Posso te contar histórias de mulheres como eu? os ativismos on-line de jovens lésbicas e a construção de suas identizações
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/254850 |
Resumo: | Esta dissertação tem como objetivo analisar como as narrativas construídas por jovens lésbicas em redes sociais virtuais constituem seus processos de identização, considerando suas relações com os itinerários pessoais, as ações coletivas que integram e a luta contra a lesbofobia. Conforme Lorenzo (2012), a lesbofobia é uma construção cultural que opera como um mecanismo político de opressão às lésbicas na sociedade contemporânea, e que pauta as relações erótico-afetivas dos sujeitos a partir da heteronormatividade. Nesse sentido, há a recusa da diferença, a desumanização, a violência e a exclusão de lésbicas. Paralelamente, é possível observar diferentes ações coletivas de enfrentamento a essa opressão, dentre elas o ativismo nas redes sociais virtuais, sobretudo entre jovens, articulando cotidiano, espaço virtual e narrações individualizadas. Deste modo, analisam-se as narrativas produzidas por cinco ativistas lésbicas, mediante registros etnográficos relativos a seus perfis na rede Instagram (HINE, 2004) e, também, a partir de entrevistas narrativas (JOVCHELOVITCH; BAUER, 2002). A partir das análises foi possível perceber que não há distinção entre identização e ação política porque as pautas e disputas se situam no campo da identidade e, também, porque as postagens de base narrativa se fazem na articulação si-outro, individualidade-coletivo. Além disso, essa pesquisa possibilitou visualizar que, durante o contexto da pandemia da Covid-19 e os períodos de isolamento social, houve uma maior adesão ao ativismo nas redes sociais por parte de ativistas lésbicas, que buscaram, na rede virtual Instagram, dar continuidade aos debates e discussões que ocorriam anteriormente em espaços físicos (como os coletivos), bem como registrar sua narrativa após a percepção desse ambiente como grande reprodutor de discursos normativos e violentos. Há limites nesse tipo de ativismo que está condicionado aos termos elaborados e impostos por grandes corporações e subordinado às inteligências artificias que operacionalizam algoritmos que excluem e invisibilizam sujeitos e pautas on-line. Por fim, foi possível analisar que as identizações em curso são construídas e reconstruídas nesse processo inacabado de narração e reflexividade, retomando a autoridade da narrativa e reelaborando outras, colaborando para a construção de uma sociedade menos lesbofóbica. |
id |
URGS_0fe74503b9cd929e89ed66d15c5272ae |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:www.lume.ufrgs.br:10183/254850 |
network_acronym_str |
URGS |
network_name_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
repository_id_str |
1853 |
spelling |
Liebgott, Camila BoninPinheiro, Leandro Rogério2023-02-17T03:22:12Z2022http://hdl.handle.net/10183/254850001162372Esta dissertação tem como objetivo analisar como as narrativas construídas por jovens lésbicas em redes sociais virtuais constituem seus processos de identização, considerando suas relações com os itinerários pessoais, as ações coletivas que integram e a luta contra a lesbofobia. Conforme Lorenzo (2012), a lesbofobia é uma construção cultural que opera como um mecanismo político de opressão às lésbicas na sociedade contemporânea, e que pauta as relações erótico-afetivas dos sujeitos a partir da heteronormatividade. Nesse sentido, há a recusa da diferença, a desumanização, a violência e a exclusão de lésbicas. Paralelamente, é possível observar diferentes ações coletivas de enfrentamento a essa opressão, dentre elas o ativismo nas redes sociais virtuais, sobretudo entre jovens, articulando cotidiano, espaço virtual e narrações individualizadas. Deste modo, analisam-se as narrativas produzidas por cinco ativistas lésbicas, mediante registros etnográficos relativos a seus perfis na rede Instagram (HINE, 2004) e, também, a partir de entrevistas narrativas (JOVCHELOVITCH; BAUER, 2002). A partir das análises foi possível perceber que não há distinção entre identização e ação política porque as pautas e disputas se situam no campo da identidade e, também, porque as postagens de base narrativa se fazem na articulação si-outro, individualidade-coletivo. Além disso, essa pesquisa possibilitou visualizar que, durante o contexto da pandemia da Covid-19 e os períodos de isolamento social, houve uma maior adesão ao ativismo nas redes sociais por parte de ativistas lésbicas, que buscaram, na rede virtual Instagram, dar continuidade aos debates e discussões que ocorriam anteriormente em espaços físicos (como os coletivos), bem