O tratamento lexicográfico de vocábulos de cores na perspectiva da semântica cognitiva
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/32830 |
Resumo: | As definições de cores encontradas nos dicionários semasiológicos do português estão passíveis a uma série de críticas. A análise dos verbetes de cores dos dicionários AuE (2004), HouE (2001), MiE (2001) e AnMS (1813) revelou que nenhuma destas obras apresentam verbetes de cores satisfatórios no que diz respeito à elucidação do significado de uma cor. Além disso, foi constatado que poucas foram as modificações sofridas nas definições de cores das obras do século XXI quando comparadas à obra do século XIX. O fato de os verbetes de cores dos dias atuais apresentarem falhas semelhantes às dos verbetes de cores de obras editadas há quase 200 anos parece indicar uma lacuna nos estudos lexicográficos que trate das cores nos dicionários. O presente trabalho se dispõe a discutir e tentar preencher esta lacuna. Para tanto, se procurou estabelecer uma relação entre os problemas encontrados nos verbetes de cores e a teoria lexicográfica, a fim de explicar o problema e, se possível, solucioná-lo. A partir dessa primeira análise, foi constatado que os verbetes de cores precisavam ser reestruturados. Para tanto, foi necessário estabelecer parâmetros que elencassem os segmentos informativos realmente necessários em um verbete de cor, para depois, se pensar em reelaborar estes segmentos. Os segmentos informativos reestruturados foram as paráfrases explanatórias e os exemplos, e esta reestruturação se deu com base nos postulados da Semântica Cognitiva. A visão prototípica de categorização, bem como a noção de corporeidade e de experiencialismo trazidas pela Semântica Cognitiva foram bastante proveitosas na discussão a respeito do fenômeno cromático no âmbito da Lexicografia. Através da relação entre teorias lexicográficas e a Semântica Cognitiva, chegou-se à conclusão de que as paráfrases de cores simples devem ser do tipo paráfrase explanatória analítica por metalinguagem do signo extensional e contarem com exemplares universais de cor no seu viés extensional para elucidar a cor. Em relação aos exemplos, eles devem estar alicerçados em padrões sintáticos curtos e frases de construções simples, além de contarem com exemplares prototípicos culturalmente situados das categorias de cor. Em complementação a isto, as cores simples devem contar com o mecanismo de substituição ostensiva, localizado nos textos externos do dicionário, que traga uma gravura da cor definida. A gravura oferecida pelo dicionário deve corresponder à elucidação de uma categoria inteira de cor, em conformidade com os postulados da Semântica Cognitiva sobre categorias prototípicas. Em relação às cores complexas, a Teoria da Mesclagem Conceitual aponta que este tipo de cor não necessita de uma definição, uma vez que seu significado é construído através da decodificação do próprio vocábulo. A proposta oferecida para as cores complexas é que o dicionário faça uma remissão para a cor simples da qual a cor complexa deriva e localize, dentro da categoria de cor simples, a zona correspondente à cor complexa. O desenvolvimento do presente estudo levou à conclusão de que o planejamento e reestruturação dos três segmentos informativos aqui elencados (paráfrase explanatória, exemplos e elementos iconográficos) permite a elaboração de definições mais satisfatórias para vocábulos de cores em dicionários semasiológicos. |
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Brangel, Larissa MoreiraSiqueira, Maity Simone Guerreiro2011-10-11T01:18:22Z2011http://hdl.handle.net/10183/32830000786998As definições de cores encontradas nos dicionários semasiológicos do português estão passíveis a uma série de críticas. A análise dos verbetes de cores dos dicionários AuE (2004), HouE (2001), MiE (2001) e AnMS (1813) revelou que nenhuma destas obras apresentam verbetes de cores satisfatórios no que diz respeito à elucidação do significado de uma cor. Além disso, foi constatado que poucas foram as modificações sofridas nas definições de cores das obras do século XXI quando comparadas à obra do século XIX. O fato de os verbetes de cores dos dias atuais apresentarem falhas semelhantes às dos verbetes de cores de obras editadas há quase 200 anos parece indicar uma lacuna nos estudos lexicográficos que trate das cores nos dicionários. O presente trabalho se dispõe a discutir e tentar preencher esta lacuna. Para tanto, se procurou estabelecer uma relação entre os problemas encontrados nos verbetes de cores e a teoria lexicográfica, a fim de explicar o problema e, se possível, solucioná-lo. A partir dessa primeira análise, foi constatado que os verbetes de cores precisavam ser reestruturados. Para tanto, foi necessário estabelecer parâmetros que elencassem os segmentos informativos realmente necessários em um verbete de cor, para depois, se pensar em reelaborar estes segmentos. Os segmentos informativos reestruturados foram as paráfrases explanatórias e os exemplos, e esta reestruturação se deu com base nos postulados da Semântica Cognitiva. A visão prototípica de categorização, bem como a noção de corporeidade e de experiencialismo trazidas pela Semântica Cognitiva foram bastante proveitosas na discussão a respeito do fenômeno cromático no âmbito da Lexicografia. Através da relação entre teorias lexicográficas e a Semântica Cognitiva, chegou-se à conclusão de que as paráfrases de cores simples devem ser do tipo paráfrase