Impactes ambientais da integração vs eliminação de resíduos de VFV
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10773/8592 |
Resumo: | Contexto e objetivo O modelo de gestão de VFV preconizado em Portugal encontra-se balizado, em termos de objetivos e metas, pela política comunitária para o ano 2015, nomeadamente ao nível da reciclagem (a um nível mínimo de 85%), da valorização (inclui reciclagem, reutilização e valorização energética a um nível mínimo de 95%) e da deposição em aterro (a um nível máximo de 5%). É comummente aceite que tais metas só serão alcançáveis com o desenvolvimento de novas tecnologias de separação e reciclagem de resíduos de fragmentação ou, alternativamente, maiores índices de desmantelamento de componentes. Centrando-se na aposta de uma desmontagem mais extensa de veículos, foi levada a cabo uma experiência de campo numa unidade empresarial de receção e desmantelamento de VFV, acreditada pela Valorcar - CaetanoLyrsa, S.A. - de maneira a possibilitar a compreensão das práticas envolvidas no processo de desmantelamento e, por conseguinte, a seleção e realização de ensaios de remoção de alguns componentes adicionais. Levando em consideração uma avaliação do processo de desmantelamento, verificou-se que existe um potencial de reciclagem/valorização adicional de 10% (base mássica) através de mão-de-obra e alguns recursos energéticos adicionais. De maneira a avaliar impactes ambientais de diferentes opções, foi feita uma avaliação comparada de três estratégias de gestão destes resíduos VFV selecionados: (i) cenário 1 tem como referência a situação atual do destino dos resíduos em estudo, i.e., o envio para o processo de fragmentação no qual existe recuperação de certos metais ferrosos e não ferrosos e envio da fração restante, denominada Resíduos de Fragmentação Automóvel (RFA) para aterro; (ii) cenário 2 considera, ao invés da deposição em aterro, a incineração com recuperação de energia e (iii) cenário 3 inclui o desmantelamento adicional dos componentes para reciclagem de certos materiais e, para os que não possuem valor comercial (p. ex. têxteis, plásticos, borracha, etc.), considerou-se o seu tratamento e processamento para produção de CSR e sua aplicação na indústria cimenteira. Métodos A fim de comparar e avaliar o desempenho ambiental dos três cenários de gestão de VFV analisados, a metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) foi aplicada, recorrendo-se à base de dados EcoInvent e ao método CML 2001. Resultados e discussão No cenário 1, em comparação com os outros dois cenários, não foi observado qualquer benefício para as categorias de impacte de aquecimento global e eutrofização. No cenário 2, em que é considerado o tratamento térmico em incinerador dos RFA, verificam-se créditos ambientais devidos à reciclagem dos metais ferrosos e não ferrosos e aos benefícios da recuperação de energia, embora seja demonstrado que este cenário tem um impacto significativo sobre o aquecimento global devido às emissões provenientes da oxidação térmica dos materiais poliméricos existentes na fração de RFA. A melhoria do desempenho ambiental parece ser assegurada pelo cenário 3, que inclui o desmantelamento adicional de componentes para a reciclagem, produção de CSR e encaminhamento destes, como combustíveis substitutos, para a indústria cimenteira. Conclusões A desmontagem mais extensa de veículos contribuirá, não apenas para um processo geral ambientalmente mais correto em relação às práticas atuais, mas também para atingir as metas europeias de reciclagem e valorização de VFV. O aumento do desmantelamento, além de ter como principal vantagem a poupança de matérias-primas virgens, também apresenta vantagens a nível social e económico, uma vez que cria postos de trabalho diretos e indiretos. |
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Centrando-se na aposta de uma desmontagem mais extensa de veículos, foi levada a cabo uma experiência de campo numa unidade empresarial de receção e desmantelamento de VFV, acreditada pela Valorcar - CaetanoLyrsa, S.A. - de maneira a possibilitar a compreensão das práticas envolvidas no processo de desmantelamento e, por conseguinte, a seleção e realização de ensaios de remoção de alguns componentes adicionais. Levando em consideração uma avaliação do processo de desmantelamento, verificou-se que existe um potencial de reciclagem/valorização adicional de 10% (base mássica) através de mão-de-obra e alguns recursos energéticos adicionais. De maneira a avaliar impactes ambientais de diferentes opções, foi feita uma avaliação comparada de três estratégias de gestão destes resíduos VFV selecionados: (i) cenário 1 tem como referência a situação atual