Poder de compra estatal para a Implementação de políticas públicas: o uso derivado da contratação pública

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marina Fontão Zago
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.2.2017.tde-13112020-173328
Resumo: Esta tese de doutorado tem por objetivo analisar como o sistema regulatório de contratações públicas no Brasil vem percebendo e conformando o poder de compra estatal como instrumento transversal de efetivação políticas públicas diversas, tais como a redução de desigualdades, o desenvolvimento socioeconômico e a proteção ambiental. Na presente tese, denomino essa forma de uso diversificado da contratação pública como \"função derivada\". Ao longo do trabalho, foi testada a hipótese de que a função derivada enseja complexidades e tensões no sistema regulatório brasileiro das contratações públicas. Para isso, este trabalho dividiu-se em duas etapas: (i) diagnóstico e descrição da função derivada no Brasil, a partir do direito positivo, do estudo de casos concretos, da jurisprudência e da revisão bibliográfica; e, a partir desse levantamento, (ii) construção de considerações teóricas sobre as principais características e fundamentos da função derivada, bem como as tensões e os desafios que seu uso enseja no sistema de contratações públicas. Percorrido esse caminho, conclui que, apesar de sua potencialidade como instrumento de políticas públicas, a função derivada aumenta a complexidade e traz tensões para as contratações públicas, sobretudo pelo modo indireto e oblíquo com que o novo fim é incorporado à contratação. Por um lado, sua eficácia é de difícil demonstração. Por outro, ela impacta o custo e a qualidade das contratações, até mesmo colocando em risco a satisfação da função primária; tensiona-se com os valores da competição e da isonomia; e dificulta a boa governança da contratação, trazendo burocratização e litigiosidade. Diante disso, entendo que há duas respostas complementares possíveis para o movimento da função derivada das contratações públicas no Brasil. A primeira resposta é a de que a função derivada deve ser evitada pelo legislador e gestor público. As contratações públicas podem, sim, servir para a promoção de políticas socioeconômicas; mas, neste caso, os fins sociais devem ser colocados como o fim primário da contratação, não como uma função derivada. A segunda resposta é a de que, caso se opte por utilizar a função derivada, há uma série de fatores, propostos na tese, que devem ser considerados tanto pelo legislador, como pelo gestor público, de modo a reduzir ou neutralizar, caso a caso, as tensões suscitadas por ela.
id USP_8b243a787a5f6c0af076cd5dace2c945
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-13112020-173328
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis Poder de compra estatal para a Implementação de políticas públicas: o uso derivado da contratação pública Government Purchasing Power as a Means of Implementing Public Policies: the Derivative Use of Public Procurement and Contracts 2017-04-18Floriano Peixoto de Azevedo Marques NetoFernando Dias Menezes de AlmeidaRegina Silvia Viotto Monteiro PachecoCarlos Ari Vieira SundfeldMarina Fontão ZagoUniversidade de São PauloDireitoUSPBR Contratação pública Derivative function Função derivada Função primária Government purchasing power Linkages Poder de compra estatal Primary function Public procurement Secondary policies Uso derivado Esta tese de doutorado tem por objetivo analisar como o sistema regulatório de contratações públicas no Brasil vem percebendo e conformando o poder de compra estatal como instrumento transversal de efetivação políticas públicas diversas, tais como a redução de desigualdades, o desenvolvimento socioeconômico e a proteção ambiental. Na presente tese, denomino essa forma de uso diversificado da contratação pública como \"função derivada\". Ao longo do trabalho, foi testada a hipótese de que a função derivada enseja complexidades e tensões no sistema regulatório brasileiro das contratações públicas. Para isso, este trabalho dividiu-se em duas etapas: (i) diagnóstico e descrição da função derivada no Brasil, a partir do direito positivo, do estudo de casos concretos, da jurisprudência e da revisão bibliográfica; e, a partir desse levantamento, (ii) construção de considerações teóricas sobre as principais características e fundamentos da função derivada, bem como as tensões e os desafios que seu uso enseja no sistema de contratações públicas. Percorrido esse caminho, conclui que, apesar de sua potencialidade como instrumento de políticas públicas, a função derivada aumenta a complexidade e traz tensões para as contratações públicas, sobretudo pelo modo indireto e oblíquo com que o novo fim é incorporado à contratação. Por um lado, sua eficácia é de difícil demonstração. Por outro, ela impacta o custo e a qualidade das contratações, até mesmo colocando em risco a satisfação da função primária; tensiona-se com os valores da competição e da isonomia; e dificulta a boa governança da contratação, trazendo burocratização e litigiosidade. Diante disso, entendo que há duas respostas complementares possíveis para o movimento da função derivada das contratações públicas no Brasil. A primeira resposta é a de que a função derivada deve ser evitada pelo legislador e gestor público. As contratações públicas podem, sim, servir para a promoção de políticas socioeconômicas; mas, neste caso, os fins sociais devem ser colocados como o fim primário da contratação, não como uma função derivada. A segunda resposta é a de que, caso se opte por utilizar a função derivada, há uma série de fatores, propostos na tese, que devem ser considerados tanto pelo legislador, como pelo gestor público, de modo a reduzir ou neutralizar, caso a caso, as tensões suscitadas por ela. This dissertation analyzes how the Brazilian regulatory framework of public procurement and contracts has been perceiving and shaping the government purchasing power as a means of implementing various public policies, such as socioeconomic development and environmental safety. In this thesis, I call that kind of qualified usage of the public procurement as the \"derivative function\" [in English, called also as \"secondary policies\", \"horizontal polices\" or \"linkages\"]. Throughout this dissertation, I test the hypothesis that the diversification of public procurement ends in Brazil (through the use of linkages) creates