Os direitos fundamentais e a necessidade de aplicação dos mecanismos de alteração constitucional em tempos de crise
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/38360 |
Resumo: | Com o presente trabalho pretende-se pesquisar a observância das normas constitucionais em contextos de crises, constatando-se que as constituições sofrem alterações, não necessariamente eficazes, especialmente perante os direitos e garantias fundamentais. Assim, verifica-se que a Constituição, como conjunto sistematizado de normas dotadas de soberania, é criada pelo poder constituinte originário no intuito de regular as relações sociais, buscando limitar os poderes dos governantes e garantir os direitos dos governados. Esse poder constituinte, além de criar e positivar normas jurídicas de valor constitucional, tem o poder de reformar e revisar toda a Carta Magna. Estas funções do poder constituinte necessariamente determinam os seus tipos, os quais são, portanto: originário e derivado. O poder constituinte derivado, por sua vez, conta com mecanismos capazes de promover a alteração constitucional, a qual, pois, deverá seguir todos os procedimentos descritos na Constituição para se revestir de constitucionalidade. Os mecanismos de alteração constitucional mais relevantes são: a reforma, a revisão e a mutação. A reforma constitucional, muitas vezes externada por emendas constitucionais, tem a função de adequar a Constituição à realidade jurídica, política e social. Já a revisão propõe a mudança formal em maior grau de extensão e profundidade do texto constitucional. A mutação, por fim, é a alteração informal, dada por interpretações jurisprudenciais, legislativas e outras. Diante de situações de crise, seja esta de caráter financeiro, político ou outro possível, a solução para os problemas delas decorrentes frequentemente tem sido a mudança da norma constitucional por quaisquer desses mecanismos de alteração. Em alguns casos, todavia, a efetivação destas mudanças viola princípios e direitos fundamentais. Inclusive, alguns Estados têm efetivado mudanças sem considerar determinadas limitações previstas no texto constitucional. Desse modo, a alteração da Constituição Espanhola, por meio da mudança formal do artigo 135, dividiu opiniões acerca da possibilidade de limitar os gastos da Administração Pública de modo que não se viole a separação e a independência dos poderes. Também no Brasil, a aplicação da teoria da execução provisória da pena antes do trânsito em julgado, vista como inobservância ao princípio da presunção de inocência, proporcionou a alteração constitucional através de mutação e, com isso, causou uma grande discussão doutrinária acerca da constitucionalidade da medida. Cediço é que as mudanças constitucionais válidas são aquelas que observam e resguardam todos os princípios, direitos e normas delimitadoras presentes na Constituição. |
id |
RCAP_a944e3f36e45bc38905d52fca86cefb9 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ul.pt:10451/38360 |
network_acronym_str |
RCAP |
network_name_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository_id_str |
7160 |
spelling |
Os direitos fundamentais e a necessidade de aplicação dos mecanismos de alteração constitucional em tempos de criseThe fundamental rights and the need for the application of the constitutional change mechanisms in crisis timeDireito constitucionalDireitos fundamentaisCrise financeiraCrise políticaReforma constitucionalSeparação de poderesTeses de mestrado - 2019DireitoCom o presente trabalho pretende-se pesquisar a observância das normas constitucionais em contextos de crises, constatando-se que as constituições sofrem alterações, não necessariamente eficazes, especialmente perante os direitos e garantias fundamentais. Assim, verifica-se que a Constituição, como conjunto sistematizado de normas dotadas de soberania, é criada pelo poder constituinte originário no intuito de regular as relações sociais, buscando limitar os poderes dos governantes e garantir os direitos dos governados. Esse poder constituinte, além de criar e positivar normas jurídicas de valor constitucional, tem o poder de reformar e revisar toda a Carta Magna. Estas funções do poder constituinte necessariamente determinam os seus tipos, os quais são, portanto: originário e derivado. O poder constituinte derivado, por sua vez, conta com mecanismos capazes de promover a alteração constitucional, a qual, pois, deverá seguir todos os procedimentos descritos na Constituição para se revestir de constitucionalidade. Os mecanismos de alteração constitucional mais relevantes são: a reforma, a revisão e a mutação. A reforma constitucional, muitas vezes externada por emendas constitucionais, tem a função de adequar a Constituição à realidade jurídica, política e social. Já a revisão propõe a mudança formal em maior grau de