A gente se vê por aqui: sobre a televisão brasileira, a Rede Globo e a interpelação ideológica na sociedade do espetáculo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Juliana Cristina da
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-24092015-155807/
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo, a partir do referencial teórico e metodológico da Análise do discurso e da Psicanálise, correlacionar o papel social da televisão ao funcionamento subjetivo. Para isso enfoca um dos discursos que é mais predominante na televisão: a publicidade de autopromoção. Quando a televisão brasileira surgiu ela promovia um imaginário nacional/nacionalista, evidenciado no presente texto através da análise discursiva do Hino da Televisão, executado na inauguração da TV Tupi em 1950. Análise que partiu de um paralelo entre a função ideológica do nacionalismo e a função do estádio do espelho e, consequentemente da dimensão imaginária do Eu para a constituição dos sujeitos. Atualmente, o imaginário globalizado/globalizante promovido pela televisão nacional está marcado pela trajetória do poder hegemônico da emissora que é a metáfora desse ideário: a Rede Globo. A partir de uma revisão bibliográfica fez-se o histórico do percurso que levou a Rede Globo a ser uma das principais beneficiárias do projeto de integração nacional promovido pela Ditadura Militar; bem como o desenvolvimento das pesquisas de opinião/audiência pela emissora, que impulsionaram a pesquisa de mercado e a publicidade nacionais. O trabalho propõe uma análise discursiva da publicidade de autopromoção da Rede Globo a partir dos seguintes slogans institucionais da emissora: Globo e você, tudo a ver (1991-1997), Um caso de amor com o Brasil (1998), Um caso de amor com você (1998), A gente se vê por aqui (2001-2011) e A gente se liga em você (2011-atual). Desde o início, e nos mais diferentes momentos históricos, a propaganda de autopromoção buscou propagandear as emissoras (e, por consequência, a própria televisão) como representantes do Brasil, como espelho no qual o Brasil pode (ou deveria) se reconhecer. No caso dos dois slogans utilizados durante o ano de 1998 pela Rede Globo, busca-se estabelecer uma relação tanto metafórica, quanto metonímica, entre você (telespectador) e Brasil. A análise proposta busca evidenciar o que isso pode significar para a economia psíquica do sujeito, uma vez que a metáfora e a metonímia, tal como as entende a psicanálise lacaniana, são os mecanismos pelos quais o desejo inconsciente funciona. Por fim, aprofunda-se a análise do slogan Globo, A gente se vê por aqui, propondo que esse slogan foi usado ao longo de uma década inteira porque conseguiu condensar no mesmo enunciado, por um lado, a forma como se dá a interpelação ideológica no âmbito específico de espetáculo; e por outro, a fantasia na qual os sujeitos colocam a si mesmo em sua própria transparência, vendo-se e mostrando-se uns aos outros através do espelho do espetáculo, e que fundamenta a ligação libidinal dos sujeitos nessas sociedades. O aqui, de A gente se vê por aqui visa apagar a diferença entre estar aqui e aí, como se Globo e você pudessem estar no mesmo plano. Tornando-se o semblante que ocupa o lugar do Outro nas sociedades do espetáculo, a televisão busca estratégias que (imaginariamente) eliminem a distância do sujeito em relação ao Outro, reforçando a ilusão de autonomia dos sujeitos.