complexities and tensions in its regulatory framework. The analysis is organized in two stages: (i) evolution of the derivative function in Brazil, from the existing legal framework, case study, jurisprudence and literature review; and, from that point, (ii) theoretical propositions have been constructed, in order to define the derivative function and the tensions that its use brings to the legal framework. I conclude that, despite its potential as an instrument of public policies, the derivate function increases complexity and brings tensions to public procurement, especially because of the indirect and oblique way in which the derivative end is incorporated into contracting. On the one hand, its effectiveness is difficult to demonstrate. On the other, it impacts the cost and quality of hires, even endangering the satisfaction of the public procurement\'s primary function; conflicts with the values of competition and equal protection; and hinders good governance of contracting, bringing bureaucratization and litigation to the hiring procedure. Therefore, I understand there are two possible responses to the derivative function movement in Brazil. First, legislators and public officials should avoid the derivate function. Public procurement may, indeed, be used as instrument to implement socioeconomic policies; however, those public goals should be placed as the primary function of the public procurement, not as a derivate function. Secondly, if the derivative function is used, there are some factors, proposed in this thesis, which must the addressed by both legislators and public officials, in order to reduce or neutralize the tensions that are brought by it. https://doi.org/10.11606/T.2.2017.tde-13112020-173328info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:53:51Zoai:teses.usp.br:tde-13112020-173328Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:37:24.650389Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.pt.fl_str_mv Poder de compra estatal para a Implementação de políticas públicas: o uso derivado da contratação pública
dc.title.alternative.en.fl_str_mv Government Purchasing Power as a Means of Implementing Public Policies: the Derivative Use of Public Procurement and Contracts
title Poder de compra estatal para a Implementação de políticas públicas: o uso derivado da contratação pública
spellingShingle Poder de compra estatal para a Implementação de políticas públicas: o uso derivado da contratação pública
Marina Fontão Zago
title_short Poder de compra estatal para a Implementação de políticas públicas: o uso derivado da contratação pública
title_full Poder de compra estatal para a Implementação de políticas públicas: o uso derivado da contratação pública
title_fullStr Poder de compra estatal para a Implementação de políticas públicas: o uso derivado da contratação pública
title_full_unstemmed Poder de compra estatal para a Implementação de políticas públicas: o uso derivado da contratação pública
title_sort Poder de compra estatal para a Implementação de políticas públicas: o uso derivado da contratação pública
author Marina Fontão Zago
author_facet Marina Fontão Zago
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Fernando Dias Menezes de Almeida
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Regina Silvia Viotto Monteiro Pacheco
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Carlos Ari Vieira Sundfeld
dc.contributor.author.fl_str_mv Marina Fontão Zago
contributor_str_mv Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto
Fernando Dias Menezes de Almeida
Regina Silvia Viotto Monteiro Pacheco
Carlos Ari Vieira Sundfeld
description Esta tese de doutorado tem por objetivo analisar como o sistema regulatório de contratações públicas no Brasil vem percebendo e conformando o poder de compra estatal como instrumento transversal de efetivação políticas públicas diversas, tais como a redução de desigualdades, o desenvolvimento socioeconômico e a proteção ambiental. Na presente tese, denomino essa forma de uso diversificado da contratação pública como \"função derivada\". Ao longo do trabalho, foi testada a hipótese de que a função derivada enseja complexidades e tensões no sistema regulatório brasileiro das contratações públicas. Para isso, este trabalho dividiu-se em duas etapas: (i) diagnóstico e descrição da função derivada no Brasil, a partir do direito positivo, do estudo de casos concretos, da jurisprudência e da revisão bibliográfica; e, a partir desse levantamento, (ii) construção de considerações teóricas sobre as principais características e fundamentos da função derivada, bem como as tensões e os desafios que seu uso enseja no sistema de contratações públicas. Percorrido esse caminho, conclui que, apesar de sua potencialidade como instrumento de políticas públicas, a função derivada aumenta a complexidade e traz tensões para as contratações públicas, sobretudo pelo modo indireto e oblíquo com que o novo fim é incorporado à contratação. Por um lado, sua eficácia é de difícil demonstração. Por outro, ela impacta o custo e a qualidade das contratações, até mesmo colocando em risco a satisfação da função primária; tensiona-se com os valores da competição e da isonomia; e dificulta a boa governança da contratação, trazendo burocratização e litigiosidade. Diante disso, entendo que há duas respostas complementares possíveis para o movimento da função derivada das contratações públicas no Brasil. A primeira resposta é a de que a função derivada deve ser evitada pelo legislador e gestor público. As contratações públicas podem, sim, servir para a promoção de políticas socioeconômicas; mas, neste caso, os fins sociais devem ser colocados como o fim primário da contratação, não como uma função derivada. A segunda resposta é a de que, caso se opte por utilizar a função derivada, há uma série de fatores, propostos na tese, que devem ser considerados tanto pelo legislador, como pelo gestor público, de modo a reduzir ou neutralizar, caso a caso, as tensões suscitadas por ela.
publishDate 2017
dc.date.issued.fl_str_mv 2017-04-18
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://doi.org/10.11606/T.2.2017.tde-13112020-173328
url https://doi.org/10.11606/T.2.2017.tde-13112020-173328
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo
dc.publisher.program.fl_str_mv Direito
dc.publisher.initials.fl_str_mv USP
dc.publisher.country.fl_str_mv BR
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1794502717976084480