do destino dos resíduos em estudo, i.e., o envio para o processo de fragmentação no qual existe recuperação de certos metais ferrosos e não ferrosos e envio da fração restante, denominada Resíduos de Fragmentação Automóvel (RFA) para aterro; (ii) cenário 2 considera, ao invés da deposição em aterro, a incineração com recuperação de energia e (iii) cenário 3 inclui o desmantelamento adicional dos componentes para reciclagem de certos materiais e, para os que não possuem valor comercial (p. ex. têxteis, plásticos, borracha, etc.), considerou-se o seu tratamento e processamento para produção de CSR e sua aplicação na indústria cimenteira. Métodos A fim de comparar e avaliar o desempenho ambiental dos três cenários de gestão de VFV analisados, a metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) foi aplicada, recorrendo-se à base de dados EcoInvent e ao método CML 2001. Resultados e discussão No cenário 1, em comparação com os outros dois cenários, não foi observado qualquer benefício para as categorias de impacte de aquecimento global e eutrofização. No cenário 2, em que é considerado o tratamento térmico em incinerador dos RFA, verificam-se créditos ambientais devidos à reciclagem dos metais ferrosos e não ferrosos e aos benefícios da recuperação de energia, embora seja demonstrado que este cenário tem um impacto significativo sobre o aquecimento global devido às emissões provenientes da oxidação térmica dos materiais poliméricos existentes na fração de RFA. A melhoria do desempenho ambiental parece ser assegurada pelo cenário 3, que inclui o desmantelamento adicional de componentes para a reciclagem, produção de CSR e encaminhamento destes, como combustíveis substitutos, para a indústria cimenteira. Conclusões A desmontagem mais extensa de veículos contribuirá, não apenas para um processo geral ambientalmente mais correto em relação às práticas atuais, mas também para atingir as metas europeias de reciclagem e valorização de VFV. O aumento do desmantelamento, além de ter como principal vantagem a poupança de matérias-primas virgens, também apresenta vantagens a nível social e económico, uma vez que cria postos de trabalho diretos e indiretos.Background and purpose In Portugal the management of End-of-Life Vehicles (ELV) is set out by goals and targets of EU policy for the year 2015, including in particular the recycling (minimum of 85%), recovery (including recycling, reuse and energy recovery to a minimum of 95%) and landfill disposal (maximum of 5%). It is commonly accepted that these goals will be attained only through the development of new technologies for waste separation and recycling of shredder residues or, alternatively, higher rates of dismantling components. Focusing in a more extended dismantling of ELV, a field experience was carried out in a dismantling plant, accredited by Valorcar - CaetanoLyrsa, SA - in order to understand the practices involved in the dismantling process for further selection and dismantling of some additional components. Taking into account an evaluation of the dismantling process, it was found that it has a potential for additional recycling/recovery of 10% (mass basis) against human labor and some energy resource. In order to evaluate environmentally the different options, a comparison was done among three management scenarios for these ELV wastes: (i) scenario 1 is the baseline and refers to the actual management of these wastes, i.e., send to shredding process where some ferrous and non-ferrous metals are recovered and remaining fraction, so called Automotive Shredder Residues (ASR), is landfilled; (ii) scenario 2, the ASR fraction is incinerated, with energy recover, instead landfilled and (iii) scenario 3 includes the dismantling of components for recycling a fraction and for those who have no commercial value (e.g. textiles, plastics, rubbers, etc.), it was considered their treatment and processing to produce Solid Recovered Fuel (SRF) and its application in the cement industry. Methods In order to compare and evaluate the environmental performance of the three ELV management scenarios, the methodology of Life Cycle Assessment (LCA) was applied, using the EcoInvent database and the CML 2001 procedure. Results and discussion In scenario 1 no benefit for the impact categories of global warming and eutrophication is observed in comparison with the other two scenarios. In scenario 2, which is considered the ASR thermal treatment in incinerator, there are environmental credits due the recycling of ferrous and non-ferrous metals and benefits from energy recovery, although it is shown that this scenario has a significant impact on the global warming due to emissions from