, quando as vogais do português (L2) desses aprendizes foram comparadas com as dos aprendizes do grupo anterior, que possuem o português, mas não o inglês. Ambos os grupos apresentaram um período de residência no Brasil de, no mínimo, 3 anos.O quinto grupo foi composto por 5 falantes de espanhol (variedade rio-platense) como L1 e aprendizes de inglês como L2, residentes na Argentina. Em relação ao nível de proficiência desses aprendizes em inglês, foi realizado o teste de nivelamento de Oxford (Oxford Online Placement Test, PURPURA, 2007), para que os aprendizes deste grupo e os aprendizes trilíngues (conforme descrição acima) apresentassem o mesmo grau de proficiência em língua inglesa A comparação das vogais do inglês (L2) dos participantes do quinto grupo, que não possuem o português (L3), com as vogais em inglês (L2) dos participantes do quarto grupo anterior, que possuem o português (L3), possibilitou a análise quanto ao papel da L3 sobre a L2. Além desta análise inter-grupo, foi conduzida, também, uma descrição do tipo intra-grupo, que consistiu na descrição dos valores formânticos e de duração de todos os sistemas vocálicos de cada grupo de participantes, tomados individualmente, para que fossem verificadas as possíveis formações de categorias no novo sistema. Para os propósitos supracitados, cada grupo foi solicitado a ler uma lista de palavras nas línguas de seu conhecimento. Os resultados aqui encontrados, em consistência com a Teoria dos Sistemas Dinâmicos, a Teoria da Complexidade e a Teoria do Caos, indicam que a fala dos participantes, não somente nos sistemas de L2 e L3, mas também no próprio sistema de L1, sofre múltiplas alterações devido à interação com agentes internos e externos. Em adição, as formas vocálicas encontradas neste experimento se compõem como formas híbridas, que mesclam características de todos os sistemas linguísticos dos participantes. Em razão da gama de múltiplos fatores envolvidos neste processo de desenvolvimento do sistema linguístico, as análises individuais tomadas longitudinalmente parecem conter informações mais ricas do que as análises transversais. Assim, um estudo longitudinal é capaz de apontar mais do que o simples “retrato” ou estágio em que o aprendiz se encontra no momento da coleta Nesse sentido, conduziu-se o segundo estudo, de cunho longitudinal, que contou com instrução formal de base comunicativa e articulatória sobre os sons vocálicos presentes na L3, mas ausentes na L1. Através da instrução formal, visou-se a causar uma modificação acelerada no sistema fonético-fonológico de L3 do aprendiz, para se verificar se tal modificação ocasionaria efeitos sobre a L1 e a L2. O estudo contou com um aprendiz trilíngue falante do espanhol (variedade mexicana) como L1, inglês como L2 e português como L3. A instrução deu-se ao longo de 4 meses, com uma aula de 90 minutos por semana. As coletas tiveram o mesmo instrumento do estudo transversal, isto é, as listas de palavras nas três línguas referidas, e ocorreram anteriormente ao período de instrução, durante (a cada 4 semanas) e ao término da instrução formal, de modo a totalizar 5 coletas com o participante. Os achados deste estudo longitudinal evidenciaram que as alterações em um sistema como o português (L3), aceleradas pela instrução fornecida, causaram alterações na produção vocálica dos demais sistemas, devido à interconexão dos sistemas do falante multilíngue. As alterações ocorreram tanto em termos de valores formânticos quanto em termos de duração absoluta e relativa Considerando uma perspectiva dinâmica e complexa, esta pesquisa fundamenta-se na pressuposição de que é necessário rejeitar a noção unidirecional de transferência linguística. A partir de tais resultados, podemos afirmar que uma L2 deve ser considerada como um sistema híbrido, que carrega características tanto da L1 quanto da L3. A L3, sob essa perspectiva, carrega aspectos das L1 e da L2. Além disso, a própria L1, ainda que de forma mais moderada, sofre influência dos outros sistemas que se estabelecem neste espaço fonológico comum. É rejeitada, portanto, a noção de direção singular quanto à transferência das L1 e L2 na L3, de modo que se possa assumir, assim, uma transferência multidirecional.
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A análise do tipo inter-grupo contou com cinco grupos formados a fim de realizarmos as comparações entre os valores formânticos e de duração das produções vocálicas de cada grupo. Para o cumprimento de tal objetivo, o primeiro grupo foi formado por 5 monolíngues do português brasileiro, residentes em Porto Alegre, RS, para que servisse de grupo controle, a fim de prover os valores formânticos e padrões de duração referentes às vogais do sistema-alvo, o português. O segundo grupo contou com 5 falantes monolíngues de espanhol (variedade rio-platense), residentes na Argentina, e também serviu como controle para a coleta de valores de formantes e de duração para a comparação com as produções dos falantes multilíngues nativos de espanhol que possuem a L2 (inglês ou português) ou a L2 e a L3 (inglês e português) A comparação deste grupo de participantes monolíngues com os participantes dos grupos descritos a seguir possibilitou a verificação de alterações nos valores formânticos e de duração da L1 (espanhol rio-platense), com