Perceção da fala em crianças com dislexia de desenvolvimento
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10348/2878 |
Resumo: | O estudo apresentado pretende testar o potencial défice de perceção da fala em crianças com dislexia de desenvolvimento. A primeira parte do trabalho consistiu na revisão da literatura científica sobre a capacidade dos ouvintes utilizarem a informação estatística na segmentação da fala e a possível presença de um défice de perceção da fala em crianças com dislexia, considerando a influência do conhecimento ortográfico, resultante da aprendizagem da leitura e escrita, no reconhecimento de palavras faladas. A segunda parte consistiu na realização de dois estudos empíricos. No primeiro, foram examinados leitores típicos de diferentes níveis de escolaridade, numa tarefa de escrita por ditado de palavras e pseudopalavras com diferentes graus de consistência ortográfica. As crianças do 3.º e 4.ºanos de escolaridade evidenciaram um efeito de consistência ortográfica na escrita de palavras(melhores resultados nas consistentes) e em pseudopalavras (melhores resultados nas inconsistentes). As do 5.º e 6.ºanos registaram um efeito de consistência restrito a pseudopalavras (melhores resultados nas inconsistentes). O segundo estudo pretendeu examinar a perceção da fala em crianças com dislexia de desenvolvimento (GD) através da comparação dos seus desempenhos com dois grupos de controlo: um grupo de controlo cronológico (GCC), e outro de controlo de leitura (GCL). A perceção da fala foi estudada através da avaliação do desempenho dos três grupos numa tarefa de aprendizagem de língua artificial (ALA) e uma tarefa de Decisão Lexical auditiva (DL). A tarefa de ALA pretendeu examinar a capacidade de processamento online e offline das propriedades estatísticas da fala. Como medida online foi utilizada a tarefa de deteção de cliques embutidos na corrente de fala artificial, realizada durante a fase de familiarização. Como medida offline foi utilizada uma tarefa de escolha forçada, realizada após a fase de familiarização. O GD teve um desempenho semelhante ao GCC e GCL, tanto na medida de avaliação online como na de avaliação offline. Os três grupos foram mais rápidos a detetar os cliques localizados no interior das palavras-PT. Na tarefa de escolha forçada não identificaram as “palavras” da LA, provavelmente devido à atenção dividida entre as duas tarefas simultâneas (deteção de cliques e exposição ao fluxo de linguagem). Com a tarefa de DL pretendeu-se perceber se o grau de consistência ortográfica afeta na mesma medida os três grupos. O GD não apresentou desvantagem relativamente aos grupos de controlo, quer ao nível da precisão das respostas, quer ao nível do tempo de reação(TR), indicando não existir relação entre os desempenhos nesta tarefa e o nível de leitura das crianças. Os três grupos apresentaram resultados semelhantes relativamente à DL perante itens consistentes e inconsistentes, não se verificando a existência de uma relação entre a DL e a consistência ortográfica das palavras e pseudopalavras. para controlar os efeitos da ortografia na DL, os desempenhos dos três grupos também foram comparados numa tarefa de escrita de palavras e pseudopalavras. Todos os grupos mostraram um conhecimento ortográfico semelhante das palavras consistentes e inconsistentes. Nas pseudopalavras apresentaram um conhecimento mais sólido das inconsistentes. O conjunto dos resultados não fornece evidências de um défice de perceção da fala nas crianças com dislexia. |
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Como medida online foi utilizada a tarefa de deteção de cliques embutidos na corrente de fala artificial, realizada durante a fase de familiarização. Como medida offline foi utilizada uma tarefa de escolha forçada, realizada após a fase de familiarização. O GD teve um desempenho semelhante ao GCC e GCL, tanto na medida de avaliação online como na de avaliação offline. Os três grupos foram mais rápidos a detetar os cliques localizados no interior das palavras-PT. Na tarefa de escolha forçada não identificaram as “palavras” da LA, provavelmente devido à atenção dividida entre as duas tarefas simultâneas (deteção de cliques e exposição ao fluxo de linguagem). Com a tarefa de DL pretendeu-se perceber se o grau de consistência ortográfica afeta na mesma medida os três grupos. O GD não apresentou desvantagem relativamente aos grupos de controlo, quer ao nível da precisão das respostas, quer ao nível do tempo de reação(TR), indicando não existir relação entre os desempenhos nesta tarefa e o nível de leitura das crianças. Os três grupos apresentaram resultados semelhantes relativamente à DL perante itens consistentes e inconsistentes, não se verificando a existência de uma relação entre a DL e a consistência ortográfica das palavras e pseudopalavras. para controlar os efeitos da ortografia na DL, os desempenhos dos três grupos também foram comparados numa tarefa de escrita de palavras e pseudopalavras. Todos os grupos mostraram um conhecimento ortográfico semelhante das palavras consistentes e inconsistentes. Nas pseudopalavras apresentaram um conhecimento mais sólido das inconsistentes. O conjunto dos resultados não fornece evidências de um défice de perceção da fala nas crianças com dislexia.This study aims to examine the potential deficit in speech perception of children with developmental dyslexia. The first part of this work corresponded to the review of scientific literature on the ability of listeners to use the statistical information in speech segmentation and to test the hypothesis of a deficit of speech perception in children with dyslexia, considering the influence of orthographic knowledge, derived from literacy learning, on spoken word recognition. The second part of the work consisted of two empirical studies. In the first study, we examined typical readers of different levels of education, on a task of writing by dictation of words and nonwords with different degrees of spelling consistency. The 3rd and 4th years of education showed a more solid orthographic knowledge, with better results in consistent words and inconsistent nonwords. The 5th and 6th years showed an effect of consistency restricted to nonwords, with better results in inconsistent. The second study aimed to examine the perception of speech in children with development dyslexic (DG) through the comparison of their performances with two control groups: one matched in chronological age (ACG), and another, of younger children, matched in reading skills (LCG). The speech perception was investigated by assessing the performance of the three groups in an artificial language learning (ALL) task and in an auditory lexical decision task (LD). The task of ALL intended to examine the online and offline processing of statistical properties of speech. The task of detection of embedded clicks in an artificial speech stream, held during the familiarization, was used as a measure of online processing. As a measure of offline processing we used a forced choice task, held after the familiarization phase. The results show that the DG had a similar performance to the two control groups in the task of ALL, in both the online and offline assessment. The three groups were faster to detect the clicks located inside PT-words, where the PTs were higher, but there were no accuracy differences regarding clicks' locations. Children also did not identify the "words" in the LA forced choice task (evaluation offline) probably due to divided attention between two simultaneous tasks (detection of clicks and exposure to flow language). With the DL task was intended to see whether the degree of spelling consistency affects in equal measure the three groups. The DG showed no disadvantage compared with the control groups on the LD task, both in accuracy and reaction time (RT) suggesting that there is no relationship between the performance on this task and the children reading level. The three groups had similar results regarding consistent and inconsistent items, suggesting that auditory lexical decision and spelling consistency of words and nonwords are not associated. In the writing task, all groups showed a similar knowledge of consistent and inconsistent word spelling. To control the effect of orthographic knowledge in lexical decision, the performances of the groups were also compared on a word and nonword spelling task. The three groups also had similar results on the spelling task. The children showed a similar orthographic knowledge of consistent and inconsistent words. In nonwords showed a more solid knowledge of the inconsistent ones. The overall results show the absence of a speech perception deficit in children with dyslexia.2014-01-21T15:40:17Z2014-01-21T00:00:00Z2014-01-21info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/2878porMesquita, Carmen Maria Estevesinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:51:52Zoai:repositorio.utad.pt:10348/2878Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:05:20.242614Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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