Atravessando a noite do Brasil: as canções do Clube da Esquina no contexto da ditadura militar
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRN |
Texto Completo: | https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/57346 |
Resumo: | Clube da Esquina é como ficou reconhecido um agrupamento artístico composto por Milton Nascimento e diversos parceiros que se mostrou como uma das principais vias de resistência no contexto da ditadura militar brasileira. Em algumas ocasiões, entretanto, o discurso opositivo entre esses compositores e a ditadura é colocado em xeque, sobretudo em leituras que os inserem em uma disputa com o movimento tropicalista na busca por uma legitimidade de engajamento. O que há, na verdade, e que por vezes não foi bem compreendido ou estudado, é uma linguagem estética própria dos compositores do clube, assim, ao mesmo tempo que sua obra se revela como produto de um contexto histórico, também o transcende. Esta pesquisa consiste precisamente no esforço de compreensão mais concreta dessa poética diferenciada do Clube da Esquina, como elaboração de um discurso politizado sob circunstâncias nas quais as canções de protesto eram censuradas. Para tanto, o estudo faz uma análise mais focada na linguagem e no arranjo interno das narrativas presentes nas letras das canções. Como corpus, adota seis canções que além de resumirem bem a poética do Clube da Esquina em suas variadas etapas criativas, também dialogam entre si. São elas: “Beco do Mota” (Milton, 1969), “Clube da Esquina n° 1” (Milton, 1970), “Para Lennon e McCartney” (Milton, 1970), “Trem de Doido” (Lô..., 1972), “O Que Foi Feito Devera” (Clube..., 1978) e “Sol de Primavera” (Sol..., 1979). No intuito de atender uma demanda da canção como gênero particular, utiliza o suporte teórico da perspectiva semiótica de Luiz Tatit (1997, 2001, 2002, 2007, 2008). Ao final desse processo analítico, o estudo almeja compreender e definir uma estética de resistência presente nas canções sob a forma de uma travessia alegórica, desvelada, muitas vezes, nas letras a partir de uma transição entre o anoitecer e o amanhecer. Tal noção também pode ser tomada como representação de todo um percurso artístico do Clube da Esquina, estendendo-se basicamente da instauração do golpe militar até os primeiros sinais de reabertura política, marcada historicamente pela Lei de Anistia Federal (1979). |
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Rocha, Hudson Lima Bezerrahttp://lattes.cnpq.br/7692412782522191https://orcid.org/0000-0003-2363-1326http://lattes.cnpq.br/5996363930384781Batista, Astreia SoaresJunqueira, HumbertoValença, Márcio Moraeshttp://lattes.cnpq.br/7057449448661416Lima, Samuel Anderson de Oliveirahttps://orcid.org/0000-0001-7525-5997http://lattes.cnpq.br/4097533367851915Barbosa, Marcio Venicio2024-01-22T17:49:21Z2024-01-22T17:49:21Z2023-08-29ROCHA, Hudson Lima Bezerra. Atravessando a noite do Brasil: as canções do Clube da Esquina no contexto da ditadura militar. Orientador: Dr. Márcio Venício Barbosa. 2023. 181f. Tese (Doutorado em Estudos da Linguagem) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2023.https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/57346Clube da Esquina é como ficou reconhecido um agrupamento artístico composto por Milton Nascimento e diversos parceiros que se mostrou como uma das principais vias de resistência no contexto da ditadura militar brasileira. Em algumas ocasiões, entretanto, o discurso opositivo entre esses compositores e a ditadura é colocado em xeque, sobretudo em leituras que os inserem em uma disputa com o movimento tropicalista na busca por uma legitimidade de engajamento. O que há, na verdade, e que por vezes não foi bem compreendido ou estudado, é uma linguagem estética própria dos compositores do clube, assim, ao mesmo tempo que sua obra se revela como produto de um contexto histórico, também o transcende. Esta pesquisa consiste precisamente no esforço de compreensão mais concreta dessa poética diferenciada do Clube da Esquina, como elaboração de um discurso politizado sob circunstâncias nas quais as canções de protesto eram censuradas. Para tanto, o estudo faz uma análise mais focada na linguagem e no arranjo interno