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Análise que partiu de um paralelo entre a função ideológica do nacionalismo e a função do estádio do espelho e, consequentemente da dimensão imaginária do Eu para a constituição dos sujeitos. Atualmente, o imaginário globalizado/globalizante promovido pela televisão nacional está marcado pela trajetória do poder hegemônico da emissora que é a metáfora desse ideário: a Rede Globo. A partir de uma revisão bibliográfica fez-se o histórico do percurso que levou a Rede Globo a ser uma das principais beneficiárias do projeto de integração nacional promovido pela Ditadura Militar; bem como o desenvolvimento das pesquisas de opinião/audiência pela emissora, que impulsionaram a pesquisa de mercado e a publicidade nacionais. O trabalho propõe uma análise discursiva da publicidade de autopromoção da Rede Globo a partir dos seguintes slogans institucionais da emissora: Globo e você, tudo a ver (1991-1997), Um caso de amor com o Brasil (1998), Um caso de amor com você (1998), A gente se vê por aqui (2001-2011) e A gente se liga em você (2011-atual). Desde o início, e nos mais diferentes momentos históricos, a propaganda de autopromoção buscou propagandear as emissoras (e, por consequência, a própria televisão) como representantes do Brasil, como espelho no qual o Brasil pode (ou deveria) se reconhecer. No caso dos dois slogans utilizados durante o ano de 1998 pela Rede Globo, busca-se estabelecer uma relação tanto metafórica, quanto metonímica, entre você (telespectador) e Brasil. A análise proposta busca evidenciar o que isso pode significar para a economia psíquica do sujeito, uma vez que a metáfora e a metonímia, tal como as entende a psicanálise lacaniana, são os mecanismos pelos quais o desejo inconsciente funciona. Por fim, aprofunda-se a análise do slogan Globo, A gente se vê por aqui, propondo que esse slogan foi usado ao longo de uma década inteira porque conseguiu condensar no mesmo enunciado, por um lado, a forma como se dá a interpelação ideológica no âmbito específico de espetáculo; e por outro, a fantasia na qual os sujeitos colocam a si mesmo em sua própria transparência, vendo-se e mostrando-se uns aos outros através do espelho do espetáculo, e que fundamenta a ligação libidinal dos sujeitos nessas sociedades. O aqui, de A gente se vê por aqui visa apagar a diferença entre estar aqui e aí, como se Globo e você pudessem estar no mesmo plano. Tornando-se o semblante que ocupa o lugar do Outro nas sociedades do espetáculo, a televisão busca estratégias que (imaginariamente) eliminem a distância do sujeito em relação ao Outro, reforçando a ilusão de autonomia dos sujeitos.The present study aims to correlate the social role of television with the subjective functioning, based on theoretical and methodological background of Discourses Analysis and Psychoanalysis. For this purpose, this work focuses on one of the most prevailing discourses in television: self-promotion advertising. When Brazilian television arrived, it used to promote a nationalist imaginary. This is highlighted in this text through discourse analysis of Hino da Televisão, performed on the inauguration of TV Tupi in 1950. Analysis are based on a parallel between nationalism and the mirror stage function and, consequently, the imaginary dimension of the Self on subject constitution. Currently, the globalized/globalizer imaginary promoted by national television is marked by the trajectory of hegemonic power of the station which is a metaphor for this ideology: Rede Globo. A historical path was traced from a review of literature, showing how Rede Globo became one of the main beneficiaries of the national integration project promoted by the military dictatorship and how the stations audience and opinion polls propelled market research and national advertising. This study proposes a discursive analysis of self-promotion advertising of Rede Globo, based on the stations institutional slogans: Globo e você, tudo a ver (Globo and you, everything in common; 1991-1997), Um caso de amor com o Brasil (A love affair with Brazil; 1998), Um caso de amor com você (A love affair with you; 1998), A gente se vê por aqui (We meet up here; 2001-2011), A gente se liga em você (We are linked to you; 2011-present). Since its beginning and in different moments in history, self-promotion advertising and, consequently, television itself intended to show the stations as Brazils representatives, as a mirror in which Brazil could (or should) recognize itself. In both slogans Rede Globo used in 1998, they intend to establish a metaphorical and metonymical relationship between you (viewer) and Brazil. The proposed analysis aims to evince what it may imply to psychical economy of the subject, once metaphor and metonymy (as lacanian psychoanalysis understands them) are the mechanisms through which the unconscious desire works. Lastly, going further on the analysis of the slogan A gente se vê por aqui (We meet up here), the study suggests it was used for a whole decade because it could condense two aspects in the same wording. On the one hand, the way ideological interpellation comes about in the specific scope of spectacle. On the other hand, the fantasy in which subjects put themselves in their own transparency (seeing and showing themselves to each other through the spectacle mirror) and that underlies libidinal bounding of subjects in these societies. The here in We see each other here intends to erase the difference of being here and there, as if Globo and you could be in the same plan. Television seeks strategies to (imaginarily) eliminate the distance of the subject in relation to the Other, becoming the face that fills the place of the Other in societies of the spectacle, thus reinforcing the illusion of subjects autonomy.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPTfouni, Leda VerdianiSilva, Juliana Cristina da2015-06-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-24092015-155807/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:58Zoai:teses.usp.br:tde-24092015-155807Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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