Ser mulher em Ciências da Natureza e Matemática
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81132/tde-10072018-141247/ |
Resumo: | Estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as mulheres ainda ganham menos do que os homens no mercado de trabalho: 76,1% da renda deles1. O relatório do Fórum Econômico Mundial de 2017 (acrônimo do inglês, WEF) mostrou que a desigualdade entre homens e mulheres voltou a crescer, em 2017, considerando-se quatro pilares - trabalho, educação, política e saúde - e que só seria possível alcançar a igualdade de gênero no país em cerca de 217 anos (o Brasil ocupa a nonagésima posição em relação à paridade de gênero nesses campos em uma classificação hierárquica em que se analisaram 144 países2). As mulheres passaram séculos proibidas de exercer seus direitos como cidadãs, de exercer atividades remuneradas fora do lar, de estudar e, apesar de no fim do século XIX elas terem começado a ingressar nas universidades, há áreas, como as das Ciências da Natureza, Tecnologias, Engenharias e Matemática, nas quais, até hoje, a quantidade de mulheres não é significativa. Houve um aumento do número de mulheres nessas áreas no Brasil, mas elas ainda são minoria tanto no Brasil quanto no restante do mundo3 e, conforme se avança na hierarquia da carreira, esse número cai significativamente. Considerando esse cenário, o presente trabalho buscou entender quais fatores têm contribuído para a permanência dessa minoria de mulheres nas carreiras científicas, pensando também no afastamento delas da área, desde os passos iniciais da carreira profissional. Para tanto, realizaram-se nove coletas de narrativas de vida de cientistas pesquisadoras universitárias de vários ramos das Ciências da Natureza e da Matemática. A partir destes relatos autobiográficos, empregou-se uma ferramenta computacional (IRAMUTEQ) aos textos transcriados que gera estatísticas textuais das palavras mais citadas e as relaciona em pares. Para a atribuição de significado a estas palavras, dependente do contexto de cada narração, procedeu-se a uma análise de conteúdo (na perspectiva francesa) segundo contornos delimitados pela revisão de diversos trabalhos sobre a temática. Em todas as entrevistas analisadas, evidenciou-se que um dos pares de palavras relacionadas mais citado pelas narradoras é \"não\" e \"mulher\" que, em conjunto com outras interpretações de falas destas mulheres, sugere que o sentido da negação da própria \"feminilidade\" não se refira à mudança de suas identidades, mas a uma possível negação do \"lugar de mulher\" estabelecido na sociedade como mecanismo de permanência na carreira profissional, inclusive a científica. A perspectiva do presente trabalho é a de propor reflexões acerca do que se pode fazer para colaborar para uma educação mais igualitária, incluindo potenciais ações que incentivem meninas a se interessarem pelas Ciências e as mulheres a permanecerem profissionalmente nesse campo. Essas ações devem contribuir para a quebra de estereótipos e preconceitos, visando à construção de uma sociedade mais justa. |
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Ser mulher em Ciências da Natureza e MatemáticaTo be a woman in Sciences and MathematicsciênciaeducaçãoeducationgendergêneromulheresscienceswomanEstudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as mulheres ainda ganham menos do que os homens no mercado de trabalho: 76,1% da renda deles1. O relatório do Fórum Econômico Mundial de 2017 (acrônimo do inglês, WEF) mostrou que a desigualdade entre homens e mulheres voltou a crescer, em 2017, considerando-se quatro pilares - trabalho, educação, política e saúde - e que só seria possível alcançar a igualdade de gênero no país em cerca de 217 anos (o Brasil ocupa a nonagésima posição em relação à paridade de gênero nesses campos em uma classificação hierárquica em que se analisaram 144 países2). As mulheres passaram séculos proibidas de exercer seus direitos como cidadãs, de exercer atividades remuneradas fora do lar, de estudar e, apesar de no fim do século XIX elas terem começado a ingressar nas universidades, há áreas, como as das Ciências da Natureza, Tecnologias, Engenharias e Matemática, nas quais, até hoje, a quantidade de mulheres não é significativa. Houve um aumento do número de mulheres nessas áreas no Brasil, mas elas ainda são minoria tanto no Brasil quanto no restante do mundo3 e, conforme se avança na hierarquia da carreira, esse número cai significativamente. Considerando esse cenário, o presente trabalho buscou entender quais fatores têm contribuído para a permanência dessa minoria de mulheres nas carreiras científicas, pensando também no afastamento delas