Uso do peptídeo liberador de gastrina em crianças com diagnóstico de autismo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marchezan, Josemar
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/132135
Resumo: Introdução: Os neuropeptídeos regulam uma variedade de aspectos da função nervosa e neuroendócrina, atuando através da ativação de receptores específicos da membrana celular. No sistemana nervoso central (SNC) os receptores do pepetídeo liberador de gastrina (GRPR) são amplamente expressos, e numerosos efeitos centrais têm sido descritos com a sua ativação, incluindo efeitos sobre a saciedade, regulação do ritmo circadiano, termorregulação, modulação do stress, resposta ao medo, ansiedade e memória. Pesquisas mostram que o bloqueio farmacológico do GRPR em modelos animais leva ao aparecimento de deficits na interação social, padrões restritivos de comportamento e estereotipias motoras, sintomas semelhantes ao comportamento autista em humanos, sugerindo a possibilidade de que o complexo GRP/GRPR possa ter um papel na patogênese do transtorno do espectro autista (TEA). Recentemente, dois estudos não controlados com administração do peptídeo liberador de gastrina (GRP) a 13 crianças com autismo sugeriram que ele é seguro e que possa melhorar alguns sintomas do transtorno, principalmente interação social e sintomas associados à irritabilidade. Objetivos: Comparar a eficácia, segurança, tolerabilidade do GRP em relação ao placebo em sintomas do TEA. Metodologia: Ensaio clínico crossover, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, com uso de GRP 160 picomol/kg por 4 dias consecutivos, em 10 crianças com autismo. Os desfechos foram medidos através da escala Aberrant Behavior Checklist (ABC). Resultados: Todos os participantes eram do sexo masculino, com idade entre 4 e 9 anos. Houve uma redução nos escores da escala ABC e suas subescalas após o uso de GRP e de placebo. Apesar dessa redução ser mais proeminente com o GRP, principalmente nas subescalas Irritabilidade, Comportamento estereotipado e Hiperatividade, não houve diferença estatística entre os resultados (p 0,334). Após uma semana da infusão, 5 crianças apresentavam melhora maior que 25% no escore total da escala ABC com uso de GRP e 2 com uso de placebo, não apresentando diferença estatística (p 0,375). Não houve efeitos adversos, alterações dos sinais vitais ou variações laboratoriais associados ao uso de GRP em nenhum paciente. Conclusões: Os resultados deste estudo, apesar do tamanho reduzido da amostra, reforçam os dados anteriores sobre a segurança do GRP no uso a curto prazo. Apesar de ter ocorrido redução dos escores da escala ABC após uso de GRP, não houve diferença estatística em relação ao placebo. Devido ao desenho crossover e tamanho pequeno da amostra do estudo atual, não foi possível esclarecer a real eficácia do GRP na redução dos sintomas do TEA na infância. Existe a necessidade de novas pesquisas com outros delineamentos e tamanho amostral maior para confirmar a eficácia e segurança do GRP em crianças com autismo.
