O que (quase) não se vê: olhares de infâncias na natureza

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nimrichter, Ana Clara
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/15569
Resumo: Onde está a natureza em nossa vida cotidiana? E na vida das crianças? Como as crianças experienciam a natureza? Como seus corpos reverberam ao sentir suas texturas, a descobrir suas infinitas camadas de sentido? Como vivem a relação com os elementos da natureza – folhas, terra, águas, plantas, pedras, estrelas, tudo o que há ao nosso redor? Estas intrigas impulsionaram-me à pesquisa, desejando investigar as relações e as percepções das crianças com e sobre a natureza. Observar como interagem com as áreas verdes disponíveis na instituição que frequentam; capturar seus olhares sobre a natureza revelados em fotografias produzidas por elas no processo de pesquisa; ouvi-las acerca das experiências em ambientes naturais e sobre suas produções fotográficas e, por fim, produzir com as crianças um Diário da Natureza, foram os objetivos traçados que sustentaram a travessia da pesquisa. Para desenvolver os objetivos propostos, contei com a colaboração de cinco crianças, com idades entre os quatro e cinco anos, que frequentavam uma unidade de educação infantil pública federal na cidade de Niterói/RJ. A metodologia fundou-se na pesquisa-intervenção (JOBIM E SOUZA, 2006) e na teoria dialógica (GERALDI, 2012), trazendo atenção às especificidades da pesquisa com crianças (PEREIRA, 2015) e à utilização de fotografias como dispositivo de geração de dados (FRANGELLA, MOTTA, 2013). Observei os tempos em que as crianças estavam nas áreas verdes, disponíveis na instituição, buscando capturar olhares, movimentos, gestos, expressões infantis na natureza, ou seja, perceber formas de interação das crianças com os espaços e os elementos que compunham tais áreas. Fotografias, realizadas com e pelas crianças, as notas de campo e a criação de um Diário da Natureza – um portfólio pessoal, onde os registros fotográficos ganharam vida, na composição com desenhos, pinturas e colagens de elementos naturais – constituíram o conjunto de dados. Além dos conceitos trazidos por pesquisadores que discutem as relações entre infâncias e mundo natural (LOUV, 2016; PIORSKI, 2016,2018; TIRIBA, 2018), a pesquisa buscou inspiração nas infâncias dos povos e comunidades tradicionais indígenas e quilombolas e dialogou com teóricos que propõem uma visão integrada e orgânica do ser humano com o planeta. (BENITES, 2015; KRENAK, 2019; SANTOS, 2016; MARTINS, 2015). A análise do material reunido revelou uma visão de natureza bastante ampla, marcada por um olhar infantil que duvida do óbvio, imagina mundos, ilumina frestas, fiapos e pequenas nuances de luz e sombra. Ao lhes ser proposto que fotografassem a natureza, as crianças não procuraram evidências, mas enxergaram e criaram magia em seus cotidianos, buscando, ao fotografar, enquadrar seus lugares de intimidade e a cumplicidade de rostos queridos: os amigos, os brinquedos, os cantinhos, os espaços afetivos que marcam a memória do corpo e do coração. Fugindo de uma lógica adulta e linear, mostraram o que (quase) não se vê: a natureza está em qualquer lugar – em pessoas, em coisas, em plantas, no que for. Os meninos e a menina participantes da pesquisa mostraram que, na prática, ainda há crianças que se aventuram na natureza e nela encontram o prazer de brincar
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Observar como interagem com as áreas verdes disponíveis na instituição que frequentam; capturar seus olhares sobre a natureza revelados em fotografias produzidas por elas no processo de pesquisa; ouvi-las acerca das experiências em ambientes naturais e sobre suas produções fotográficas e, por fim, produzir com as crianças um Diário da Natureza, foram os objetivos traçados que sustentaram a travessia da pesquisa. Para desenvolver os objetivos propostos, contei com a colaboração de cinco crianças, com idades entre os quatro e cinco anos, que frequentavam uma unidade de educação infantil pública federal na cidade de Niterói/RJ. A metodologia fundou-se na pesquisa-intervenção (JOBIM E SOUZA, 2006) e na teoria dialógica (GERALDI, 2012), trazendo atenção às especificidades da pesquisa com crianças (PEREIRA, 2015) e à utilização de fotografias como dispositivo de geração de dados (FRANGELLA, MOTTA, 2013). Observei os tempos em que as crianças estavam nas áreas verdes, disponíveis na instituição, buscando capturar olhares, movimentos, gestos, expressões infantis na natureza, ou seja, perceber formas de interação das crianças com os espaços e os elementos que compunham tais áreas. Fotografias, realizadas com e pelas crianças, as notas de campo e a criação de um Diário da Natureza – um portfólio pessoal, onde os registros fotográficos ganharam vida, na composição com desenhos, pinturas e colagens de elementos naturais – constituíram o conjunto de dados. Além dos conceitos trazidos por pesquisadores que