como registrar sua narrativa após a percepção desse ambiente como grande reprodutor de discursos normativos e violentos. Há limites nesse tipo de ativismo que está condicionado aos termos elaborados e impostos por grandes corporações e subordinado às inteligências artificias que operacionalizam algoritmos que excluem e invisibilizam sujeitos e pautas on-line. Por fim, foi possível analisar que as identizações em curso são construídas e reconstruídas nesse processo inacabado de narração e reflexividade, retomando a autoridade da narrativa e reelaborando outras, colaborando para a construção de uma sociedade menos lesbofóbica.This thesis aims to analyze how narratives built by young lesbians in online social networks constitute their processes of identization, considering their relationships with personal trajectories, collective actions in which they participated and the struggle against lesbophobia. According to Lorenzo (2012), lesbophobia is a cultural construction that functions as a political mechanism of oppression against lesbians in contemporary society, grounding individuals’ affective-erotic relationships against the backdrop of heteronormativity. Simultaneously, it is possible to observe different confrontational collective actions against this oppression, among which activism within online social networks, especially in youth, articulating daily life, online spaces, and individualized narratives. Thus, the narratives produced by five lesbian activists were analyzed through ethnographic registries relating to their profiles in the Instagram platform (HINE, 2004), along with narrative interviews (JOVCHELOVITCH; BAUER, 2002). Through the analyzes it was possible to see there is no distinction between identization and political action, as the agendas and disputes are located within the field of identity, and because the narrative-based posts are made within the articulation of self-other, individuality-collective. Furthermore, this research facilitated the understanding that, during the context of the Covid-19 pandemic and the periods of social isolation, there was a higher adherence to activism in social networks by lesbian activists, who sought, through Instagram, to continue debates and discussions that happened previously in physical spaces (like in political collectives), as well as registering their narratives after perceiving this environment as a relevant reproducer of normative and violent discourse. There are limits in this type of activism that are conditioned to the terms elaborated and imposed by big corporations and subordinated to artificial intelligence that operationalize algorithms that exclude and erase online subjects and agendas. Finally, it was possible to analyze that identizations in course are constructed and reconstructed in this unfinished process of narration and reflexivity, taking back the authority in the narratives and recreating others, collaborating to the construction of a less lesbophobic society.application/pdfporAtivismo socialLesbianismoEducationLesbian activismOnline activismsLesbophobiaIdentizationPosso te contar histórias de mulheres como eu? os ativismos on-line de jovens lésbicas e a construção de suas identizaçõesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulFaculdade de EducaçãoPrograma de Pós-Graduação em EducaçãoPorto Alegre, BR-RS2022mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001162372.pdf.txt001162372.pdf.txtExtracted Texttext/plain664021http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/254850/2/001162372.pdf.txt3ab5aa18210fc7d1ea891c452a0b7cf1MD52ORIGINAL001162372.pdfTexto completoapplication/pdf2880086http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/254850/1/001162372.pdf14e5a163ef88e2e2e76d7aad23399685MD5110183/2548502023-02-18 04:28:39.722447oai:www.lume.ufrgs.br:10183/254850Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532023-02-18T06:28:39Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Posso te contar histórias de mulheres como eu? os ativismos on-line de jovens lésbicas e a construção de suas identizações |
title |
Posso te contar histórias de mulheres como eu? os ativismos on-line de jovens lésbicas e a construção de suas identizações |
spellingShingle |
Posso te contar histórias de mulheres como eu? os ativismos on-line de jovens lésbicas e a construção de suas identizações Liebgott, Camila Bonin Ativismo social Lesbianismo Education Lesbian activism Online activisms Lesbophobia Identization |
title_short |
Posso te contar histórias de mulheres como eu? os ativismos on-line de jovens lésbicas e a construção de suas identizações |
title_full |