explanatória analítica por metalinguagem do signo extensional e contarem com exemplares universais de cor no seu viés extensional para elucidar a cor. Em relação aos exemplos, eles devem estar alicerçados em padrões sintáticos curtos e frases de construções simples, além de contarem com exemplares prototípicos culturalmente situados das categorias de cor. Em complementação a isto, as cores simples devem contar com o mecanismo de substituição ostensiva, localizado nos textos externos do dicionário, que traga uma gravura da cor definida. A gravura oferecida pelo dicionário deve corresponder à elucidação de uma categoria inteira de cor, em conformidade com os postulados da Semântica Cognitiva sobre categorias prototípicas. Em relação às cores complexas, a Teoria da Mesclagem Conceitual aponta que este tipo de cor não necessita de uma definição, uma vez que seu significado é construído através da decodificação do próprio vocábulo. A proposta oferecida para as cores complexas é que o dicionário faça uma remissão para a cor simples da qual a cor complexa deriva e localize, dentro da categoria de cor simples, a zona correspondente à cor complexa. O desenvolvimento do presente estudo levou à conclusão de que o planejamento e reestruturação dos três segmentos informativos aqui elencados (paráfrase explanatória, exemplos e elementos iconográficos) permite a elaboração de definições mais satisfatórias para vocábulos de cores em dicionários semasiológicos.Color definitions in Portuguese semasiological dictionaries are subject to much criticism. The analysis of color entries in AuE (2004), HouE (2001), MiE (2001), and AnMS (1813) revealed that none of these dictionaries have satisfactory entries when it comes to elucidating the meaning of colors. Moreover, it was observed that color definitions are quite similar when 21th century dictionaries and a 19th century dictionary are contrasted. Finding the same problems in color definitions of current and old dictionaries may indicate a gap in lexicographic studies concerning colors. This thesis aims to discuss and fill this gap. To do so, we tried to relate problems found in color entries to lexicographical theories, in order to explain these problems and, if possible, to solve them. This first analysis led us to conclude that color entries should be restructured. So it was necessary to set parameters, which could establish necessary informative segments to a color entry, and then restructure them. The restructured informative segments were explanatory paraphrases and examples. The restructuring was based on tenets of Cognitive Semantics. The Prototypical Theory and beliefs in Embodiment and Experientialism were very useful to the discussion about the chromatic phenomenon in lexicographical fields. From relating lexicographical theories to Cognitive Semantics, we concluded that simple color paraphrases should be explanatory, analytical paraphrases based on the metalanguage of the extensional sign, and they should rely on universal models of colors in their extensional part. Examples must be founded on short syntactic patterns and sentences with simple construction, relying on culturally situated, prototypical models of color categories. Besides this, simple colors must rely on ostensive replacement, situated in additional sections of the dictionary, which offer a picture of the related color. The picture has to represent/illustrate the entire category of that color, in accordance with the tenets of Cognitive Semantics about prototypical categories. Regarding complex colors, Conceptual Blending Theory shows that this kind of color does not require a definition, once its meaning is constructed by the decoding of the word itself. Our proposal concerning the lexicographical treatment of complex colors is to indicate them within the picture of simple colors. This study led us to conclude that, if one plans and restructures the three informative segments showed here (explanatory paraphrases, examples, and pictures), it is possible to provide more complete definitions of color words in semasiological dictionaries.application/pdfporLexicografiaLexicologiaSemântica cognitivaCoresDicionárioLíngua portuguesaLexicographyLexicographic definitionCognitive semanticsColorsO tratamento lexicográfico de vocábulos de cores na perspectiva da semântica cognitivainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de LetrasPrograma de Pós-Graduação em LetrasPorto Alegre, BR-RS2011mestradoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSORIGINAL000786998.pdf000786998.pdfTexto completoapplication/pdf4255858http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/32830/1/000786998.pdfc52e64f7dfe998ab6ff1f44b34e43a5aMD51TEXT000786998.pdf.txt000786998.pdf.txtExtracted Texttext/plain453522http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/32830/2/000786998.pdf.txta05d09a6ef33d81a0dd6c9a5ac265c81MD52THUMBNAIL000786998.pdf.jpg000786998.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg931http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/32830/3/000786998.pdf.jpg6bb1faecea871a80610fe693d46c8257MD5310183/328302018-10-18 07:36:10.948oai:www.lume.ufrgs.br:10183/32830Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://lume.ufrgs.br/handle/10183/2PUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestlume@ufrgs.br||lume@ufrgs.bropendoar:18532018-10-18T10:36:10Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
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