Imagens de língua: um estudo educacional a respeito das línguas bantu na escola moçambicana

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Souza, Sheila Perina de
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48138/tde-03122020-151615/
Resumo: Esta dissertação reflete sobre as imagens de língua e as políticas linguísticas no contexto educacional moçambicano. Nosso objetivo principal foi analisar quais são as imagens das línguas bantu que circulam nas escolas; especificamente, buscamos compreender as relações entre as imagens de língua no contexto educacional e a implementação de algumas políticas linguísticas, como o ensino bilíngue, em Moçambique. Para isso, essa discussão tem como corpus o questionário aplicado aos professores em formação universitária e alunos de uma escola pública de Maputo, e entrevistas realizadas com professores alunos dessa escola. A partir dessa compreensão, discutimos as tensões e as diferentes imagens, criadas pelas instâncias argumentadoras Estado e Universidade- e como elas circulam e alteram as práticas de ensino. Como base teórica, dialogamos com as investigações de Schlieben-Lange (1993), em especial com a noção de atitudes linguísticas, com Puh (2017) com a noção da Universidade como produtora de políticas linguísticas, e Ngunga Bavo (2011) a respeito do contexto linguístico. Como metodologia usamos a etnografia, André (1997), e para análise dos dados usamos análise do discurso de linha francesa Pêcheux (1993). Como considerações, constatamos que embora a proibição do uso das línguas bantu, no contexto educacional moçambicano, tenha sido abolida na década de 90, ainda há resquícios de uma política linguística local, marcada por formações discursivas coloniais, que inibe o uso de certas línguas em sala de aula. Pelos discursos dos professores percebemos um jogo não diretamente citável, com os discursos das seguintes instâncias argumentadoras, o Estado e a academia. Os argumentos são de que as línguas bantu devem servir apenas como suporte ou como auxiliares para a aprendizagem do português; elas também são vistas como ferramentas para solucionar o fracasso escolar no país. Pelos discursos dos alunos, observamos que as línguas bantu não estão entre seus principais alvos de desejos de aprendizagem linguística, elas são vistas como línguas que devem ser usadas em outros contextos. Portanto, tendo em vista essas distintas imagens em concorrência, veiculadas por professores e alunos, abordamos a problemática do epistemicídio (SANTOS,1995) e CARNEIRO(2005), ampliando tal conceito para epistemicídio linguístico, nas sociedades que sofreram penosos processos colonizatórios; além disso, alertamos para as várias facetas do racismo linguístico 10 (NASCIMENTO, 2019) e dos obstáculos pedagógicos que se impõem para a incorporação das línguas maternas dos alunos nas escolas (BARZOTTO,2004).
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spelling Imagens de língua: um estudo educacional a respeito das línguas bantu na escola moçambicanaAn educational study of the Bantu languagesBantu languagesEpistemicídio linguísticoImagens de línguasImages of languagesLínguas bantuLinguistic epistemicideLinguistic policiesPolíticas linguísticasEsta dissertação reflete sobre as imagens de língua e as políticas linguísticas no contexto educacional moçambicano. Nosso objetivo principal foi analisar quais são as imagens das línguas bantu que circulam nas escolas; especificamente, buscamos compreender as relações entre as imagens de língua no contexto educacional e a implementação de algumas políticas linguísticas, como o ensino bilíngue, em Moçambique. Para isso, essa discussão tem como corpus o questionário aplicado aos professores em formação universitária e alunos de uma escola pública de Maputo, e entrevistas realizadas com professores alunos dessa escola. A partir dessa compreensão, discutimos as tensões e as diferentes imagens, criadas pelas instâncias argumentadoras Estado e Universidade- e como elas circulam e alteram as práticas de ensino. Como base teórica, dialogamos com as investigações de Schlieben-Lange (1993), em especial com a noção de atitudes linguísticas, com Puh (2017) com a noção da Universidade como produtora de políticas linguísticas, e Ngunga Bavo (2011) a respeito do contexto linguístico. Como metodologia usamos a etnografia, André (1997), e para análise dos dados usamos análise do discurso de linha francesa Pêcheux (1993). Como considerações, constatamos que embora a proibição do uso das línguas bantu, no contexto educacional moçambicano, tenha sido abolida na década de 90, ainda há resquícios de uma política linguística local, marcada por formações discursivas coloniais, que inibe o uso de certas línguas em sala de aula. Pelos discursos dos professores percebemos um jogo não diretamente citável, com os discursos das seguintes instâncias argumentadoras, o Estado e a academia. Os argumentos são de que as línguas bantu devem servir apenas como suporte ou como auxiliares para a aprendizagem do português; elas também são vistas como ferramentas para solucionar o fracasso escolar no país. Pelos discursos dos alunos, observamos que as línguas bantu não estão entre seus principais alvos de desejos de aprendizagem linguística, elas são vistas como línguas que devem ser usadas em outros contextos. Portanto, tendo em vista essas distintas imagens em concorrência, veiculadas por professores e alunos, abordamos a problemática do epistemicídio (SANTOS,1995) e CARNEIRO(2005), ampliando tal conceito para epistemicídio linguístico, nas sociedades que sofreram penosos processos colonizatórios; além disso, alertamos para as várias facetas do racismo linguístico 10 (NASCIMENTO, 2019) e dos obstáculos pedagógicos que se impõem para a incorporação das línguas maternas dos alunos nas escolas (BARZOTTO,2004).This thesis reflects on the images of a language and the language policies within Mozambique educational context. Our main purpose consisted on assessing the images of Bantu languages that circulate in schools. Specifically, we intended to comprehend the relations between the images of a language within the educational context and the implementation of some language policies in Mozambique, such as bilingual education. Therefore, the discussion hereunder resorted to a corpus originated from a survey conducted on and interviews with undergraduate teachers and students of a public school in Maputo. Once we have achieved the desired comprehension, we discussed the different imagens and existing tensions created by the argumentative entities the Government and the University , and how such images are disseminated and can change the teaching practices. Our theory-based study dialogued with Schlieben-Langes (1993) assessments especially the language aptitude concept , Puh (2017) and his understanding of the university as a language policymaker, and Ngunga Bavo (2011) with regard to the language context. This thesis also employed Andrés (1997) ethnography approach and Pêcheuxs (1993) French view of discourse analysis. Although the Bantu language prohibition in schools ceased in the 1990s, this paper brought to the light that a local language policy marked for colonial discursive formations still remains and inhibits the use of certain languages in classroom. According to the teachers statements, we have noticed a non-directly mentioned game played through the discourse of the argumentative entities the Government and the University. The claims are that Bantu languages should only serve as a supporting tool for the Portuguese language teaching and for solving Mozambique education systems failure. According to the students statements, we observed that Bantu languages are not among their main language learning aspirations, as such students consider that Bantu languages must be used in other contexts. Thus, with due regard to the different images the teachers and students have expressed, we approached the epistemicide problematic (SANTOS,1995; CARNEIRO,2005) by extending the concept to a language epistemicide in societies that underwent arduous colonizing processes. Furthermore, we would like to raise awareness of the several facets of linguistic prejudice (NASCIMENTO,2019) and of the teaching obstacles to be overcome in order to incorporate students mother tongues in schools (BARZOTTO,2004).Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBarzotto, Valdir HeitorSouza, Sheila Perina de2020-07-01info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48138/tde-03122020-151615/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2020-12-22T23:49:29Zoai:teses.usp.br:tde-03122020-151615Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212020-12-22T23:49:29Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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