base no argumento de que os participantes que dispõem de outros sistemas linguísticos apresentam diferenças formânticas e temporais das vogais dos monolíngues argentinos. O terceiro grupo, por sua vez, foi composto por 5 falantes bilíngues de espanhol (variedade rio-platense) como língua materna e português como L2. O quarto grupo foi composto por 5 falantes de espanhol (variedade rio-platense) como L1, inglês como L2 e português como L3, o que possibilitou a verificação do papel do inglês na aquisição do português por falantes de espanhol, quando as vogais do português (L2) desses aprendizes foram comparadas com as dos aprendizes do grupo anterior, que possuem o português, mas não o inglês. Ambos os grupos apresentaram um período de residência no Brasil de, no mínimo, 3 anos.O quinto grupo foi composto por 5 falantes de espanhol (variedade rio-platense) como L1 e aprendizes de inglês como L2, residentes na Argentina. Em relação ao nível de proficiência desses aprendizes em inglês, foi realizado o teste de nivelamento de Oxford (Oxford Online Placement Test, PURPURA, 2007), para que os aprendizes deste grupo e os aprendizes trilíngues (conforme descrição acima) apresentassem o mesmo grau de proficiência em língua inglesa A comparação das vogais do inglês (L2) dos participantes do quinto grupo, que não possuem o português (L3), com as vogais em inglês (L2) dos participantes do quarto grupo anterior, que possuem o português (L3), possibilitou a análise quanto ao papel da L3 sobre a L2. Além desta análise inter-grupo, foi conduzida, também, uma descrição do tipo intra-grupo, que consistiu na descrição dos valores formânticos e de duração de todos os sistemas vocálicos de cada grupo de participantes, tomados individualmente, para que fossem verificadas as possíveis formações de categorias no novo sistema. 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Assim, um estudo longitudinal é capaz de apontar mais do que o simples “retrato” ou estágio em que o aprendiz se encontra no momento da coleta Nesse sentido, conduziu-se o segundo estudo, de cunho longitudinal, que contou com instrução formal de base comunicativa e articulatória sobre os sons vocálicos presentes na L3, mas ausentes na L1. Através da instrução formal, visou-se a causar uma modificação acelerada no sistema fonético-fonológico de L3 do aprendiz, para se verificar se tal modificação ocasionaria efeitos sobre a L1 e a L2. O estudo contou com um aprendiz trilíngue falante do espanhol (variedade mexicana) como L1, inglês como L2 e português como L3. A instrução deu-se ao longo de 4 meses, com uma aula de 90 minutos por semana. As coletas tiveram o mesmo instrumento do estudo transversal, isto é, as listas de palavras nas três línguas referidas, e ocorreram anteriormente ao período de instrução, durante (a cada 4 semanas) e ao término da instrução formal, de modo a totalizar 5 coletas com o participante. Os achados deste estudo longitudinal evidenciaram que as alterações em um sistema como o português (L3), aceleradas pela instrução fornecida, causaram alterações na produção vocálica dos demais sistemas, devido à interconexão dos sistemas do falante multilíngue. As alterações ocorreram tanto em termos de valores formânticos quanto em termos de duração absoluta e relativa Considerando uma perspectiva dinâmica e complexa, esta pesquisa fundamenta-se na pressuposição de que é necessário rejeitar a noção unidirecional de transferência linguística. A partir de tais resultados, podemos afirmar que uma L2 deve ser considerada como um sistema híbrido, que carrega características tanto da L1 quanto da L3. A L3, sob essa perspectiva, carrega aspectos das L1 e da L2. Além disso, a própria L1, ainda que de forma mais moderada, sofre influência dos outros sistemas que se estabelecem neste espaço fonológico comum. É rejeitada, portanto, a noção de direção singular quanto à transferência das L1 e L2 na L3, de modo que se possa assumir, assim, uma transferência multidirecional.This study, within acoustic phonetics, aims to address two aspects concerning multilingual development, under the Dynamic Complex-Adaptive System Theory (BECKNER et al., 2009; DE BOT et al., 2013, SILVA, 2014): (i) the multi-directionality of vowel transfer in the speech production of L1 Spanish speakers of English (L2) and Portuguese (L2/L3), and (ii) the assumption that some changes in a given language system may account for the co-ocurrence of changes in the other systems. Given the first aspect, a cross-sectional experiment was conducted, in which speech production data were collected from 5 groups in order to compare formant and vowel duration values among groups. This experiment tested the hypothesis that formant and vowel duration values would differ among groups due to the existence of additional systems. In order to do so, the first group had 5 Porto-Alegre monolingual Brazilian Portuguese speakers, in order to provide native formant and durational values of Southern Brazilian Portuguese vowels. The second group had 5 monolingual Riverplate Spanish speakers (from Argentina) and also served as a control group, in order to provide the formant and durational values of Riverplate Spanish vowels The vowel productions of these participants were compared to those produced by the participants who