Posso te contar histórias de mulheres como eu? os ativismos on-line de jovens lésbicas e a construção de suas identizações |
title_fullStr |
Posso te contar histórias de mulheres como eu? os ativismos on-line de jovens lésbicas e a construção de suas identizações |
title_full_unstemmed |
Posso te contar histórias de mulheres como eu? os ativismos on-line de jovens lésbicas e a construção de suas identizações |
title_sort |
Posso te contar histórias de mulheres como eu? os ativismos on-line de jovens lésbicas e a construção de suas identizações |
author |
Liebgott, Camila Bonin |
author_facet |
Liebgott, Camila Bonin |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Liebgott, Camila Bonin |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Pinheiro, Leandro Rogério |
contributor_str_mv |
Pinheiro, Leandro Rogério |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Ativismo social Lesbianismo |
topic |
Ativismo social Lesbianismo Education Lesbian activism Online activisms Lesbophobia Identization |
dc.subject.eng.fl_str_mv |
Education Lesbian activism Online activisms Lesbophobia Identization |
description |
Esta dissertação tem como objetivo analisar como as narrativas construídas por jovens lésbicas em redes sociais virtuais constituem seus processos de identização, considerando suas relações com os itinerários pessoais, as ações coletivas que integram e a luta contra a lesbofobia. Conforme Lorenzo (2012), a lesbofobia é uma construção cultural que opera como um mecanismo político de opressão às lésbicas na sociedade contemporânea, e que pauta as relações erótico-afetivas dos sujeitos a partir da heteronormatividade. Nesse sentido, há a recusa da diferença, a desumanização, a violência e a exclusão de lésbicas. Paralelamente, é possível observar diferentes ações coletivas de enfrentamento a essa opressão, dentre elas o ativismo nas redes sociais virtuais, sobretudo entre jovens, articulando cotidiano, espaço virtual e narrações individualizadas. Deste modo, analisam-se as narrativas produzidas por cinco ativistas lésbicas, mediante registros etnográficos relativos a seus perfis na rede Instagram (HINE, 2004) e, também, a partir de entrevistas narrativas (JOVCHELOVITCH; BAUER, 2002). A partir das análises foi possível perceber que não há distinção entre identização e ação política porque as pautas e disputas se situam no campo da identidade e, também, porque as postagens de base narrativa se fazem na articulação si-outro, individualidade-coletivo. Além disso, essa pesquisa possibilitou visualizar que, durante o contexto da pandemia da Covid-19 e os períodos de isolamento social, houve uma maior adesão ao ativismo nas redes sociais por parte de ativistas lésbicas, que buscaram, na rede virtual Instagram, dar continuidade aos debates e discussões que ocorriam anteriormente em espaços físicos (como os coletivos), bem como registrar sua narrativa após a percepção desse ambiente como grande reprodutor de discursos normativos e violentos. Há limites nesse tipo de ativismo que está condicionado aos termos elaborados e impostos por grandes corporações e subordinado às inteligências artificias que operacionalizam algoritmos que excluem e invisibilizam sujeitos e pautas on-line. Por fim, foi possível analisar que as identizações em curso são construídas e reconstruídas nesse processo inacabado de narração e reflexividade, retomando a autoridade da narrativa e reelaborando outras, colaborando para a construção de uma sociedade menos lesbofóbica. |
publishDate |
2022 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2022 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2023-02-17T03:22:12Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/masterThesis |
format |
masterThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10183/254850 |
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv |
001162372 |
url |
http://hdl.handle.net/10183/254850 |
identifier_str_mv |
001162372 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) instacron:UFRGS |
instname_str |
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
instacron_str |
UFRGS |
institution |
UFRGS |
reponame_str |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
collection |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
bitstream.url.fl_str_mv |
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/254850/2/001162372.pdf.txt http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/254850/1/001162372.pdf |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
3ab5aa18210fc7d1ea891c452a0b7cf1 14e5a163ef88e2e2e76d7aad23399685 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
repository.mail.fl_str_mv |
lume@ufrgs.br||lume@ufrgs.br |
_version_ |
1810085609340928000 |