discutem as relações entre infâncias e mundo natural (LOUV, 2016; PIORSKI, 2016,2018; TIRIBA, 2018), a pesquisa buscou inspiração nas infâncias dos povos e comunidades tradicionais indígenas e quilombolas e dialogou com teóricos que propõem uma visão integrada e orgânica do ser humano com o planeta. (BENITES, 2015; KRENAK, 2019; SANTOS, 2016; MARTINS, 2015). A análise do material reunido revelou uma visão de natureza bastante ampla, marcada por um olhar infantil que duvida do óbvio, imagina mundos, ilumina frestas, fiapos e pequenas nuances de luz e sombra. Ao lhes ser proposto que fotografassem a natureza, as crianças não procuraram evidências, mas enxergaram e criaram magia em seus cotidianos, buscando, ao fotografar, enquadrar seus lugares de intimidade e a cumplicidade de rostos queridos: os amigos, os brinquedos, os cantinhos, os espaços afetivos que marcam a memória do corpo e do coração. Fugindo de uma lógica adulta e linear, mostraram o que (quase) não se vê: a natureza está em qualquer lugar – em pessoas, em coisas, em plantas, no que for. Os meninos e a menina participantes da pesquisa mostraram que, na prática, ainda há crianças que se aventuram na natureza e nela encontram o prazer de brincarWhere is nature in our everyday life? And where is nature in children's lives? How do children experience nature? How do their bodies reverberate as they feel nature’s textures and discover their infinite layers? Moreover, how do they perceive their interaction with the elements of nature - leaves, earth, water, plants, stones, stars, and everything that surrounds us? These were the questions that inspired me to investigate the children’s relationships with nature and their perceptions about it.The main objectives of the research were 1) to observe how children interact with the green areas available at the institution they attend; 2) to capture their views on nature as revealed in photographs produced by them; 3) to listen to their accounts of experiences in natural environments and to observe their photographic productions and, finally, 4) to produce a Nature Diary with children. In this study I observed the experiences of five children between four and five years of age, who attended a federal public early childhood education unit in the city of Niterói/RJ.The methodology was based on intervention research (JOBIM AND SOUZA, 2006) and on dialog theory (GERALDI, 2012), with focus on the specificity of research with children (PEREIRA, 2015), and the use of photographs as a data (FRANGELLA, MOTTA, 2013). I observed the children as they spent time in the green areas available at the institution, their interactions with the spaces and the elements that made up that environment, seeking to capture looks, movements, gestures, their expressions in nature. Photographs, taken with and by the children, field notes and the creation of a Nature Diary - a personal portfolio containing the photographic records as well as drawings, paintings and collages of natural elements – were used as the data set . In addition to the concepts brought up by researchers who discuss the relationships between childhood and the natural world (LOUV, 2016; PIORSKI, 2016,2018; TIRIBA, 2018), the research sought inspiration in the childhood of traditional indigenous and quilombola communities, and conversed with theorists who propose an integrated and organic vision of the human being with the planet. (BENITES, 2015; KRENAK, 2019; SANTOS, 2016; MARTINS, 2015). The analysis of the material revealed a vision of a very broad nature, marked by a perspective that doubts the obvious, imagines worlds, illuminates cracks, lint and small nuances of light and shadow. When asked to photograph nature, the children did not seek to portray the most evident landscape, but saw and created magic in their daily lives, seeking to frame their places of intimacy and the complicity of dear faces: friends, toys, corners, the affective spaces that mark the memory of the body and the heart. Fleeing from an adult and linear logic, they showed what is almost not seen: nature is anywhere - in people, in things, in plants, whatever. The boys and the girls participating in the research showed that, in practice, there are still children who venture into nature and find the pleasure of playing in it142 f.Ostetto, Luciana EsmeraldaGuedes, Adrianne OgêdaPereira, Celso SánchezLopes, Jader Janer MoreiraNimrichter, Ana Clara2020-10-29T12:41:03Z2020-10-29T12:41:03Z2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfNIMRICHTER, Ana Clara. O que (quase) não se vê: olhares de infâncias na natureza. 2020. 142 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.https://app.uff.br/riuff/handle/1/15569http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2021-11-25T00:50:48Zoai:app.uff.br:1/15569Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202021-11-25T00:50:48Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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