Materialidade e Materialismo em Scenes from the Class Struggle in Portugal (1977-79), de Robert Kramer e Philip Spinelli

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Schefer, Raquel
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.14591/aniki.v8n2.791
Resumo: Realizado por Robert Kramer e Philip Spinelli, Scenes from the Class Struggle in Portugal (1977-79) é um dos mais importantes filmes sobre a Revolução Portuguesa de 1974-75. Se a obra de Kramer se inscreve e participa da viragem autorreferencial do cinema militante e engajado nas décadas de sessenta e setenta, Scenes from the Class Struggle, filme de produção norte-americana, integra-se plenamente na história do cinema português, a tal ponto nele se imbricam uma representação crítica, analítica, materialista e dialética da Revolução e uma proposta formal e material em linha com as principais tendências do cinema da Revolução de 1974-75, particularmente no que respeita à tensão entre engajamento político e experimentação formal que atravessa uma parte significativa do seu corpus. Este artigo procura indagar de que maneira o filme de Kramer e Spinelli é atravessado por questões que se prendem com a materialidade e o materialismo do cinema. Estes aspetos fazem de Scenes from the Class Struggle um filme que não só se debruça sobre a Revolução de 1974-75 e as suas figurações no cinema, mas também questiona crítica e ativamente a possibilidade de representação cinematográfica de um processo revolucionário e a própria possibilidade de representação. Em primeiro lugar, o artigo reconstitui brevemente a complexa história material do filme. Em seguida, argumenta que Scenes from the Class Struggle releva de um cinema materialista e dialético, de acordo com a aceção de Jean-Paul Fargier, retomada por Dominique Noguez: é um filme que não procura refletir o “real”, nem tão-pouco produzir uma impressão de realidade, mas que, ao tomar como ponto de partida a sua materialidade fílmica e a materialidade do mundo, dá a ver essa dupla materialidade num mesmo movimento, servindo-se, para tal, de estratégias autorreflexivas e autorreferenciais.
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Se a obra de Kramer se inscreve e participa da viragem autorreferencial do cinema militante e engajado nas décadas de sessenta e setenta, Scenes from the Class Struggle, filme de produção norte-americana, integra-se plenamente na história do cinema português, a tal ponto nele se imbricam uma representação crítica, analítica, materialista e dialética da Revolução e uma proposta formal e material em linha com as principais tendências do cinema da Revolução de 1974-75, particularmente no que respeita à tensão entre engajamento político e experimentação formal que atravessa uma parte significativa do seu corpus. Este artigo procura indagar de que maneira o filme de Kramer e Spinelli é atravessado por questões que se prendem com a materialidade e o materialismo do cinema. Estes aspetos fazem de Scenes from the Class Struggle um filme que não só se debruça sobre a Revolução de 1974-75 e as suas figurações no cinema, mas também questiona crítica e ativamente a possibilidade de representação cinematográfica de um processo revolucionário e a própria possibilidade de representação. Em primeiro lugar, o artigo reconstitui brevemente a complexa história material do filme. Em seguida, argumenta que Scenes from the Class Struggle releva de um cinema materialista e dialético, de acordo com a aceção de Jean-Paul Fargier, retomada por Dominique Noguez: é um filme que não procura refletir o “real”, nem tão-pouco produzir uma impressão de realidade, mas que, ao tomar como ponto de partida a sua materialidade fílmica e a materialidade do mundo, dá a ver essa dupla materialidade num mesmo movimento, servindo-se, para tal, de estratégias autorreflexivas e autorreferenciais.Robert Kramer and Philip Spinelli's Scenes from the Class Struggle in Portugal (1977-79) is one of the major films about the Portuguese Revolution of 1974-75. If Kramer’s filmography anticipates and participates in the self-referential turn of militant and engaged cinema in the sixties and seventies, Scenes from the Class Struggle, a North-American film production, fully integrates the history of Portuguese cinema, as it interweaves a critical, analytical, materialistic and dialectical representation of the Revolution with a formal and material proposal that is in line with the main trends of Portuguese revolutionary cinema, particularly concerning the tension between political engagement and formal experimentation of a significant part of its corpus. This paper seeks to inquire how Kramer and Spinelli’s film addresses issues related to materiality and materialism in cinema. With these factors in place, Scenes from the Class Struggle not only focuses on the Revolution of 1974-75 and its cinematic figurations, but also critically and actively questions the possibility of representing a revolutionary process in cinema and the possibility of representation itself. Firstly, the article briefly retraces the film’s complex material history. Secondly, it argues that it is part of a materialistic and dialectical cinema, following Jean-Paul Fargier’s conceptions, taken up by Dominique Noguez: it is a film that does not seek to reflect ‘reality,’ nor to produce an impression of reality, but that, pondering its filmic materiality and the materiality of the world, reveals this double materiality in one movement, through self-reflexive and self-referential strategies.AIM - Associação de Investigadores da Imagem em Movimento2021-07-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttps://doi.org/10.14591/aniki.v8n2.791https://doi.org/10.14591/aniki.v8n2.791Aniki: Portuguese Journal of the Moving Image; Vol 8 No 2 (2021): Materiality in Portuguese Cinema: aesthetics, practices and techniques; 136-159Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento; v. 8 n. 2 (2021): Materialidades no cinema português: estéticas, práticas e técnicas; 136-1592183-175010.14591/aniki.v8n2reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAPporhttp://aim.org.pt/ojs/index.php/revista/article/view/791http://aim.org.pt/ojs/index.php/revista/article/view/791/440Direitos de Autor (c) 2021 Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimentoinfo:eu-repo/semantics/openAccessSchefer, Raquel2024-01-26T02:03:25Zoai:aim.org.pt/ojs/:article/791Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:57:22.474693Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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