Madame Satã

Madame Satã em 1972 João Francisco dos Santos (Glória do Goitá, 25 de fevereiro de 1900Rio de Janeiro, 12 de abril de 1976), mais conhecido como Madame Satã, foi um transformista brasileiro, uma figura emblemática e uma das personagens mais representativas da vida noturna e marginal da Lapa carioca na primeira metade do século XX.

Nascido em Glória do Goitá, um município na Zona da Mata pernambucana, João Francisco mudou-se para a Lapa – que na época passava por um processo de transformação e gentrificação – aos treze anos, onde viveu como criança de rua até conseguir um emprego como vendedor ambulante de pratos e panelas de alumínio.

Foi em sua juventude na Lapa que João aprendeu a ser segurança, garçom, cozinheiro, capoeirista, vindo a ser posteriormente um criminoso. Porém, desde que conseguiu entrar para o teatro, João afastou-se da vida boêmia do bairro que tanto conhecia. Em uma noite de 1928, quando voltava do trabalho, João resolveu jantar em um boteco – local onde encontrou Alberto, um vigilante noturno. O transformista, após ser provocado pelo vigia, pegou uma pistola e atirou no guarda. João foi condenado e passou dois anos e três meses na prisão de Ilha Grande. Depois de ser preso, João deixou a carreira de artista e passou a viver na marginalidade.

Cerca de dois anos depois, João Francisco foi absolvido de sua pena ao alegar legítima defesa. Apesar da absolvição, a vida do transformista foi marcada por outros 29 processos – 3 homicídios, 13 agressões, 2 furtos, 3 desacatos, 4 resistências a prisão, 1 ultraje ao pudor e 1 porte de arma, entre outros. Nos processos em que foi indiciado, João foi condenado em dez, passando um total de 27 anos e 8 meses de sua vida, intercalados, na prisão. Com sua larga ficha criminal, João Francisco era um alvo fácil para os policiais.

A famosa alcunha, Madame Satã, foi atribuída a João Francisco apenas no carnaval de 1938. Neste ano, o transformista desfilou pela primeira vez, trajando uma fantasia dourada – inspirada num morcego típico de sua cidade natal. João garantiu o primeiro lugar do concurso e, após a festa terminar, ele e seus amigos foram levados para a delegacia. Porém, antes de serem soltos, o delegado exigiu saber o nome de cada suspeito. João recusou-se a falar e foi apelidado pelo delegado de Madame Satã, que o reconheceu como o vencedor do concurso.

Assumidamente homossexual, João Francisco casou-se com uma mulher aos 34 anos e, com Maria Faissal, criou e educou os seus seis filhos de criação. Em fevereiro de 1976, João foi encontrado internado em um hospital em Angra dos Reis, no sul fluminense. Dois meses depois, o transformista morreu, aos 76 anos, devido a um câncer pulmonar. Fornecido pela Wikipedia
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