Intencionalidade, coordenação e economia substantiva para o desenvolvimento econômico
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/212603 |
Resumo: | Este trabalho objetiva compreender as coordenações econômicas e suas relações com ações intencionais pela sobrevivência e busca do desenvolvimento, bem como com os objetivos e compreensões acerca deste. Realiza um estudo bibliográfico e exploratório sobre a compreensão da economia para além dos limites do capitalismo e da economia de mercado. Compreende diferentes racionalidades, vinculadas a objetivos sociais e à ação econômica, bem como a noção substantiva de economia a partir de Polanyi. Identifica o processo político de constituição e ampliação do mercado como coordenador econômico e que a tentativa de construção de uma sociedade autorregulada pelos mercados encontrou seus limites e resultou em crises econômicas e autoproteção social e da vida. A ausência da generalização do progresso econômico e o fracasso da autorregulação deram curso à busca e à economia do desenvolvimento. Os Estados nacionais foram instituídos como coordenadores para a regulação econômica, promoção do bem-estar social e do desenvolvimentismo. Para além da polarização Estado-mercado, são reconhecidas a cooperação, as empresas e os arranjos produtivos territoriais e governamentais como coordenações econômicas. Os anos 1970 são identificados como inflexão para o período econômico contemporâneo, com retomada de crises, da ofensiva em favor da coordenação econômica (e social) pelos mercados, das desigualdades e a evidência dos limites ambientais do padrão de crescimento capitalista. Assume as noções furtadianas de criação de valores substantivos, de potencial endógeno de (auto)transformação e de ordenamento coletivo da acumulação em função das prioridades socialmente escolhidas. O caráter endógeno do processo de desenvolvimento, ao radicalizar a prioridade para a realização das capacidades e potencialidades humanas, sobreleva a dimensão substantiva do processo e possibilita uma síntese com as demais dimensões do mesmo, com a resolução da contradição dos sentidos (produtividade do sistema social versus satisfação de necessidades) e com a crítica dos limites materiais e ambientais do padrão de crescimento e acumulação econômica. É sustentado que um desenvolvimento substantivo requer uma economia substantiva, um (re)incrustar da economia na sociedade e na natureza, como caminho para a autoproteção da vida e para a liberação da criatividade e potencialidades humanas. Caminho que prioriza as finalidades essenciais para a vida e para ampliação do bem viver, perante os meios econômicos e as técnicas instrumentais. Compreende que o desenvolvimento não é único e também é transformado assim como deve dispor das racionalidades, das diversas coordenações e técnicas, ordenadas coletivamente por valores culturais e éticos, cujo conteúdo expressa certa organização de forças sociais em movimento, no processo da construção histórica da humanidade. Sustenta que um desenvolvimento substantivo pode ou não emergir de uma reconfiguração social, mas sua efetivação exige intencionalidade, ação política e técnica e um saber econômico simplificado, popularizado e desmistificador, capaz de reanimar a perspectiva utópica das noções de evolução social e desenvolvimento. |
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Kapron, Sérgio RobertoHerrlein Junior, Ronaldo2020-08-05T03:38:16Z2020http://hdl.handle.net/10183/212603001116762Este trabalho objetiva compreender as coordenações econômicas e suas relações com ações intencionais pela sobrevivência e busca do desenvolvimento, bem como com os objetivos e compreensões acerca deste. Realiza um estudo bibliográfico e exploratório sobre a compreensão da economia para além dos limites do capitalismo e da economia de mercado. Compreende diferentes racionalidades, vinculadas a objetivos sociais e à ação econômica, bem como a noção substantiva de economia a partir de Polanyi. Identifica o processo político de constituição e ampliação do mercado como coordenador econômico e que a tentativa de construção de uma sociedade autorregulada pelos mercados encontrou seus limites e resultou em crises econômicas e autoproteção social e da vida. A ausência da generalização do progresso econômico e o fracasso da autorregulação deram curso à busca e à economia do desenvolvimento. Os Estados nacionais foram instituídos como coordenadores para a regulação econômica, promoção do bem-estar social e do desenvolvimentismo. Para além da polarização Estado-mercado, são reconhecidas a cooperação, as empresas e os arranjos produtivos territoriais e governamentais como coordenações econômicas. Os anos 1970 são identificados como inflexão para o período econômico contemporâneo, com retomada de crises, da ofensiva em favor da coordenação econômica (e social) pelos mercados, das desigualdades e a evidência dos limites ambientais do padrão de crescimento capitalista. Assume as noções furtadianas de criação de valores substantivos, de potencial endógeno de (auto)transformação e de ordenamento coletivo da acumulação em função das prioridades socialmente escolhidas. O caráter endógeno do processo de desenvolvimento, ao radicalizar a prioridade para a realização das capacidades e potencialidades humanas, sobreleva a dimensão substantiva do processo e possibilita uma síntese com as demais dimensões do mesmo, com a resolução da contradição