Inferência de predição e argumentação em uma atividade de leitura de histórias em sala de aula
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Data de Publicação: | 2009 |
Tipo de documento: | Dissertação |
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Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49582 |
Resumo: | A inferência é um processo cognitivo fundamental para a compreensão textual, possibilitando que o leitor dê sentido ao que está lendo. A inferência de predição é um tipo de inferência inerente ao processo de compreensão textual, estando relacionada à capacidade de prever fatos futuros se baseando em indícios e relatos já disponibilizados. Duas premissas serviram como ponto de partida para o presente estudo: a idéia de que argumentar e inferir são processos estreitamente relacionados; e resultados descritos no estudo recente de Cavalcante sugerindo que a predição teria uma base eminentemente argumentativa. A predição exige do leitor a consideração de múltiplas hipóteses de continuidade do texto, argumentando e contra-argumentando com os elementos explicitados neste, bem como com outros de natureza contextual (pragmática), para dar sentido àquilo que está lendo; processo este considerado aqui como de natureza caracteristicamente dialógica. Com base nestas premissas, este trabalho procurou investigar: (1) como ocorre o processo de inferenciação preditiva em crianças ainda não leitoras, no contexto de narrativas em sala de aula; e (2) de que maneira esse processo, uma vez “saturado” por atividades de argumentação, poderia contribuir no desenvolvimento do raciocínio inferencial da criança. A hipótese deste trabalho é de que a implementação de movimentos argumentativos, durante a realização de inferências preditivas em leituras na sala de aula, favoreceria o desenvolvimento do processo inferencial de predição nas crianças, sendo estas mais freqüentes e coerentes. Os participantes foram 15 alunos de uma escola particular de Recife, com idades de aproximadamente 5 anos, e sua professora. O método utilizado foi o de compreensão on-line, o qual consiste na leitura interrompida do texto, durante a qual o leitor deve responder a perguntas inferenciais sobre cada passagem lida. Dez atividades de leitura desta natureza foram registradas no estudo. Nas primeiras 3 sessões e na última a atividade preditiva das crianças transcorria sem que a argumentação fosse efetivamente implementada pela professora. Nas demais (sessões 4 a 9), as crianças eram estimuladas a argumentar sobre as suas inferências. A análise dos dados foi realizada em dois momentos dis- tintos: 1) micro-análise, com o objetivo de observar qualitativamente a ocorrência de inferências de predição no curso das dez sessões de leitura registradas; 2) macro- análise, com o objetivo de por em perspectiva as inferências de predição realizadas pelas crianças durante atividades de leitura com e sem implementação deliberada de atividade argumentativa. Com estas análises foi possível observar que, quando demandadas a argumentar, seja apresentando pontos de vista, justificativas, oposições ou respostas às oposições, as crianças produziram maior número de in- ferências de predição. Conseguimos ainda observar como crianças que ainda não dominam a leitura constroem inferências de predição a partir do que está sendo lido para elas. Com este trabalho espera-se contribuir para um melhor entendimento acerca do desenvolvimento da capacidade inferencial de predição de crianças “não- leitoras”, além de contribuir com a ampliação de conhecimento sobre a natureza argumentativa de processos cognitivos básicos, no caso, a inferenciação. O estudo aponta ainda como a argumentação pode ser utilizada como recurso efetivo em ambientes de ensino-aprendizagem. |
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ALMEIDA, Gabriela Neves Marques dehttp://lattes.cnpq.br/9598701306797030http://lattes.cnpq.br/4027966674464867SANTOS, Selma Leitão2023-04-04T13:03:11Z2023-04-04T13:03:11Z2009-08-31ALMEIDA, Gabriela Neves Marques de. Inferência de predição e argumentação em uma atividade de leitura de histórias em sala de aula. 2009. Dissertação (Mestrado em Psicologia Cognitiva) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009.https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49582ark:/64986/001300000qwxgA inferência é um processo cognitivo fundamental para a compreensão textual, possibilitando que o leitor dê sentido ao que está lendo. A inferência de predição é um tipo de inferência inerente ao processo de compreensão textual, estando relacionada à capacidade de prever fatos futuros se baseando em indícios e relatos já disponibilizados. Duas premissas serviram como ponto de partida para o presente estudo: a idéia de que argumentar e inferir são processos estreitamente relacionados; e resultados descritos no estudo recente de Cavalcante sugerindo que a predição teria uma base eminentemente argumentativa. A predição exige do leitor a consideração de múltiplas hipóteses de continuidade do texto, argumentando e contra-argumentando com os elementos explicitados neste, bem como com outros de natureza contextual (pragmática), para dar sentido àquilo que está lendo; processo este considerado aqui como de natureza caracteristicamente dialógica. Com base nestas premissas, este trabalho procurou investigar: (1) como ocorre o processo de inferenciação preditiva em crianças ainda não leitoras, no contexto de narrativas em sala de aula; e (2) de que maneira esse processo, uma vez “saturado” por atividades de argumentação, poderia contribuir no desenvolvimento do raciocínio inferencial da criança. A hipótese deste trabalho é de que a implementação de movimentos argumentativos, durante a realização de inferências preditivas em leituras na sala de aula, favoreceria o desenvolvimento do processo inferencial de predição nas crianças, sendo estas mais freqüentes e coerentes. Os participantes foram 15 alunos