spoke English or Portuguese as L2/L3, as described as follows. This allowed us to test if bilingual and trilingual native speakers of Spanish (L1) would present altered vowel formant and duration values from those found in the productions by monolingual speakers of Spanish. The third group had 5 bilingual speakers of Riverplate Spanish (L1) and Portuguese (L2), and the fourth group consisted of 5 trilingual speakers of Riverplate Spanish (L1), English (L2), and Portuguese (L3). The comparison between the vowel systems of these two groups allowed for the investigation of the influence of English in the development of Portuguese by L1 Spanish speakers, considering that one group lacks the English system. Both groups of participants had a similar length of residence in Brazil. Finally, the fifth group consisted of 5 bilingual speakers of L1 Spanish and English (L2) who live in Argentina. The comparison between the English vowels produced by this group (whose participants do not speak Portuguese) and the fourth group (which has developed the Portuguese language) made it possible to explore the role of the L3 on the L2, in terms of formant values and duration With regard to proficiency in English, all participants in the fourth and fifth groups were required to take the Oxford Online Placement Test (PURPURA, 2007), which indicated that the participants presented an upper-intermediate or advanced level of proficiency in the target language. In addition, an intra-group analysis was conducted, in which the duration and frequency values of each one of the vowel systems produced by each group of participants were compared and analyzed, in order to test category formation in each new language system. For each purpose mentioned above, participants were asked to read a list of words in the languages spoken by them. Results show that the speech produced by the multilingual participants seems to be affected by the interaction with and among the other language systems, besides the fact that their L1 does not seem to reflect the monolingual L1 System. Besides, their target language shows productions that reflect hybrid forms, which merge characteristics from all systems involved. Our data confirm the complexity of the multilingual development process and corroborate the premises of a view of Language as a Complex, Adaptive System Following the tenets of Complex Adaptive System Theory, the second assumption investigated in this research follows the current theoretical framework that views that any change in the developmental process can modify all the other parts of the system. Due to a great number of factors involved in this process, individual analyses across time seem to reveal richer information about the language development process than the cross-sectional analyses do. For this reason, a longitudinal experiment seems to offer more than just a picture of the development process, as it rather presents a longer part of the process. Based on this premise, a Spanish L1 (Mexican variety) speaker of English (L2) who had been learning Portuguese (L3) in Porto Alegre in 2015 was taught a 4 month-course of a Portuguese phonetic syllabus which focused on the open vowels of the target systems [ε] and [ͻ] and their counterparts [e] and [o]. We aimed to verify if the development of Portuguese open vowels [ε] and [ͻ], which are not produced in their L1, would play a role in the development of the open vowels [ͻ, ε, æ, ɑ] in the L2 (English), as well as in [e] and [o], the mid vowels in their L1 (Spanish). Our investigation considered not only these vowels, but the development of the entire vowel system in each language Instruction consisted of a weekly 90-minute class and took place along 4 months. Recordings were conducted in the same way of the cross-sectional study, in which there were lists of words to be read in the three languages. The first recording was conducted before the period of instruction, the next three recordings were conducted after every four classes, and the fifth recording was conducted at the end of the experiment, totaling 5 recordings. The findings of the longitudinal study provided evidence to the premise that alterations in one system such as Portuguese (L3), which has been accelerated by formal instruction, may cause alterations in the production of the vowels of the other languages, due to the interrelation among the language systems of this multilingual speaker. Departing from a view of language as a Complex, Adaptive System, the findings in this research reject the unidirectional account of language transfer. Results suggest that the L2 system can be seen as a hybrid system, which carries characteristics from both the L1 and the L3. The L3, under this perspective, also carries aspects from the L1 and L2 systems. Besides, the L1, even being the most dominant language, seems to suffer some moderate influence from the L2 and the L3, as the three systems coexist in the same phonological setting. This considered, a view of multi-directional transfer is adopted.application/pdfporLíngua inglesaLíngua portuguesaLíngua espanholaMultilinguismoFonética acústicaMultilingualismTrilingual acquisitionTransferDynamic systemsA produção vocálica por falantes de espanhol (L1), inglês (L2) e português (L3) : uma perspectiva dinâmica na (multi) direcionalidade da transferência linguísticainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2017doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL001056835.pdf001056835.pdfTexto completoapplication/pdf5919819http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/172391/1/001056835.pdfe14613413648804220e49048ee32dc9dMD51TEXT001056835.pdf.txt001056835.pdf.txtExtracted Texttext/plain677595http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/172391/2/001056835.pdf.txtacc2686d962621c0ea84b74db77b3e5fMD52THUMBNAIL001056835.pdf.jpg001056835.