Estudo de repertório sorológico de anticorpos de cavalo contra veneno de aranhas do gênero Loxosceles de importância médica no Brasil

• Autor(a) principal: Manuela Cristina Emiliano Ferreira
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/64206
• topic: Imunoglobulinas; Cavalos; Veneno; Proteômica; Loxosceles; Bioquímica e Imunologia; Cavalos; Imunoglobulinas; Venenos de Aranha

Os acidentes com aranhas do gênero Loxosceles (ou aranhas-marrom) têm incidência crescente no Brasil e podem desencadear lesões dermonecróticas severas, falência renal e óbito. A soroterapia é o único tratamento específico à disposição e consiste em frações de anticorpos de cavalos hiperimunizados com o veneno das aranhas. O uso dessa terapia pode gerar reações adversas e sua produção depende da extração do veneno das aranhas para imunização dos equinos com moléculas tóxicas que impactam na sobrevida desses animais. Diversas tentativas têm sido exploradas para contornar essas limitações, mas o desconhecimento das características de anticorpos de cavalo limita a busca por novas soluções. Neste trabalho, o repertório de anticorpos sorológico de quatro cavalos hiperimunizados com veneno de L. intermedia, L. gaucho e L. laeta foi caracterizado quanto as classes e subclasses de imunoglobulinas e quanto as sequências dos anticorpos que o compõe. Plasmas equinos antes e após hiperimunização foram usados para quantificação das classes de imunoglobulinas e subclasses de IgG e em sequência para isolamento de IgG, obtenção de F(ab’)2, seleção de F(ab’)2 específicas contra pool de venenos das três espécies ou contra o principal componente do veneno, a fosfolipase D e digestão por tripsina. Os peptídeos trípticos de F(ab’)2 específicas foram analisados por LC-MS/MS e mapeados às sequências de cadeia pesada imunoglobulina do transcriptoma de PBMCs de cada animal, utilizando o CDRH3 como parâmetro para identificação. Quanto as classes de imunoglobulinas, foram encontradas concentração mediana de IgM de 0,63 e de IgG de 241,42 mg/mL nos plasmas hiperimunes. Antes do isolamento com proteína G, a subclasse IgG(T) foi encontrada com maior abundância nos plasmas e após o isolamento nota-se predomínio de IgGb. A partir dos dados de LC-MS/MS, foram identificadas 132 sequências da região variável da cadeia pesada específicas contra o pool de venenos, 19 contra rLiD1 e 12 sequências foram identificadas com as duas especificidades. Nessas sequências, os segmentos gênicos IGHV4-29, IGHD2-26 e IGHJ6 foram mais utilizados, os CDRH3 apresentaram maior frequência de resíduos carregados (Asp e Arg) em comparação ao repertório inespecífico e tinham comprimento mediano de 17 aminoácidos. O cálculo da abundância a partir da área sob a curva dos peptídeos revelou uma reposta polarizada com mais de 80% da abundância concentrada nos top 3 e top 5 clones de imunoglobulinas específicos contra o pool de venenos e rLiD1, respectivamente. A predição de paratopos destes anticorpos contra rLiD1 indica alta convergência, com quatro possíveis epítopos reconhecidos pelas 31 sequências. Pelo nosso conhecimento, esse é o primeiro trabalho a utilizar o Ig-Seq na caracterização de anticorpos equinos. A descoberta de sequências da região variável da cadeia pesada de imunoglobulinas e suas características podem ser aplicadas na produção e otimização de anticorpos sintéticos para uso terapêutico