"O bicho-pau é assim": introduzindo crianças à observação com propósitos científicos

• Autor(a) principal: Vanessa Avelar Cappelle Fonseca
• Data de Publicação: 2020
• Outros Autores: Danusa Munford
• Tipo de documento: Artigo de conferência
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/51067; https://orcid.org/0000-0001-7071-4904; https://orcid.org/0000-0001-8067-1370
• topic: Educação em ciências; Anos iniciais do ensino fundamental; Observação; Etnografia em educação; Prática pedagógica; Ciências (Ensino fundamental); Ciências (Primeiro grau) - Estudo e ensino; Etnologia

O presente trabalho aborda o ensino de ciências por investigação voltada para a construção do conhecimento científico como uma prática social situada que envolve perguntas de orientação científica, prioridade às evidências ao responder questões, formulação de explicações com base em evidências, avaliação de explicações à luz de outras proposições e comunicação e justificação dessas explicações. Tem como objetivo analisar as formas como uma professora pedagoga introduziu crianças de uma turma do 1º ano à prática de observação com propósitos científicos. Utilizando como referencial teórico-metodológico a Etnografia em Educação, aspectos da Sociolinguística Internacional e da Análise Microetnográfica do Discurso, assim como a Teoria Multimodal da Semiótica Social, foram realizadas análises macroscópicas, a partir da construção de quadros de aulas, linhas do tempo e mapas de eventos, assim como o uso de pistas contextuais para transcrever as interações face a face em unidades de mensagem e elaborar quadros descritivos e analíticos. Teve-se como resultado que a interação entre os alunos e a professora fornece evidências do processo de construção de distinções entre observações cotidianas e observações científica, visto que as últimas caracterizavam-se por serem orientadas por uma questão, demandarem um engajamento prolongado e o registro minucioso por meio de um ou vários modos de comunicação. Portanto, o uso de elementos da análise microetnográfica do discurso e da multimodalidade permitiu evidenciar como o contraste entre observações cotidianas e científicas foi construído pela professora a partir do uso de verbos, pausas, ênfases e repetições. Os deslocamentos, gestos, fala, postura corporal e o desenho podem ser entendidos como modos de comunicação que foram orquestrados pela professora para promover a participação de crianças nessa nova prática social. Esses resultados podem contribuir para a formação inicial e continuada de professores(as), dialogando diretamente com a prática pedagógica de forma situada em sala de aula.