thermal oxidation of polymeric materials presented in ASR fraction. A net environmental performance upgrading seems to be ensured by scenario 3, which includes the supplementary dismantling of components for recycling and CSR production and its burning in the cement industry. Conclusions An extended dismantling of vehicles not only contributes with environmental benefits but also allows attaining the European recovery and recycling targets for ELV. The increase of dismantling costs can be compensated by additional recycling material revenues as well as an increase of employment.Universidade de Aveiro2012-05-16T15:55:17Z2011-01-01T00:00:00Z2011info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/8592porFonseca, Ana Sofia Godinho dainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:14:25Zoai:ria.ua.pt:10773/8592Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:45:38.804746Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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Contexto e objetivo O modelo de gestão de VFV preconizado em Portugal encontra-se balizado, em termos de objetivos e metas, pela política comunitária para o ano 2015, nomeadamente ao nível da reciclagem (a um nível mínimo de 85%), da valorização (inclui reciclagem, reutilização e valorização energética a um nível mínimo de 95%) e da deposição em aterro (a um nível máximo de 5%). É comummente aceite que tais metas só serão alcançáveis com o desenvolvimento de novas tecnologias de separação e reciclagem de resíduos de fragmentação ou, alternativamente, maiores índices de desmantelamento de componentes. Centrando-se na aposta de uma desmontagem mais extensa de veículos, foi levada a cabo uma experiência de campo numa unidade empresarial de receção e desmantelamento de VFV, acreditada pela Valorcar - CaetanoLyrsa, S.A. - de maneira a possibilitar a compreensão das práticas envolvidas no processo de desmantelamento e, por conseguinte, a seleção e realização de ensaios de remoção de alguns componentes adicionais. Levando em consideração uma avaliação do processo de desmantelamento, verificou-se que existe um potencial de reciclagem/valorização adicional de 10% (base mássica) através de mão-de-obra e alguns recursos energéticos adicionais. De maneira a avaliar impactes ambientais de diferentes opções, foi feita uma avaliação comparada de três estratégias de gestão destes resíduos VFV selecionados: (i) cenário 1 tem como referência a situação atual do destino dos resíduos em estudo, i.e., o envio para o processo de fragmentação no qual existe recuperação de certos metais ferrosos e não ferrosos e envio da fração restante, denominada Resíduos de Fragmentação Automóvel (RFA) para aterro; (ii) cenário 2 considera, ao invés da deposição em aterro, a incineração com recuperação de energia e (iii) cenário 3 inclui o desmantelamento adicional dos componentes para reciclagem de certos materiais e, para os que não possuem valor comercial (p. ex. têxteis, plásticos, borracha, etc.), considerou-se o seu tratamento e processamento para produção de CSR e sua aplicação na indústria cimenteira. Métodos A fim de comparar e avaliar o desempenho ambiental dos três cenários de gestão de VFV analisados, a metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) foi aplicada, recorrendo-se à base de dados EcoInvent e ao método CML 2001. Resultados e discussão No cenário 1, em comparação com os outros dois cenários, não foi observado qualquer benefício para as categorias de impacte de aquecimento global e eutrofização. No cenário 2, em que é considerado o tratamento térmico em incinerador dos RFA, verificam-se créditos ambientais devidos à reciclagem dos metais ferrosos e não ferrosos e aos benefícios da recuperação de energia, embora seja demonstrado que este cenário tem um impacto significativo sobre o aquecimento global devido às emissões provenientes da oxidação térmica dos materiais poliméricos existentes na fração de RFA. A melhoria do desempenho ambiental parece ser assegurada pelo cenário 3, que inclui o desmantelamento adicional de componentes para a reciclagem, produção de CSR e encaminhamento destes, como combustíveis substitutos, para a indústria cimenteira. Conclusões A desmontagem mais extensa de veículos contribuirá, não apenas para um processo geral ambientalmente mais correto em relação às práticas atuais, mas também para atingir as metas europeias de reciclagem e valorização de VFV. O aumento do desmantelamento, além de ter como principal vantagem a poupança de matérias-primas virgens, também apresenta vantagens a nível social e económico, uma vez que cria postos de trabalho diretos e indiretos. |
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