da área, desde os passos iniciais da carreira profissional. Para tanto, realizaram-se nove coletas de narrativas de vida de cientistas pesquisadoras universitárias de vários ramos das Ciências da Natureza e da Matemática. A partir destes relatos autobiográficos, empregou-se uma ferramenta computacional (IRAMUTEQ) aos textos transcriados que gera estatísticas textuais das palavras mais citadas e as relaciona em pares. Para a atribuição de significado a estas palavras, dependente do contexto de cada narração, procedeu-se a uma análise de conteúdo (na perspectiva francesa) segundo contornos delimitados pela revisão de diversos trabalhos sobre a temática. Em todas as entrevistas analisadas, evidenciou-se que um dos pares de palavras relacionadas mais citado pelas narradoras é \"não\" e \"mulher\" que, em conjunto com outras interpretações de falas destas mulheres, sugere que o sentido da negação da própria \"feminilidade\" não se refira à mudança de suas identidades, mas a uma possível negação do \"lugar de mulher\" estabelecido na sociedade como mecanismo de permanência na carreira profissional, inclusive a científica. A perspectiva do presente trabalho é a de propor reflexões acerca do que se pode fazer para colaborar para uma educação mais igualitária, incluindo potenciais ações que incentivem meninas a se interessarem pelas Ciências e as mulheres a permanecerem profissionalmente nesse campo. Essas ações devem contribuir para a quebra de estereótipos e preconceitos, visando à construção de uma sociedade mais justa.The Brazilian Institute of Geography and Statistics (Portuguese acronym from IBGE) has recently shown that women still earn less than men in the labor market: 76.1% of their income1. A report by the 2017 World Economic Forum (WEF2) showed that inequality between men and women regarding four pillars - work, education, politics, and health - has grown again that year. The same report states it would take at least 217 years, in Brazil, to achieve gender equality (Brazil is in the 90th position in the ranking of 144 countries in gender parity). For centuries, women have been prohibited from exerting their rights as citizens, which includes studying and working outside their homes. Although they have begun to enter universities by the end of the nineteenth century, areas such as Sciences and Mathematics lack the presence of women so far. An increase in the number of women in these areas has been observed in Brazil, even though they remain a minority both in Brazil3 and in the rest of the world and, as the career hierarchy progresses, this number drops significantly. This scenario leads to the development of this Master research that intends to unveil the factors that contribute to the permanence of a minority of women in the scientific career, also considering their distancing from this area since a very early age. For that, we carried out nine life narratives with female scientists. Based on these autobiographical narratives, we employed a computational tool (IRAMUTEQ) that performs a textual statistic to get the most cited pairs of words in the interview. The attribution of meaning to these word pairs depended on the context of each transcribed narration and was done by content analysis (as developed in the French perspective) within the limits of the literature review. Out of the set of analyzed interviews, one of the most quoted pairs of related words by the narrators is \"no\" and \"woman\". One possible interpretation of this connection is the denial of \"femininity\" itself, not in the sense of a change in their identities, but instead as a rejection towards the social representation of \"a woman\'s place\" established nowadays in our society. This mechanism of permanence in the career allows understanding the character of the apparent gender rejection perceived. In this way, the work sought to promote reflections about what can be done to transform education, through the implementation of actions which deal with the breakdown of stereotypes and prejudices. These changes should lead to the construction of a fair world and to the encouragement of girls to enjoy Sciences and Mathematics, and the women to embrace STEM4 careers.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMuramatsu, MikiyaRezende, Daisy de BritoRosenthal, Renata2018-03-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81132/tde-10072018-141247/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-07-19T20:50:39Zoai:teses.usp.br:tde-10072018-141247Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-07-19T20:50:39Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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