extensão e profundidade do texto constitucional. A mutação, por fim, é a alteração informal, dada por interpretações jurisprudenciais, legislativas e outras. Diante de situações de crise, seja esta de caráter financeiro, político ou outro possível, a solução para os problemas delas decorrentes frequentemente tem sido a mudança da norma constitucional por quaisquer desses mecanismos de alteração. Em alguns casos, todavia, a efetivação destas mudanças viola princípios e direitos fundamentais. Inclusive, alguns Estados têm efetivado mudanças sem considerar determinadas limitações previstas no texto constitucional. Desse modo, a alteração da Constituição Espanhola, por meio da mudança formal do artigo 135, dividiu opiniões acerca da possibilidade de limitar os gastos da Administração Pública de modo que não se viole a separação e a independência dos poderes. Também no Brasil, a aplicação da teoria da execução provisória da pena antes do trânsito em julgado, vista como inobservância ao princípio da presunção de inocência, proporcionou a alteração constitucional através de mutação e, com isso, causou uma grande discussão doutrinária acerca da constitucionalidade da medida. Cediço é que as mudanças constitucionais válidas são aquelas que observam e resguardam todos os princípios, direitos e normas delimitadoras presentes na Constituição.The present work intends to investigate the observance of constitutional norms in crisis contexts, being verified that the constitutions undergo changes, not necessarily effective, especially in the fundamental rights and guarantees. In this way, the Constitution, as a systematized set of rules endowed with sovereignty, is created by the original constituent power in order to regulate social relations, seeking to limit the powers of the rulers and guarantee the rights of the governed. This granted power, in addition to creating and enforcing legal norms of constitutional value, has the power to reform and revise the entire Magna Letter. These functions of the constituent power necessarily determine their type, which are: originating and derived. The constituent power derived has mechanisms capable of promoting the constitutional change, which should follow all the procedures described in the Constitution to take over constitutionality. The most relevant mechanisms of a constitutional change are: reform, revision and mutation. The constitutional reform, often externalized by constitutional amendments, has the function of adapting the constitution to the legal, political and social reality. The revision proposes the formal transition in a greater degree of extension and depth of the constitutional text. The mutation is the informal modification, given by jurisprudential, legislative and other interpretations. In the face of crisis situations, be it financial, political or otherwise, the solution of resulting problems has often been the modification of the constitutional norm by any of these alteration mechanisms. However, in some cases the implementation of these modifications violates principles and fundamental rights. In the same direction, some states have even made changes without considering certain limitations provided by the constitutional text. Thus the modifications of the Spanish Constitution through the formal change of article 135 divided opinions on the possibility of limiting public administration spending's in a way that didn't violate the separation and independence of powers. Also in Brazil, the application of the theory of the provisional execution of the criminal sentence before the final res judicata, seen as non-observance with the principle of innocence presumption, provided the constitutional modification through mutation and caused a great doctrinal discussion about the constitutionality of the measure. Anyway, it is certain that valid constitutional modifications are those that observe and safeguard all the principles, rights and boundary norms present in the Constitution.Neves, Ana FernandaRepositório da Universidade de LisboaMonteiro, Eline Brito2019-05-22T13:07:36Z2019-03-142019-03-14T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/38360porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:36:05Zoai:repositorio.ul.pt:10451/38360Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:52:11.095682Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
dc.title.none.fl_str_mv |
Os direitos fundamentais e a necessidade de aplicação dos mecanismos de alteração constitucional em tempos de crise The fundamental rights and the need for the application of the constitutional change mechanisms in crisis time |
title |
Os direitos fundamentais e a necessidade de aplicação dos mecanismos de alteração constitucional em tempos de crise |
spellingShingle |