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Pesquisas mostram que o bloqueio farmacológico do GRPR em modelos animais leva ao aparecimento de deficits na interação social, padrões restritivos de comportamento e estereotipias motoras, sintomas semelhantes ao comportamento autista em humanos, sugerindo a possibilidade de que o complexo GRP/GRPR possa ter um papel na patogênese do transtorno do espectro autista (TEA). Recentemente, dois estudos não controlados com administração do peptídeo liberador de gastrina (GRP) a 13 crianças com autismo sugeriram que ele é seguro e que possa melhorar alguns sintomas do transtorno, principalmente interação social e sintomas associados à irritabilidade. Objetivos: Comparar a eficácia, segurança, tolerabilidade do GRP em relação ao placebo em sintomas do TEA. Metodologia: Ensaio clínico crossover, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, com uso de GRP 160 picomol/kg por 4 dias consecutivos, em 10 crianças com autismo. Os desfechos foram medidos através da escala Aberrant Behavior Checklist (ABC). Resultados: Todos os participantes eram do sexo masculino, com idade entre 4 e 9 anos. Houve uma redução nos escores da escala ABC e suas subescalas após o uso de GRP e de placebo. Apesar dessa redução ser mais proeminente com o GRP, principalmente nas subescalas Irritabilidade, Comportamento estereotipado e Hiperatividade, não houve diferença estatística entre os resultados (p 0,334). Após uma semana da infusão, 5 crianças apresentavam melhora maior que 25% no escore total da escala ABC com uso de GRP e 2 com uso de placebo, não apresentando diferença estatística (p 0,375). Não houve efeitos adversos, alterações dos sinais vitais ou variações laboratoriais associados ao uso de GRP em nenhum paciente. Conclusões: Os resultados deste estudo, apesar do tamanho reduzido da amostra, reforçam os dados anteriores sobre a segurança do GRP no uso a curto prazo. Apesar de ter ocorrido redução dos escores da escala ABC após uso de GRP, não houve diferença estatística em relação ao placebo. Devido ao desenho crossover e tamanho pequeno da amostra do estudo atual, não foi possível esclarecer a real eficácia do GRP na redução dos sintomas do TEA na infância. Existe a necessidade de novas pesquisas com outros delineamentos e tamanho amostral maior para confirmar a eficácia e segurança do GRP em crianças com autismo.Introduction: The neuropeptides regulate a variety of aspects of the nervous and neuroendocrine function, acting through activation of specific receptors of the cellular membrane. In system central nervous (CNS) the gastrin-releasing peptide recptors (GRPR) are widely expressed, and numerous central effects have been reported with their activation, including effects on satiety, regulating the circadian rhythm, thermoregulation, stress modulation, response to fear, anxiety and memory. Research has shown that pharmacological blockade of GRPR in animal models leads to the deficits in social interaction, restrictive patterns of behavior and motor stereotypies, autistic symptoms similar to human behavior, suggesting the possibility that the complex GRP/GRPR may have a role in the pathogenesis of autism spectrum disorder (ASD). Recently, two studies are not controlled with the administration of gastrin releasing peptide (GRP) to 13 children with autism suggest that it is safe and can improve some symptoms of the disorder, especially social interaction and symptoms associated with irritability. Objectives: To compare the efficacy, safety, tolerability GRP compared to placebo in ASD symptoms. Methodology: crossover clinical trial, randomized, double-blind, placebo-controlled, using GRP 160 picomol/kg for 4 consecutive days in 10 children with autism. Outcomes were measured by the Aberrant Behavior Checklist scale (ABC). Results: All participants were male, aged between 4 and 9 years. There was a reduction in the scores of the ABC range and its subscales after use GRP and placebo. Despite this reduction be more prominent with the GRP, particularly in subscales Irritability, Stereotypic behavior and Hyperactivity and noncompliance, there was no statistical difference between the results (p 0.334). After a week of infusion, 5 children showed improvement greater than 25% in the total score of the ABC scale in GRP use and 2 with placebo use, however there was no statistical difference (p 0.375). No adverse effects, changes in vital signs or laboratory abnormalities associated with use of GRP in any patient. Conclusions: The results of this study, despite the small sample size, reinforce previous data on the safety of the GRP in the short-term use. Although there was a reduction in ABC scale scores after use of GRP, there was no statistical difference from placebo. Due to the small sample size and design of the current study, it was not possible to clarify the real effectiveness of GRP in reducing the symptoms of ASD in childhood. There is a need for further research with other designs and larger sample size to confirm the efficacy and safety of GRP in children with autism.application/pdfporTranstorno autísticoPeptídeo liberador de gastrinaNeuropeptídeosReceptores da bombesinaGastrin-releasing peptide receptorBombesin-like peptidesNeuropeptidesNeurodevelopmental disordersAutismAutism spectrum disorderUso do peptídeo liberador de gastrina em crianças com diagnóstico de autismoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de MedicinaPrograma de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do AdolescentePorto Alegre, BR-RS2015mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT000983338.pdf.txt000983338.pdf.txtExtracted Texttext/plain197624http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/132135/2/000983338.pdf.txtbb0df9367447e07f75810612fe9dfee2MD52ORIGINAL000983338.pdf000983338.pdfTexto completoapplication/pdf1114206http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/132135/1/000983338.pdf6bad395415a0d44fd4a46eb0d44582baMD5110183/1321352020-05-30 03:37:41.446009oai:www.lume.ufrgs.br:10183/132135Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532020-05-30T06:37:41Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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