das narrativas presentes nas letras das canções. Como corpus, adota seis canções que além de resumirem bem a poética do Clube da Esquina em suas variadas etapas criativas, também dialogam entre si. São elas: “Beco do Mota” (Milton, 1969), “Clube da Esquina n° 1” (Milton, 1970), “Para Lennon e McCartney” (Milton, 1970), “Trem de Doido” (Lô..., 1972), “O Que Foi Feito Devera” (Clube..., 1978) e “Sol de Primavera” (Sol..., 1979). No intuito de atender uma demanda da canção como gênero particular, utiliza o suporte teórico da perspectiva semiótica de Luiz Tatit (1997, 2001, 2002, 2007, 2008). Ao final desse processo analítico, o estudo almeja compreender e definir uma estética de resistência presente nas canções sob a forma de uma travessia alegórica, desvelada, muitas vezes, nas letras a partir de uma transição entre o anoitecer e o amanhecer. Tal noção também pode ser tomada como representação de todo um percurso artístico do Clube da Esquina, estendendo-se basicamente da instauração do golpe militar até os primeiros sinais de reabertura política, marcada historicamente pela Lei de Anistia Federal (1979).Clube da Esquina is the name given to an artistic group between Milton Nascimento and several partners who are acknowledged as being a great resistance against Brazilian dictatorship. On some occasions, however, the oppositional discourse between these composers and the dictatorship is questioned, especially in interpretations which place them in a dispute with the Tropicália movement in a search for engagement legitimacy. Actually, what happens and has not been well comprehended or studied, is the fact that there is an esthetic language proper from the composers of the club, in which their work reveals itself not only as a product of a historical context, but it also transcending it. Our work deals precisely in the effort of understanding more thoroughly this specific poetics of Clube da Esquina, as being a politicized discourse under the circumstances in which protest songs were censored. In order to do so, it is required an analysis more focused on the language and internal arrangement of the narratives presented in the lyrics. A corpus composed of six songs was adopted here. They were chosen because besides summarizing well Clube da Esquina’s different artist cycles, they also manage to accomplish a sort of dialogue between themselves. Their names are: “Beco do Mota” (1969), “Clube da Esquina n° 1” (Milton, 1970), “Para Lennon e McCartney” (Milton, 1970), “Trem de Doido” (Lô..., 1972), “O Que Foi Feito Devera” (Clube..., 1978) e “Sol de Primavera” (Sol..., 1979). In an attempt to meet a demand of the song itself as a gender, we use the theorical support of Luiz Tatit semiotics perspective (1997, 2001, 2002, 2007 e 2008). As a result of this analytical process, we hope to comprehend and define a resistance esthetics presented in the songs as a sort of allegorical crossing, unveiled several times in the lyrics under the transition between nightfall and dawn. This notion can also be taken as a representation of Clube da Esquina’s artistic journey, going basically from the military coup until the first signs of democratic reopening, historically defined by the Lei de Anistia Federal (1979).Universidade Federal do Rio Grande do NortePROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEMUFRNBrasilCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICACançãoSemióticaResistênciaTravessiaDitaduraClube da EsquinaAtravessando a noite do Brasil: as canções do Clube da Esquina no contexto da ditadura militarinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da UFRNinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)instacron:UFRNORIGINALAtravessandonoiteBrasil_Rocha_2023.pdfapplication/pdf1585129https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/57346/1/AtravessandonoiteBrasil_Rocha_2023.pdfb63f8091512f15532bb3d41fed353c40MD51123456789/573462024-01-22 14:49:54.614oai:https://repositorio.ufrn.br:123456789/57346Repositório de PublicaçõesPUBhttp://repositorio.ufrn.br/oai/opendoar:2024-01-22T17:49:54Repositório Institucional da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)false |
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