Os direitos fundamentais e a necessidade de aplicação dos mecanismos de alteração constitucional em tempos de crise Monteiro, Eline Brito Direito constitucional Direitos fundamentais Crise financeira Crise política Reforma constitucional Separação de poderes Teses de mestrado - 2019 Direito |
title_short |
Os direitos fundamentais e a necessidade de aplicação dos mecanismos de alteração constitucional em tempos de crise |
title_full |
Os direitos fundamentais e a necessidade de aplicação dos mecanismos de alteração constitucional em tempos de crise |
title_fullStr |
Os direitos fundamentais e a necessidade de aplicação dos mecanismos de alteração constitucional em tempos de crise |
title_full_unstemmed |
Os direitos fundamentais e a necessidade de aplicação dos mecanismos de alteração constitucional em tempos de crise |
title_sort |
Os direitos fundamentais e a necessidade de aplicação dos mecanismos de alteração constitucional em tempos de crise |
author |
Monteiro, Eline Brito |
author_facet |
Monteiro, Eline Brito |
author_role |
author |
dc.contributor.none.fl_str_mv |
Neves, Ana Fernanda Repositório da Universidade de Lisboa |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Monteiro, Eline Brito |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Direito constitucional Direitos fundamentais Crise financeira Crise política Reforma constitucional Separação de poderes Teses de mestrado - 2019 Direito |
topic |
Direito constitucional Direitos fundamentais Crise financeira Crise política Reforma constitucional Separação de poderes Teses de mestrado - 2019 Direito |
description |
Com o presente trabalho pretende-se pesquisar a observância das normas constitucionais em contextos de crises, constatando-se que as constituições sofrem alterações, não necessariamente eficazes, especialmente perante os direitos e garantias fundamentais. Assim, verifica-se que a Constituição, como conjunto sistematizado de normas dotadas de soberania, é criada pelo poder constituinte originário no intuito de regular as relações sociais, buscando limitar os poderes dos governantes e garantir os direitos dos governados. Esse poder constituinte, além de criar e positivar normas jurídicas de valor constitucional, tem o poder de reformar e revisar toda a Carta Magna. Estas funções do poder constituinte necessariamente determinam os seus tipos, os quais são, portanto: originário e derivado. O poder constituinte derivado, por sua vez, conta com mecanismos capazes de promover a alteração constitucional, a qual, pois, deverá seguir todos os procedimentos descritos na Constituição para se revestir de constitucionalidade. Os mecanismos de alteração constitucional mais relevantes são: a reforma, a revisão e a mutação. A reforma constitucional, muitas vezes externada por emendas constitucionais, tem a função de adequar a Constituição à realidade jurídica, política e social. Já a revisão propõe a mudança formal em maior grau de extensão e profundidade do texto constitucional. A mutação, por fim, é a alteração informal, dada por interpretações jurisprudenciais, legislativas e outras. Diante de situações de crise, seja esta de caráter financeiro, político ou outro possível, a solução para os problemas delas decorrentes frequentemente tem sido a mudança da norma constitucional por quaisquer desses mecanismos de alteração. Em alguns casos, todavia, a efetivação destas mudanças viola princípios e direitos fundamentais. Inclusive, alguns Estados têm efetivado mudanças sem considerar determinadas limitações previstas no texto constitucional. Desse modo, a alteração da Constituição Espanhola, por meio da mudança formal do artigo 135, dividiu opiniões acerca da possibilidade de limitar os gastos da Administração Pública de modo que não se viole a separação e a independência dos poderes. Também no Brasil, a aplicação da teoria da execução provisória da pena antes do trânsito em julgado, vista como inobservância ao princípio da presunção de inocência, proporcionou a alteração constitucional através de mutação e, com isso, causou uma grande discussão doutrinária acerca da constitucionalidade da medida. Cediço é que as mudanças constitucionais válidas são aquelas que observam e resguardam todos os princípios, direitos e normas delimitadoras presentes na Constituição. |
publishDate |
2019 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2019-05-22T13:07:36Z 2019-03-14 2019-03-14T00:00:00Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10451/38360 |
url |
http://hdl.handle.net/10451/38360 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação instacron:RCAAP |
instname_str |
Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
instacron_str |
RCAAP |
institution |
RCAAP |
reponame_str |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
collection |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1799134458276741120 |