de uma escola particular de Recife, com idades de aproximadamente 5 anos, e sua professora. O método utilizado foi o de compreensão on-line, o qual consiste na leitura interrompida do texto, durante a qual o leitor deve responder a perguntas inferenciais sobre cada passagem lida. Dez atividades de leitura desta natureza foram registradas no estudo. Nas primeiras 3 sessões e na última a atividade preditiva das crianças transcorria sem que a argumentação fosse efetivamente implementada pela professora. Nas demais (sessões 4 a 9), as crianças eram estimuladas a argumentar sobre as suas inferências. A análise dos dados foi realizada em dois momentos dis- tintos: 1) micro-análise, com o objetivo de observar qualitativamente a ocorrência de inferências de predição no curso das dez sessões de leitura registradas; 2) macro- análise, com o objetivo de por em perspectiva as inferências de predição realizadas pelas crianças durante atividades de leitura com e sem implementação deliberada de atividade argumentativa. Com estas análises foi possível observar que, quando demandadas a argumentar, seja apresentando pontos de vista, justificativas, oposições ou respostas às oposições, as crianças produziram maior número de in- ferências de predição. Conseguimos ainda observar como crianças que ainda não dominam a leitura constroem inferências de predição a partir do que está sendo lido para elas. Com este trabalho espera-se contribuir para um melhor entendimento acerca do desenvolvimento da capacidade inferencial de predição de crianças “não- leitoras”, além de contribuir com a ampliação de conhecimento sobre a natureza argumentativa de processos cognitivos básicos, no caso, a inferenciação. O estudo aponta ainda como a argumentação pode ser utilizada como recurso efetivo em ambientes de ensino-aprendizagem.CNPqThe inference is a cognitive process essential to textual understanding, enabling the reader to know the meaning of what it's reading. The inference of prediction is a type of inference inherent to the process of textual understanding, being related to the ability to predict future events based on evidence and reports already available. Two assumptions were used as a starting point for this study: the idea that arguments and inferences are a closely related processes, and the results described in the recent Cavalcante's study suggesting that the prediction could be extremely argumentative based. The prediction requires that the reader should consider multiple continuity hypotheses of the text, arguing and counter-arguing with the elements described on it, as well as other types of contextual (pragmatic), in order to give some meaning to what it is reading, this process is considered here as dialogical nature. Based on these assumptions, this study tried to investigate: (1) how the process of predictive inference occurs with children that aren't able to read yet, considering the narrative context inside the classroom, and (2) in which way this process, once (saturated) by argumentation activities, could help in the inferential development of the child. The hypothesis of this study is that the implementation of argumentative moves, during the performance of predictive inferences in reading inside the classroom, encourage the inferencial development process of prediction in children, thus being more frequent and consistent. The participants were 15 students at a private school in Recife, approximately 5 years old, and their teacher. The method used was the online understanding, which is a text interrupted reading, where the reader must answer the inferential question about each piece of text it has read. Ten such reading activities were recorded in this study. During the first 3 sessions and in the last, the predictive activity with children proceeded without any effectively argumentation made by the teacher. In the others (sessions 4 to 9), children were encouraged to argue about their inferences. The data analysis was made in two different moments: 1) microanalysis, in order to observe qualitatively the occurrence of inferences to predict the course of ten recorded reading sessions, 2) macro-analysis, aiming to put in prospect of predicting the inferences made by children during reading activities, with and without deliberate implementation of argumentative activity. With these tests it was possible to observe that when they are requested to argue, just presenting viewpoints, justifications, objections or answers to objections, children produced much more prediction inferences. We could also observe how children that are not able to read yet can construct predictive inferences from what is being read to them. With this study it is expected to contribute to a better understanding about the development of inferential prediction ability of non-reading children, and also contribute to the expansion of knowledge about the argumentative nature of basics cognitive processes, in this case, the inferencing. The study also shows how the argumentation can be used as an effective resource in the teaching-learning environments.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em Psicologia CognitivaUFPEBrasilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessPsicologia cognitivaCompreensão na leituraLeitura – DesenvolvimentoPsicologia da leituraRaciocínioInferência de predição e argumentação em uma atividade de leitura de histórias em sala de aulainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesismestradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPEORIGINALDISSERTAÇÃO Gabriela Neves Marques de Almeida.pdfDISSERTAÇÃO Gabriela Neves Marques de Almeida.pdfapplication/pdf2252036https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/49582/1/DISSERTA%c3%87%c3%83O%20Gabriela%20Neves%20Marques%20de%20Almeida.pdffadd101d3c1879982ee79ac992403b1bMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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