dos sentidos (produtividade do sistema social versus satisfação de necessidades) e com a crítica dos limites materiais e ambientais do padrão de crescimento e acumulação econômica. É sustentado que um desenvolvimento substantivo requer uma economia substantiva, um (re)incrustar da economia na sociedade e na natureza, como caminho para a autoproteção da vida e para a liberação da criatividade e potencialidades humanas. Caminho que prioriza as finalidades essenciais para a vida e para ampliação do bem viver, perante os meios econômicos e as técnicas instrumentais. Compreende que o desenvolvimento não é único e também é transformado assim como deve dispor das racionalidades, das diversas coordenações e técnicas, ordenadas coletivamente por valores culturais e éticos, cujo conteúdo expressa certa organização de forças sociais em movimento, no processo da construção histórica da humanidade. Sustenta que um desenvolvimento substantivo pode ou não emergir de uma reconfiguração social, mas sua efetivação exige intencionalidade, ação política e técnica e um saber econômico simplificado, popularizado e desmistificador, capaz de reanimar a perspectiva utópica das noções de evolução social e desenvolvimento.This work aims to understand the economic coordinations and its relations with intentional actions for survival and seek for development, such as with the objectives and understandings about it. Its carried out a bibliographic and exploratory research about understanding the economy beyond the limits of capitalism and market economy. Furthermore, the study comprehends different rationalities, linked to social objectives and economic action, such as a substantive notion of economy based on Polanyi. Also, it identifies the political process of construction and expansion of the market as economic coordinator and that the attempt to build a society selfregulated by the markets find out its limits and ended up into an economic crisis as well as life and social self-protection. The absence of economic progress generalization and the failure of self-regulation started a research and an economy of development. The national States were constituted as coordinators for economic regulation, promotion of the social welfare and development. Beyond the polarization between State and market, the cooperation, the companies and the territorial and governmental productive arrangements are recognized as economic coordinations. The 1970s are identified as an inflexion for the contemporary economic period, with the return of crisis, the offensive in favour of economic (and social) coordination for markets, the inequalities and the evidence of environmental limits for capitalism growth. Moreover, this work assumes the Furtadian notions of substantive values creation, endogenous potential of (self)transformation and collective ordination of accumulation according to priorities socially selected. The endogenous character of the development process, by radicalizing the priority for realization of human capacities and potentialities, raise the substantive dimension of the process and give the possibility of summarize with its other dimensions, the resolution of meaning contradiction (social system productivity versus satisfaction of needs) and the critic of materials and environmental limits of growth and economic accumulation pattern. Its supported that a substantive development requires a substantive economy, a (re)embeddedness of economy into society and nature as path for self-protection of life and liberation of human creativity and potentialities. This path which prioritize the essential aims for life and well living growth, before the economic ways and instrumental techniques. It comprehends that development it is not unique, but it is also transformed such as it may dispose rationalities, a variety of coordinations and technics, collectively ordered for cultural and ethic values which its matter expresses a certain organization of moving social forces in the process of human historical construction. It supports that a substantive development may or may not emerge of a social reconfiguration, but its effectiveness demands intentionality, political action and technic, such simplified, popularized and demystified economic knowledge, capable of revive an utopic perspective of the notions social evolution and development.application/pdfporDesenvolvimento econômicoEconomia políticaEconomia de mercadoEconomic developmentCoordinationEndogenous developmentSubstantive economyInstitutionalist political economyIntencionalidade, coordenação e economia substantiva para o desenvolvimento econômicoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de Ciências EconômicasPrograma de Pós-Graduação em EconomiaPorto Alegre, BR-RS2020doutoradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001116762.pdf.txt001116762.pdf.txtExtracted Texttext/plain783162http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/212603/2/001116762.pdf.txt209ca4c182815841d7aaac07af5c018aMD52ORIGINAL001116762.pdfTexto completoapplication/pdf1390984http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/212603/1/001116762.pdf69a7eab2adfcf377bce29eccf1a38c4dMD5110183/2126032020-08-06 03:36:17.641271oai:www.lume.ufrgs.br:10183/212603Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532020-08-06T06:36:17Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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