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1191http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/172391/3/001056835.pdf.jpgc9fbcce108307936250302373d33b4d1MD5310183/1723912018-10-25 10:01:09.36oai:www.lume.ufrgs.br:10183/172391Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-25T13:01:09Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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Para o cumprimento de tal objetivo, o primeiro grupo foi formado por 5 monolíngues do português brasileiro, residentes em Porto Alegre, RS, para que servisse de grupo controle, a fim de prover os valores formânticos e padrões de duração referentes às vogais do sistema-alvo, o português. O segundo grupo contou com 5 falantes monolíngues de espanhol (variedade rio-platense), residentes na Argentina, e também serviu como controle para a coleta de valores de formantes e de duração para a comparação com as produções dos falantes multilíngues nativos de espanhol que possuem a L2 (inglês ou português) ou a L2 e a L3 (inglês e português) A comparação deste grupo de participantes monolíngues com os participantes dos grupos descritos a seguir possibilitou a verificação de alterações nos valores formânticos e de duração da L1 (espanhol rio-platense), com base no argumento de que os participantes que dispõem de outros sistemas linguísticos apresentam diferenças formânticas e temporais das vogais dos monolíngues argentinos. O terceiro grupo, por sua vez, foi composto por 5 falantes bilíngues de espanhol (variedade rio-platense) como língua materna e português como L2. O quarto grupo foi composto por 5 falantes de espanhol (variedade rio-platense) como L1, inglês como L2 e português como L3, o que possibilitou a verificação do papel do inglês na aquisição do português por falantes de espanhol, quando as vogais do português (L2) desses aprendizes foram comparadas com as dos aprendizes do grupo anterior, que possuem o português, mas não o inglês. Ambos os grupos apresentaram um período de residência no Brasil de, no mínimo, 3 anos.O quinto grupo foi composto por 5 falantes de espanhol (variedade rio-platense) como L1 e aprendizes de inglês como L2, residentes na Argentina. Em relação ao nível de proficiência desses aprendizes em inglês, foi realizado o teste de nivelamento de Oxford (Oxford Online Placement Test, PURPURA, 2007), para que os aprendizes deste grupo e os aprendizes trilíngues (conforme descrição acima) apresentassem o mesmo grau de proficiência em língua inglesa A comparação das vogais do inglês (L2) dos participantes do quinto grupo, que não possuem o português (L3), com as vogais em inglês (L2) dos participantes do quarto grupo anterior, que possuem o português (L3), possibilitou a análise quanto ao papel da L3 sobre a L2. Além desta análise inter-grupo, foi conduzida, também, uma descrição do tipo intra-grupo, que consistiu na descrição dos valores formânticos e de duração de todos os sistemas vocálicos de cada grupo de participantes, tomados individualmente, para que fossem verificadas as possíveis formações de categorias no novo sistema. Para os propósitos supracitados, cada grupo foi solicitado a ler uma lista de palavras nas línguas de seu conhecimento. Os resultados aqui encontrados, em consistência com a Teoria dos Sistemas Dinâmicos, a Teoria da Complexidade e a Teoria do Caos, indicam que a fala dos participantes, não somente nos sistemas de L2 e L3, mas também no próprio sistema de L1, sofre múltiplas alterações devido à interação com agentes internos e externos. Em adição, as formas vocálicas encontradas neste experimento se compõem como formas híbridas, que mesclam características de todos os sistemas linguísticos dos participantes. Em razão da gama de múltiplos fatores envolvidos neste processo de desenvolvimento do sistema linguístico, as análises individuais tomadas longitudinalmente parecem conter informações mais ricas do que as análises transversais. Assim, um estudo longitudinal é capaz de apontar mais do que o simples “retrato” ou estágio em que o aprendiz se encontra no momento da coleta Nesse sentido, conduziu-se o segundo estudo, de cunho longitudinal, que contou com instrução formal de base comunicativa e articulatória sobre os sons vocálicos presentes na L3, mas ausentes na L1. Através da instrução formal, visou-se a causar uma modificação acelerada no sistema fonético-fonológico de L3 do aprendiz, para se verificar se tal modificação ocasionaria efeitos sobre a L1 e a L2. O estudo contou com um aprendiz trilíngue falante do espanhol (variedade mexicana) como L1, inglês como L2 e português como L3. A instrução deu-se ao longo de 4 meses, com uma aula de 90 minutos por semana. 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